TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A PRESENÇA DO ESTIGMA NAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS SOBRE A AIDS NO BRASIL: UM ESTUDO DE CASO

Por:   •  15/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  5.808 Palavras (24 Páginas)  •  165 Visualizações

Página 1 de 24

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

Comunicação Social – Publicidade, Propaganda e Marketing

A PRESENÇA DO ESTIGMA NAS CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS SOBRE A AIDS NO BRASIL: UM ESTUDO DE CASO.[1]

                Douglas Alberto da SILVA[2]

Regina REINERT[3]
Centro Universitário Internacional UNINTER. Curitiba, Paraná

        

Resumo

Pensando as populações vulneráveis buscou-se perceber se as campanhas publicitárias trabalham a conscientização de fato em relação à prevenção, assegurando a construção plena da identidade homossexual e valorizando a diversidade ou se, por outro lado, acabam por produzir comportamentos estereotipados, contribuindo, assim, para reafirmar o preconceito e o estigma[4], por si só produtores de exclusão social. Assim, buscou-se identificar nas campanhas publicitárias conteúdos que possam ou não, contribuir para o afastamento de sentidos de ódio, violência e intolerância.

Palavras-chave: Aids, HIV, Campanhas, Estigma, Estereótipo

Os primeiros casos de aids foram identificados nos Estados Unidos nos primeiros anos da década de 1980. Parker et al. (1994) contam que os primeiros relatos da doença tiveram início na Califórnia e em Nova Iorque, onde jovens adultos morriam de forma inusitada, como se fosse um surto de pneumonia comum.

Foi retratado com quadro de imunodeficiência, que é a diminuição dos recursos orgânicos tradicionalmente mobilizados para manter o corpo “imune” às infecções. Por contraste com imunodeficiências inatas (congênitas) e com os distúrbios imunitários induzidos por transplantes, chamou-se esse agravo síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA ou Aids em Inglês). [...]e o estudo de sua distribuição na população apontava inicialmente para uma quase exclusiva incidência entre os homossexuais masculinos. (PARKER et al, 1994, p. 15)

Um clima de pavor começava a se espalhar entre a população, provocado pela angústia e incerteza frente ao incógnito. Meneghin (1996) aponta que o surgimento da aids representou o medo do desconhecido, a incerteza e fez emergir preconceitos associados a tabus e crendices existentes, desde sempre, em relação à sexualidade.

No Brasil, a mídia já anunciava, com alarmismo, uma grande epidemia, antes mesmo dos primeiros diagnósticos da imunodeficiência entre a população. Repercussões exageradas sobre epidemias no Brasil já são históricas, demonstrando que, ao invés de esclarecer, dissemina o medo na população. A desinformação é uma das bases para a construção e manutenção de estereótipos e contribuem para que as pessoas não percebam as situações que as expõem à infecção e até mesmo porque não querem ser identificadas com rótulos que as desvalorizam ou envergonham.

As manchetes sobre a aids ganhavam a primeira página, e a maioria das notícias dizia respeito ao território estrangeiro, pois uma epidemia ainda não tinha se configurado por aqui (Brasil). Esse fato foi determinante para que a aids começasse a ser noticiada para o cidadão como “doença do outro”. (PAZ, 2007, p. 43).

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil (MS), o primeiro caso foi identificado na cidade de São Paulo no ano de 1982. Já de imediato, a aids foi noticiada como uma doença que atingia predominantemente a população homossexual masculina motivando, assim o primeiro passo para o estigma, ou seja, a doença que provocava a imunodeficiência se popularizava velozmente como “câncer gay”.

A tensão gerada pela falta de informações seguras fazia crescer o preconceito. Disseminado, cada vez mais, pela mídia, contribuía para reforçar o estigma e este passou a acompanhar a doença, indo na contramão das conquistas das liberdades individuais, oriundas das mudanças políticas no Brasil que, felizmente, caminhava em direção aos direitos humanos. Direitos humanos estes que estiveram no centro da resposta ao preconceito da população em relação à doença. Souza et al (2010) afirmam que contexto social nos anos de 1970 e 1980, foi marcado pela conquista das liberdades individuais e pelo avanço no reconhecimento dos direitos das populações socialmente marginalizadas, como mulheres, homossexuais e negros. O governo teve que dar sua resposta à sociedade.

A tomada de decisão do governo federal em assumir oficialmente a Aids/HIV[5] como um problema de saúde pública, parece ser um resultado de pressões de estados e municípios onde a epidemia crescia, da mídia nacional e de grupos militantes que formaram, inicialmente, junto as respostas oficiais. Entretanto, essa tomada de decisão do governo federal, embora seja entendida como um marco importante na história social da aids no Brasil, na prática, só ocorreu tempos depois mais tarde com a efetivação do Programa Nacional de Aids. (SOUZA et al, 2010, p. 26).

As Organizações Não Governamentais (ONGs), motivadas pela luta pelos direitos humanos da população homossexual em geral (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT), foram as pioneiras a cobrar políticas públicas efetivas de esclarecimento sobre a aids, quanto ao diagnóstico e prevenção voltados ao combate da doença, que se tornara a mais assustadora causa de mortes do país.

O desempenho destas ONGs foi fundamental para o reconhecimento da necessidade de se construir efetivamente um órgão público no Brasil que se dedicasse a promover pesquisas destinadas a manter a aids sob controle. Essas ações, além de buscarem uma solução para a doença em si, geraria também certa tranquilidade na população. Como afirmado acima, os defensores dos direitos humanos agiam mais constantemente em prol dos cidadãos e menos como representantes governamentais. Isso acontece à medida que as ONGs pressionam os governos a agir em conformidade com os direitos humanos.

No início desses acontecimentos, o denominado Programa Nacional de Controle da Aids, pela portaria 236/85 disponibilizou um documento contendo as seguintes descrições:

1 - vem ocorrendo aumento significativo de casos da síndrome de imunodeficiência adquirida, (SIDA ou AIDS), identificada no Brasil, desde 1982;

2 - os recursos terapêuticos disponíveis para SIDA ou AIDS são escassos e a mortalidade é alta;

3 - todos os casos confirmados da síndrome necessitam de atenção hospitalar cuidadosa e prolongada. (MINITÉRIO DA SAÚDE, 2013).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (38.7 Kb)   pdf (276.2 Kb)   docx (447.9 Kb)  
Continuar por mais 23 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com