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Resenha a Elite do Atraso

Por:   •  27/11/2020  •  Resenha  •  1.398 Palavras (6 Páginas)  •  575 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA

SOUZA, Jessé. A Elite do Atraso. Da escravidão à lava jato. Rio de J aneiro: Leya, 2017

O AUTOR

Jessé de Souza é formado em Direito pela UnB, mestre em Sociologia pela mesma universidade, doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) e livre docente em sociologia pela Universidade de Flensburg (Alemanha). Atualmente é professor e pesquisador na Universidade de Juiz de fora, atuando nas áreas de teoria social e pensamento social brasileiro, também é um renomado escritor e palestrante da atualidade.

RESENHA CRÍTICA

        A intenção inicial de Souza, logo no prefácio da obra, é dar embasamento sobre a situação política brasileira dos últimos tempos, de forma crítica e bem elaborada. Para isso, o autor utiliza de “ensaios” em seu livros construindo textos que dão respostas à obra “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Hollanda, que se contrapõem as principais ideias do mesmo. De acordo com Souza, a obra de Hollanda foi propagada no meio intelectual tanto da esquerda quanto da direita no Brasil. Em função de sua argumentação envolvendo diversas indagações sociais e de grande importância, contudo, mesmo com aparente domínio das teorias que envolvem as questões sociais, o livro apresenta uma ideia que corrobora com a predominância do domínio social, utilizando de uma falsa ideia de “crítica”.

No capítulo inicial, intitulado “O racismo de nossos intelectuais: o brasileiro como vira-lata”, Jessé de Souza argumenta que os ideais escravocratas são heranças profundamente enraizadas nas elites sociais do Brasil, das quais tem como principal resultado a enorme desigualdade vista na sociedade brasileira. Além disso, o autor afirma que a interferência midiática comandada pelas elites ocultam a real causa da corrupção no país, atribuindo inadequadamente esta culpa ao “patrimonialismo”, decorrente do processo da colonização de Portugal.
        Para além, também é feita uma abordagem sobre os tipos de racismo existentes, que o autor classifica como o referente à cor da pele e o referente a cultura (de acordo com a história das diferentes sociedades), e insinua que tais preconceitos contribuem com a permanência da ideia de “inferioridade” intelectual e cultural das nações latino americanas. O autor também acredita que este tipo de pensamento colabora na hesitação das elites em concordar com políticas públicas e governamentais que tenham interesse em ajudar e melhorar a situação das classes mais desfavorecidas da sociedade. No decorrer do capítulo “A escravidão é o nosso berço”, Jessé discorre sobre a seu objetivo central nesta obra, que é “dotar a esquerda [...] de uma visão que expresse os interesses das massas carentes [...] (p. 39). Isto é, para ele, os golpes de Estado e poder sob a esquerda são resultado de um viés conservador e totalizante que domina o campo político há tempos, do qual um dos maiores efeitos é deslegitimar e enfraquecer a esquerda

A partir de então, Souza preconiza analisar os escritos de Gilberto Freyre, ressaltando um ponto sadomasoquista na interpretação dos tempos coloniais e patrimonialista. Ele descreve que em sua opinião o receio em reconhecer o sofrimento se opõe a teoria de hibridismo racial elucidado por Freyre, visto que o argumento principal se refere à possibilidade de existência de uma “democracia racial”. Jessé opina que esta ideia é infactível, considerando a intensa desigualdade social que se observa. Além disso, ele também trata das mudanças sociais no Brasil desde o século XIX, explicando que a abolição oficial da escravidão foi a principal delas. Em sua opinião, a transformação possibilitou um mercado de trabalho formalizado e competidor, mas por outro lado permaneceu com condutas abusivas e prejudiciais. Por conseguinte, ressalta-se que o deslocamento do eixo desenvolvimentista da economia colaborou para a efetivação destas mudanças, considerando que a região nordeste do Brasil com toda sua monocultura foi substituída pela cidade de São Paulo, como pólo de desenvolvimento do país.

        O autor examina a pirâmide social e discorre sobre as diferenciadas tendências de comportamento das classes sociais brasileiras, e segue explicando sua ideia de que há quatro categorias de classes sociais no Brasil, economicamente falando. A primeira delas é a “elite do atraso”, rica e poderosa; a segunda é a classe média em diferenciadas segmentações; A terceira é composta pelos trabalhadores; e a última é a classe “desclassificada” e marginalizada, designada “ralé de novos escravos”. Esta última, devido a posição inferiorizada socialmente, é condicionada a continuar numa situação de servidão das classes superiores, e acaba sendo submetida a realização de trabalhos domésticos pesados por remunerações irrisórias, isto para que a classe média possa “economizar tempo” e conseguir realizar trabalhos mais vantajosos e lucrativos.

        Sendo assim, o autor afirma que a continuidade da pobreza de da miséria é condizente com os interesses da elite do atraso, e também fala sobre as teorias sociais da modernização. Na opinião do autor, estas ideias são apenas tentativas de minimizar e esconder a factual exploração que ainda é perpetuada, negando formas de dominação de países subdesenvolvidos no âmbito econômico internacional. Exemplificando, nações exportadoras de matéria prima foram nomeadas como “em desenvolvimento”, na tentativa de executar uma situação de transição, contudo, é importante perceber que este possível estado de transição não se efetiva, como se revela no caso do Brasil.

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