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O Papel do Instagram no Desenvolvimento dos Transtornos Alimentares

Por:   •  6/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  4.144 Palavras (17 Páginas)  •  204 Visualizações

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O PAPEL DO INSTAGRAM NO DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES

THE ROLE OF INSTAGRAM IN THE DEVELOPMENT OF EATING DISORDERS

Isabelle Rachel Paiva Gomes

Universidade Metodista de São Paulo - UMESP

Resumo: Este artigo trabalha com a hipótese de que o Instagram, em particular, e as redes sociais, em geral, podem ser considerados dispositivos tecnológicos e midiáticos que contribuem para o surgimento de transtornos alimentares. Por meio da análise de canais específicos, dos discursos, comportamentos e práticas neles veiculados, pretende-se mostrar como isso se dá em postagens de digital influencers ligadas ao mundo fitness. Sem possuir formação profissional na área de saúde, elas expõem em seus perfis, com milhões de seguidores, um estilo de vida forjado em um “corpo perfeito” padronizado na cultura da magreza, além de indicarem dietas, treinos e, em alguns casos, utilizarem discurso gordofóbico e de incentivo à anorexia e à bulimia. O presente estudo está vinculado ao Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) em 2020, cujo tema é mulheres e homens em processo de recuperação dos transtornos alimentares e aceitação do próprio corpo.

Palavras-chave: transtornos alimentares, Instagram, influenciadores digitais, anorexia, bulimia.

Abstract: This article works with a hypothesis that Instagram, in particular, and as social networks in general, can be considered technological and media devices that contribute to the emergence of eating disorders. Through the analysis of specific channels, the speeches, behaviors and practices aired in them, it is intended to show how this happens in posts of digital influencer linked do the fitness world. Without have a professional qualification in the health area, they expose in their profiles, with millions of followers, a lifestyle forged in a “perfect body”, standardized in the culture of thinness, besides indicating diets, training and, in some cases, using fat-phobic speech and encouraging anorexia and bulimia. This study is linked to the Journalism Course Conclusion Paper at the Methodist University of São Paulo (Umesp) in 2020, whose theme is life after eating disorders; people in the process of recovering and accepting their own bodies.

Keywords: eating disorders, Instagram, digital influencers, anorexia, bulimia.

Este artigo é parte da pesquisa voltada para o Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo do ano de 2020, cujo tema é mulheres e homens em processo de aceitação do próprio corpo após um transtorno alimentar, que busca retratar como é aprender a desenvolver o amor próprio e, principalmente, pelo próprio corpo após crises de desordem alimentar, problema recorrente na atualidade, que atinge principalmentes meninas adolescentes e jovens mulheres.

Os transtornos alimentares (TAs), como é do conhecimento comum, são disfunções caracterizadas por perturbações no comportamento alimentar, distorção da imagem corporal e o constante medo de engordar. Podem surgir por fatores biológicos, psicológicos e socioculturais, ou seja, são doenças multifatoriais. O objeto deste artigo é mostrar como as redes sociais, e principalmente o Instagram, podem favorecer o surgimento dos TAs, sobretudo por meio dos chamados influenciadores digitais, que têm ganhado cada vez mais força no mundo da internet. Mas, não é qualquer tipo de influenciador ou influenciadora e, sim, aqueles ligados ao mundo fitness e que mostram em seus perfis conteúdos relacionados a corpo, rotinas, dietas, academias, treinos, propagandas de medicamentos e alimentos etc., e que, no mínimo indiretamente, produzem discursos gordofóbicos e de supervalorização do padrão corporal magro.

Este artigo se constitui de três partes. A primeira traça um panorama atual dos transtornos alimentares a partir da visão de especialistas e estudiosos do tema. A segunda parte entra no mundo dos influenciadores digitais para identificar que práticas, comportamentos ou discursos promovidos por eles podem ser considerados como tendo uma ligação direta com o tema dos transtornos alimentares. Nesta parte, ocorre a interpretação, tento analisar em que sentido essas práticas, comportamentos ou discursos podem ter influência ou impacto negativo no caso específico dos transtornos alimentares.

Na terceira parte um contraponto será mostrado, no sentido de mostrar também influenciadoras digitais que valorizam iniciativas nas redes sociais que promovem amor próprio e a autoestima das pessoas.

Anorexia e bulimia na visão dos especialistas

Os transtornos alimentares são graves e complexas patologias caracterizadas por perturbações no comportamento alimentar, distorção da imagem corporal, baixa auto-estima, preocupação excessiva com o peso e medo de engordar. Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais-DSM-5 (5ª Edição, 2014), os transtornos alimentares estão divididos em Síndrome de Pica, Transtorno de Ruminação, Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo, Transtorno de Compulsão Alimentar, Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa. Além destes, hoje já se fala de muitos outros tipos, como vigorexia, ortorexia e drunkorexia. Para este estudo, iremos nos ater aos tipos mais comuns, que são a anorexia e a bulimia.

Como informa o site do Ambulim - Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo -, “não há uma única etiologia responsável pelos transtornos alimentares. Acredita-se no modelo multifatorial, com participação de componentes biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares”. Ainda de acordo com a mesma fonte de informação:

De modo geral, os transtornos alimentares são produtos de uma complexa inter-relação entre aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Portanto, sendo problemas multifatoriais em suas gêneses, ultrapassam a capacidade terapêutica de qualquer um, isoladamente. Daí a importância de uma interação multidisciplinar.

Assim, como doenças complexas e multifatoriais, ou seja, que podem possuir mais de um fator causador, os transtornos alimentares necessitam de um tratamento que envolva simultaneamente diversos profissionais, como nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, enfermeiros, endocrinologistas, pediatras, fonoaudiólogos.

É preciso ter em conta que esses

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