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Resenha de A imaginação Sociológica

Por:   •  10/3/2019  •  Resenha  •  1.663 Palavras (7 Páginas)  •  683 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Zuleide J. Carvalho

Resenha do capítulo 1 – “A promessa” do livro “A imaginação sociológica” de Charles Wright Mills

Disciplina Introdução à Sociologia - Matutino

Prof. Dr. Jorge Alberto Silva Machado

São Paulo

2019

1.        Identificação da obra: MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica, 4ª. ed. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

2.        Apresentação da obra: Escrita no período da Guerra Fria, a obra traz uma crítica cultural das Ciências Sociais motivada pela dificuldade enfrentada por Mills em exprimir por que os cientistas sociais norte-americanos se absorviam pelos levantamentos de opiniões e pelos estudos teóricos, numa época em que a liberdade e a razão do Homem estavam em perigo. Assim, o autor tece críticas às correntes sociológicas predominantes nos Estados Unidos daquela época, ao mesmo tempo em que fez defesa da tradição da análise sociológica clássica.

Mills acredita que o homem moderno corre o risco de perder o controle de seu próprio destino, por ser presa fácil e impotente de forças acima de seu controle. Assim, conclui que o dever intelectual e político dos cientistas sociais é o de descrever o processo de conexão entre a experiência individual da pessoa com as instituições sociais sob as quais convive e com o seu próprio lugar na história da humanidade. E a imaginação sociológica é, em apertada síntese, olhar para as coisas de maneira diferente da que estamos habituados na vida cotidiana.

3.        Estrutura da obra: O livro está estruturado em dez capítulos, sendo o primeiro - “A promessa”, objeto da presente resenha, que aborda, em vinte e três páginas, os seguintes tópicos:

  • o homem e o mundo moderno;
  • a imaginação sociológica para a compreensão do mundo moderno;
  • História e biografia;
  • as características de nossa época (no caso, da época em que o livro foi escrito, 1959);
  • os estilos de ciência social;
  • os denominadores comuns intelectuais;
  • a ciência social, hoje (também considerando a época em que o livro foi escrito);
  • e os conceitos de ciência social.

4.        Conteúdo: As ideias centrais dos tópicos abordados por Mills consistem no exposto a seguir.

  • Sobre o homem e o mundo moderno, o autor considera que o homem comum é cônscio apenas daquilo que está nos limites de sua vida privada, ou do “cenário próximo” (nas palavras de Mills). Para além desses limites, esse homem é mero expectador e sente-se encurralado. Acompanhando tal sensação estão as mudanças pelas quais passa o mundo moderno, uma vez que afetam a vida dos indivíduos. Todavia o autor entende que raramente tais indivíduos têm consciência do elo entre suas vidas e o curso da história mundial.
  • A respeito da imaginação sociológica para a compreensão do mundo moderno, Mills defende que tal imaginação é “uma qualidade de espírito capaz de ajudar os seres humanos a usarem a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles mesmos”. Isto porque, para o autor, “o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele”.
  • No que se refere à História e biografia, o autor considera a imaginação sociológica o meio pelo qual os homens podem “perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que está acontecendo com eles, como minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da história, dentro da sociedade”.
  • A respeito das características de nossa época (no caso, da época em que o livro foi escrito, 1959), Mills formula a indagação: “Quais as principais questões públicas para a coletividade e as preocupações-chaves dos indivíduos em nossa época?”. E responde que “devemos indagar quais os valores aceitos e que estão ameaçados, e quais os valores aceitos e mantidos pelas tendências características de nosso período. Tanto no caso da ameaça como do apoio, devemos indagar que contradições de estrutura mais destacadas podem existir na situação”. O autor destaca a importância da inquietação para a compreensão da época em que se vive e conclui que “a principal tarefa intelectual e política do cientista social – pois as duas aqui coincidem – é deixar claros os elementos da inquietação e da indiferença contemporâneas. É a exigência central que lhe fazem outros trabalhadores culturais – os cientistas físicos, os artistas, a comunidade intelectual em geral. É devido a essa tarefa e a essas exigências, creio, que as Ciências Sociais se estão transformando no denominador comum de nosso período cultural, e a imaginação sociológica na qualidade intelectual que mais necessitamos”.
  • No tópico sobre os estilos de ciência social, Mills coloca em cheque o conceito de ciência e registra que “muito do que se considerava como “ciência” passou a ser visto hoje como uma filosofia dúbia; muito do que se considerava como “verdadeira ciência” frequentemente nos proporciona apenas fragmentos confusos das realidades entre as quais vive o homem.”. Aparentemente defende que engenheiros, jornalistas, artistas, entre outros profissionais realizam ciência e que carecem da imaginação sociológica para fornecer “a ajuda intelectual e cultural de uma ciência social”, o que contribuiria para dirimir confusões.
  • No tópico a respeito dos denominadores comuns intelectuais, o autor expressa seu descontentamento com a terminologia “ciências sociais”, preferindo “estudos sociais”; elenca seus motivos e reporta que pretende “definir o sentido das Ciências Sociais para as tarefas culturais de nossa época”. Adicionalmente, deseja “especificar os tipos de esforços que estão por trás do desenvolvimento da imaginação sociológica; indicar suas implicações para a vida cultural e política, e talvez sugerir parte do que é necessário para possuí-la”.
  • A respeito da ciência social, hoje (também considerando a época em que o livro foi escrito), Mills pontua que “há uma apreensão generalizada tanto intelectual como moral sobre a direção que seus estudos estão tomando”. O autor acredita que essa apreensão seja “parte de um mal-estar geral contemporâneo da vida intelectual. Não obstante, talvez a apreensão seja mais aguda entre os cientistas sociais, porque perspectivas mais amplas guiaram grande parte do trabalho anterior, em seus campos, e devido à natureza dos assuntos de que se ocupam e à necessidade urgente de um trabalho significativo”. Mills defende que tal apreensão é “causa para maiores constrangimentos entre os que estão alertas às perspectivas e são bastante honestos para admitir a mediocridade pretensiosa de grande parte do atual esforço”. Ele também pretende “contribuir para essa apreensão, definir parte de suas fontes e ajudar a transformá-la numa necessidade específica de realizar a promessa da ciência social, abrir o caminho para novos começos; em suma, indicar algumas das tarefas à mão, e os meios disponíveis para realizar o trabalho que deve ser feito agora”.
  • A respeito dos conceitos de ciência social, Mills é enfático ao manifestar que conceito de ciência social que defende não vem predominando. Isso porque, para ele, o que predomina é o entendimento de “ciência social como um corpo de técnicas burocráticas que inibem a pesquisa social com suas pretensões “metodológicas”, que congestionam esse trabalho com conceitos obscurantistas, ou que os vulgarizam pela preocupação com problemas insignificantes, sem relação com as questões de relevância pública”.

5.        Análise da obra: A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o comportamento inserido na estrutura da sociedade moderna. O ponto de partida dessa imaginação é a ideia de que o indivíduo apenas pode entender sua própria experiência e avaliar seu destino localizando-se dentre de seu contexto histórico e sociocultural.

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