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Smartphones e pobreza digital: O Consumo de telefones celulares e internet entre jovens de uma comunidade popular

Por:   •  21/5/2018  •  Resenha  •  2.313 Palavras (10 Páginas)  •  259 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH

Karolayne Gomes Ferreira – Bolsista

Orientadora – Neide Maria de Almeida Pinto

Co orientadora – Ana Louise Carvalho Fiúza

Referência: TONDO, Romulo; SILVA, Sandra Rubia. “Smartphones e pobreza digital: o consumo de telefones celulares e internet entre jovens de uma comunidade popular”. Periódico “Universitas: Arquitetura e Comunicação Social” Edição 13 n.1 (2016)

 

GRELHA DE LEITURA

Ideias – conteúdo

Tópicos para a estrutura do texto

  • Introdução: Comunicação, consumo e juventude

1 – A comunicação é um ato complexo e consumir é uma forma de interagir e/ou distinguir.

2 – Pobreza digital advém de diversos níveis de acesso as TICs e de níveis de compressão e mediação destas no cotidiano, causado principalmente pela desigualdade.

3 – Metodologia de revisão de literatura e estudo etnográfico desenvolvido numa comunidade de Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul, para produção do artigo.

4 – A juventude é facilmente afetada pelas estratégias de consumo e pode ser considerada um dos principais grupos consumidores no Brasil contemporâneo, portanto pode ser compreendida além da categoria etária, além de representar também as necessidades da sociedade que constantemente se transforma.

5 – Primeiramente o artigo se dedica a revisão de literatura, conceito de pobreza digital; níveis de acesso à internet no Brasil entre 2005 e 2011 e a importância do celular como dispositivo de inclusão digital. Posteriormente um recorte de consumo material, os celulares na vida da juventude. E por fim, apresentação dos resultados obtidos através da etnografia.

O ato de comunicar pode unir ou segregar as pessoas, as desigualdades que geram a pobreza digital acabam por segregar ainda mais os que já são separados da sociedade.

  • Pobreza digital e acesso à internet no Brasil contemporâneo

1 – Pobreza digital está relacionado aos diferentes níveis de acesso e utilização dos TICs pelas pessoas, para os jovens da pesquisa, muitas vezes o primeiro contato ocorreu na escola, em alguns casos os celulares e a tecnologia 3G facilitam isso.

2 – Dados do IBGE[1] apontam que o número de brasileiros com celular cresceu 143,8% entre 2005 e 2011, sendo a maioria dos usuários jovens entre 15 e 17 anos. A internet é a segunda mídia preferia pelos brasileiros, perdendo apenas para a televisão.

3 – Segundo a PNAD[2], os jovens continuam sendo os maiores consumidores dos celulares, entretanto há também o aumento de posse deste por adultos, entre 55 e 59 anos e terceira idade, induzindo assim a uma compreensão de amadurecimento do acesso aos celulares.

4 – Segundo pesquisas do DIRSI[3], o celular permite maior acesso à internet pelo seu baixo custo de aquisição e manutenção, em comparação aos computadores. A posse do celular fortalece laços sociais e impacta economicamente a vida de seus usurários por fortalecer a articulação e obtenção de trabalhos informais, segundo os pesquisadores Hernán Galperin e Judith Mariscal.

5 – Diferentes níveis de apropriação de celular de acordo com a fase da vida, crianças e jovens possuem maior facilidade de utilizar dispositivos como o celular e o computador, já os adultos têm mais familiaridade com as mídias como rádio e TV, geralmente eles têm medo de danificar os objetos tecnológicos.

  • O consumo como fenômeno social

1 – No Brasil, o consumo está sempre vinculado a questões culturais, “cultura do consumo”.

2 – A cultura do consumo é o ponto de partida de um estilo de vida, mas não é seu único modo operante, já que existem bens que não podem ser comprados, como relacionamentos e amizades e tudo atrelado a construções imateriais.

3 – Para compreender a importância dos celulares para os jovens da sociedade atual, se usará a concepção de consumo como cultura material, de acordo com o autor inglês Daniel Miller, que relaciona o consumo a construção de relações sociais pelas trocas.

4 – O pesquisador inglês já desenvolveu pesquisas antropológicas sobre como os objetos são capazes de revelar sobre seus donos, no contexto indiano e londrino e a importância dos celulares na vida de jamaicanos de baixa renda, com relação ao fortalecimento e construção de novas redes de auxilio e manutenção de laços sociais.

5 – O autor também destaca o recorte de gênero para o uso dos aparelhos. Para as mulheres a principal função é fortalecer os laços culturais já existentes as prevenindo de ficarem solitárias, já para os homens o aparelho é atribuído a função de distração e forma de receberem oportunidades de emprego.

  • O consumo de telefones celulares e a juventude

1 – O consumo de celulares no Brasil teve início na década de 1990 e vem mudando desde então.

2 – Pesquisas internacionais compreendem o aparelho em diferentes perspectivas sobre seu uso social no cotidiano das pessoas, Rich Ling afirma em suas primeiras pesquisas que para os adolescentes o uso servia para manter contato com os pares, já para os mais velhos o dispositivo servia para controle e segurança dos filhos.

3 – O pesquisador também descreve que o celular está mudando os cenários urbanos e interferindo nas construções sociais, mostrando que o dispositivo está presente no cotidiano das pessoas independente de idade, gênero, grau de instrução e localização geográfica.

4 – Castells et al tentam compreender o uso do celular na perspectiva global, e perceberam que ele influencia na comunicação e na mobilidade da vida cotidiana, eles e outros pesquisadores acreditam também que o aparelho não enfraquece as relações dos jovens com as instituições sociais tradicionais, como a família.

5 – A pesquisadora Rosalía Winocur pesquisa os celulares como forma de controle dos pais sobre os filhos.

6 – Em âmbito brasileiro, Evandro Rocha e Cláudia Pereira, veem o celular como capaz de auxiliar na sociabilidade e nos momentos de solidão dos jovens, além de cobrir a necessidade de afirmação de lugar no mundo desses.

  • Alô, é do Jardim Aurora? A construção do percurso metodológico

1 – O objetivo da pesquisa etnográfica é compreender um determinado fenômeno social a partir da observação participante.

2 – Nesse processo é importante observar o ambiente e o e os diálogos com os sujeitos envolvidos na investigação, para construir uma análise de dados qualitativos, porém a parte escrita deve ser realizada longe do campo. Isso de certa forma favorece a análise dos dados coletados durante a experiência de campo.

3 – As coletas de dados etnográficos deste artigo são referentes a pesquisa de campo realizada entre 2014 e 2015 com jovens moradores da comunidade Jardim Aurora, da cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul.

4 – A aproximação dos jovens se deu no ambiente escolar com a proposta de uma oficina educocomunicativa.

5 – No primeiro encontro em sala de aula foi aplicado um questionário para construir um panorama sobre o consumo midiático desses jovens e finalizar a oficina. Com esses resultados foi possível verificar como eram realizados os acessos aos meios de comunicação por estes jovens e o perfil sociodemográfico deles.

6 – Com esses dados foi possível constatar que a mídia de maior acesso dos alunos era o celular.

7 –Com auxílio de um líder comunitário, receberam indicações de jovens da comunidade e os acompanharam por três meses.

  • Notas etnográficas: os usos e as apropriações de smartphones entre jovens da comunidade do Jardim Aurora

1 – Foram acaompanhados 43 jovens, 58% do sexo biológico feminino e 42% do masculino, com idades entre 15 e 18 anos, entre todos apenas um não possuía aparelho celular e por escolha própria, já que “não gostaria de ser encontrado pelos pais”. Com smartphones com pouco espaço de armazenamento, muitos desses jovens compartilhavam “as melhores” fotos no perfil de Facebook para não perde-la.

2 – A figura dos avós é constante na vida desses jovens, 20% dos entrevistados contavam com a aposentadoria deles e de familiares próximos, 38% deles tinha afigura materna como chefe de família e 42% dos lares tinham a figura paterna como chefe.

3 – A maior parte possuía acesso a todos os meios de comunicação, os veículos impressos são os menos consumidos por serem mais caros.

4 – A internet é a mais utilizada, seguida da televisão e posteriormente o rádio.

5 – A televisão para utilizada para assistir telenovelas e filmes. O consumo das rádios é frequente, mas raramente ocorre pelo aparelho de rádio.

 6 –Boa parcela dos jovens possui acesso à internet no ambiente familiar, a mais adotada é a internet móvel (3G), seguida de banda larga e Wifi. Para esses jovens o celular pode ser usado como entretenimento e ferramenta de pesquisa.

7 – Há evolução com relação ao acesso a tecnologia em estudos realizados por Barros em 2012, onde o acesso se dava principalmente por Lan Houses, já que o custo de manutenção da internet era maus alto.

8 – Os alunos da escola tinham acesso ao laboratório de informática de lá e acesso livre ao Wifi para conexão móvel.

9 – A utilização das redes sociais é altamente disseminada, a mais utilizada é o Facebook, seguido do Twitter e do Instagram. O Facebook também é utilizado para circular comunicados e atividades dentro da escola.

10 – Segundo a pesquisa nacional de hábitos e consumo de mídia, o brasileiro usa a internet para diferentes tarefas, cada grupo etário realiza funções distintas, porém, as redes sociais vêm sendo utilizadas por diferentes faixas etárias.

11 – Os jovens também acessam a internet para fazerem download de músicas, filmes e seriados. O Whatsapp é um dos aplicativos mais utilizados por eles.

12 – Serão apresentados o uso e a apropriação das redes sociais de quatro jovens que foram acompanhados. Laura (21), Ìcaro (17) e as irmãs gêmeas Érika e Anneliese (15).

13 – Laura não concluiu o ensino médio devido á gravidez, usa seu aparelho celular para conversar com os amigos, ouvir músicas, entretenimento, distrair o filho com desenhos e vídeos educativos e também chegou a usar o aparelho para testar a fidelidade do namorado.

14 – Ícaro usa o transporte público para se locomover para a escola, utiliza o aparelho para se distrai e conversar com amigos no trajeto e participa de grupos de fãs de sua artista preferida, Lady Gaga, ele diz que o aparelho possibilita que ele conheça pessoas com os mesmos gostos dele, que ele dificilmente conheceria sem ajuda dessa mídia.

15 – As gêmeas de 15 anos tem o uso do aparelho restrito pela mãe, elas não podem utilizar o aplicativo de mensagens Whatsapp, pois a genitora se preocupa com o “uso do celular para pegação”.

  • Considerações finais

1 – É importante compreender o consumo das tecnologias e como elas impactam a sociedade, uma forma de fazer isso é investigar como os sujeitos fazem o uso das tecnologias, em especial dos celulares e da internet.

2 – Mostrou-se no artigo que o celular é o principal meio utilizado pelos jovens da comunidade para acessar a internet, devido seu menos curto de aquisição e manutenção, e os aparelhos smartphones suprem as suas principais necessidades.

3 – Os jovens entrevistados usam a conectividade para demonstrar suas experiências e se aproximas de pessoas de outros bairros e cidades. Eles querem estar incluídos socialmente, e para isso precisam de um aparelho.

4 – Ao possuírem um aparelho, os jovens conseguem ampliar suas redes sociais, online e off-line. Esses jovens vivem a chamada “riqueza digital” pelo seu envolvimento com a tecnologia e a destreza de retirar muito mais do que o simples manuseio destes aparelhos, eles exploram suas potencialidades.

5 – Dentro das famílias, os jovens são os maiores consumidores de internet, tanto para atividades escolares como para entretenimento. A posse do perfil no Facebook demarca um fator importante, pois até mesmo os que não possuem acesso à internet, possuem um perfil na rede social onde compartilham tudo publicamente. Já o WhatsApp é considerado mais privado, pois os usuários devem ter acesso ao número do celular de outrem.

6 – Os aparelho também são usados no modo off-line para fins de entretenimento, como escutar músicas, tirar fotos, etc.

7 – Percebe-se também a criação de novos espaços privados dentro do dispositivo, proporcionado pelos grupos do WhatsApp por exemplo, que proporciona o fortalecimento e a criação de novas redes de contato.

8 – Nessa comunidade o celular se tornou um objeto capaz de auxiliar na construção das relações, possível de várias interpretações a apropriações de seus usos diários.

9 – O consumo de smartphones e da internet pelos jovens leva a construção de uma realidade material em constante transformação. Nas mais distintas classes esse objeto os conecta a amigos e mundo.

A pobreza digital se relaciona ao nível de acesso as TICs, pesquisas comprovam que o acesso a aparelhos celulares e a internet no Brasil cresceu

Os jovens são o maior público da internet, mas os mais velhos também têm utilizado e os usos são diferentes pelas gerações.

O consumo no Brasil é cultural, ele fundamenta a construção das relações sociais e também revela sobre a personalidade do indivíduo.

O consumo dos celulares tem início nos anos 1990 no Brasil e vem transformando seu uso desde então, serve desde o entretenimento e ponte para construção de novas relações como para fazer a segurança de filhos.

O Objetivo da pesquisa era entender o uso do aparelho celular estando inserindo dentro da realidade dos jovens, tendo como ponto de partida as atividades realizadas na escola.

Diversos jovens foram acompanhados, com perfis variados, situações socioeconômicas diferentes e mesmo assim a presença dos celulares foi praticamente unanime e o acesso à internet constante.

Segundo pesquisas o acesso à internet no Brasil tem se tornado mais fácil.

Os jovens utilizavam o aparelho para diversas tarefas, online e off-lin, de acordo com estilo de vida e as particularidades de cada um.

Para compreender o impacto das tecnologias na sociedade é preciso entender sobre seu consumo.

O acesso ao celular e à internet auxilia o jovem a ampliar suas relações pessoais e dá a possibilidade da criação de relações virtuais que dificilmente seriam estabelecidas sem esses meios. Eles também possibilitam a aproximação de grupos com interesses comuns.

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