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Resumo Filme Javé

Por:   •  25/4/2019  •  Resenha  •  1.190 Palavras (5 Páginas)  •  241 Visualizações

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Universidade Federal do Oeste do Pará

Disciplina: Produção do Conhecimento e Metodologia Interdisciplinar

Questões para elaborar a partir do filme e dos textos da disciplina:

1. O que instaura as condições de formação do discurso “científico” sobre Javé?

A necessidade de um documento histórico sobre o Vale de Javé que resultaria no seu tombamento a Patrimônio Histórico e assim evitaria que o povoado fosse inundado pelas águas da represa. Assim a comunidade decide colocar em prática a escritura do “documento cientifico”, documentando o que consideram ser os “grandes” e “nobres” acontecimentos da história do povoado e, assim, justificar a sua existência.

2. Qual é a concepção de conhecimento “científico” no caso exibido?

No filme Narradores de Javé, o personagem Zaqueu pensando na construção do livro sobre a origem de Javé anuncia: “Só que tem uma coisa: Lá, eles me falaram que só tem validade se for um trabalho assim... científico!” Ou seja, o texto teria que ser científico para dar impressão de fidelidade aos fatos tornando-o aparentemente irrefutável: os recursos linguísticos deveriam ser escolhidos de forma a banir toda ambiguidade e polissemia, isto é, causar a impressão de objetividade. Ao ser questionado sobre o que é “científico” Zaqueu respondeu: “Científico é... é... é coisa assim... com sustança de ciência... versada, assim, nas artes e nas práticas... Científico é...ó, é assim, como por exemplo... é...é que não pode ser as patacoadas mentirosas que ocês inventam! As patranha duvidosa que ocês gostam de dizer e contar!”

Essas falas de Zaqueu remetem-nos à visão clássica ou tradicional de ciência, segundo a qual a ciência consegue ser objetiva e absoluta; os dados, observáveis, mensuráveis e classificáveis; e o cientista, observador, porém imparcial, não prevendo deixar nos registros (fatos históricos) impressas as marcas de sua subjetividade.

3. Como o conhecimento “científico” é produzido, no caso?

No filme, o conhecimento “cientifico” foi produzido através de entrevista sobre a origem de Javé que, ao ser narrada por cidadãos locais, recebeu diferentes interpretações. Ao contarem para Biá a história do lugar, os moradores apresentam diferentes versões, diretamente ligadas à sua memória afetiva, às suas vontades ou crenças. Nelas, valorizam seus antepassados, que lhes contaram a história com suas próprias palavras, e terminam por transmitir outras sensações. Destacam-se, então, os conflitos de identidades. Essa situação contrapõe à visão clássica ou tradicional de ciência, segundo a qual a ciência consegue ser objetiva, absoluta e imparcial. No entanto não podemos esquecer de que as relações que estabelecemos com o mundo dão-se por meio da linguagem, a interpretação está presente em toda e qualquer manifestação da linguagem e, por extensão, implicação de subjetividade. Não há, portanto, imparcialidade em se relatar, registrar nem interpretar fatos históricos.

4. Diante do embate representado no filme, entre engenheiros e comunidade, comente sobre os usos sociais da ciência e sobre como esses usos interferem no conhecimento que é produzido por diferentes atores do campo científico.

O filme envolve alguns embates, algumas divergências e confluências de interpretação, como, por exemplo: dos narradores-personagens entre si, na medida em que as versões se confirmam ou se refutam e os engenheiros da usina hidrelétrica, que vem de fora de Javé tentando impor as normas do “progresso” bem como sua cultura.

Outra questão importante abordada no filme é que passa a ocorrer um processo de negociação da informação: vários indivíduos oferecem sua história para Biá, em função do desejo de serem citados no livro. Por exemplo, para que a história do barbeiro fosse escrita, ele deveria prestar seus serviços (cortes de cabelo e barba) a Biá gratuitamente, por um ano. Por meio dessa passagem somos convidados a refletir sobre os “incentivos” (políticos, corporativos e/ou empresariais) existentes na realização de pesquisas em geral. Que se pode lucrar com os resultados obtidos? Que se produz sob o tênue “véu das intenções”? Estaria o método científico livre de tal influência?

Bourdieu afirma que não há escolha cientifica que não seja pautada em uma estratégia de investimento político a fim de resultar em lucros simbólicos e a obtenção de autoridade e reconhecimento. Logo, a atividade cientista não está implicada puramente na concorrência de bons argumentos, da força da razão, nela também influencia o poder. Para Bourdieu existem duas formas de poder que são respectivamente dois tipos de capital cientifico. Um é o político,

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