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Resenha comunicação e expressão

Por:   •  29/5/2017  •  Resenha  •  1.288 Palavras (6 Páginas)  •  234 Visualizações

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 O artigo “Conceitos da Teoria Ator-Rede Aplicados ao Design: Meios para Acompanhar a Estabilização de Artefatos” publicado pela Revista Design & Tecnologia, aborda os processos de estabilização de um artefato. São descritas as trajetórias de um artefato em particular, e são usados conceitos centrais de uma teoria denominada Ator-Rede. O trabalho desenvolvido se estrutura em uma introdução, perspectiva teórico-metodológica sobre ator-rede, o processo de estabilização de um guarda corpo cicloviário que no caso trata-se da metodologia de trabalho, e considerações finais.

 Em sua introdução, primeiramente foi feita uma breve descrição sobre as origens de um artefato e os processos envolvidos na criação e desenvolvimento, conforme o autor “Soma-se assim um notável compêndio que descreve o momento em que o designer dá início à elaboração de um artefato, e que se encerra no instante em que o projeto acaba e o artefato está pronto para viver suas dinâmicas próprias. Logo após o autor aborda que há um afastamento dos estudos em design sobre o momento em que o artefato sai dos escritórios, e é direcionado a sua produção e venha desempenhar seus papel. Desta forma, são desconhecidos os motivos que expliquem eventuais fracassos de artefatos que obtiveram êxito em estágio projetuais. Para que sejam descobertos estes motivos é preciso observar o processo meio aos seus desdobramentos.

 O embasamento teórico é feito a partir de uma perspectiva teórico-metodológica de ator-rede, que propõe que se dissolva qualquer tipo de determinismo, seja de ordem social ou técnica, através do que seria um equilíbrio entre forças humanas e materiais. A Teoria Ator-Rede (TAR) é tomada para tratar os movimentos que os artefatos realizam antes de se estabilizarem socialmente. O determinismo social, de que compartilham as correntes tradicionais da sociologia, entendem que o social seja constituído de grupos de humanos que manejam objetos neutros. Assim, os objetos funcionam como intermediadores servis, atentos a cumprir os interesses e objetivos dos humanos. É mencionado o conceito de Rede, onde mantêm-se a ideia de vínculo, de compartilhamento, porém as informações emitidas, construídas em rede, sofrem transformações pelas disposições de seu trajeto. Esse movimento de transformação que sofre a informação é descrito por um processo de Tradução ou Translação. A dinâmica de transformações que acompanha um artefato em rede diz respeito ao seu processo de estabilização. Os estudos em design não se interessam pela investigação das transformações que um artefato sofre depois de projetado porque não acreditam que ocorram.

 Procedendo a metodologia utilizada, foi acompanhado o processo de instalação de um guarda-corpo cicloviário na cidade de Porto Alegre. Primeiramente foram feitas negociações preliminares para prever como seriam pagos os gastos referentes à construção e manutenção da ciclovia. Previu-se que os valores fossem encargos dos cofres públicos, porém foram feitas modificações, já que havia as dificuldades e a indisposição em acessar-se e utilizar-se da verba pública por dois motivos. O primeiro de caráter econômico e politico, e o segundo motivo da transformação repousa sobre a identificação de uma facilidade: a de repassar os encargos da construção para a iniciativa privada, em troca de autorizações de empreendimentos pretendidos por estas empresas. No caso, os encargos da prefeitura de Porto Alegre foram repassados para a Companhia Zaffari e para a empresa Praia de Belas Shopping, pertencentes ao Grupo Iguatemi.

 O projeto da ciclovia foi construído a partir de implicações diversas. Em seu percurso existiam artefatos que não poderiam sofrer transformações, como certas pontes tombadas pelo patrimônio histórico da cidade, foram alterados os sentidos das ruas e avenidas que mantinham vínculos com a ciclovia, sinaleiras foram instaladas e algumas avenidas de grande movimento foram alargadas para dar vazão ao escoamento de veículos.

 Expõe-se o entusiasmo e expectativa dos atores envolvidos no surgimento da ciclovia até a ocasião em que se instalaram os primeiros módulos que serviriam de guarda-corpo de proteção e delimitação do espaço dos ciclistas. O autor destaca os conflitos envolvidos entre o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, ressaltava os riscos da ciclovia para os ciclistas; E o prefeito José Fortunati que destacava a importância da ciclovia para a cidade, acusando seu opositor de utilizar-se de interesses políticos na construção de sua crítica. Para contornar os obstáculos remanescentes dessa disputa, o artefato seria desenvolvido em madeira de eucalipto de reflorestamento. Segundo técnicos da Empresa Pública de Transporte e Circulação o modelo de guarda-corpo atenderia às normas técnicas nacionais e internacionais.

 Após poucos dias depois da instalação dos primeiros módulos dos guarda-corpo, os mesmos foram retirados. A insatisfação de agentes sobre o artefato somou importâncias que ocasionaram na remoção do guarda-corpo. Muitos deles aproximaram-se do artefato quando perceberam que os seus interesses estavam sendo preteridos. Tal operação revela um obstáculo que precisa ser superado para que o artefato estabilize-se. Surge, assim, uma maneira de se contornar ou superar esse elemento impeditivo. A prefeitura municipal elabora então ações emergenciais para que se projetem novas alternativas para o então insatisfatório guarda-corpo. Um novo diagnóstico revelou-se ao identificar a realização de uma manobra improvisada. Definiu-se um concurso que elegeu o projeto mais apropriado para o guarda-corpo. Assim, de diversas propostas apresentadas, elegeu-se uma. Os motivos da escolha das propostas tomam por base as disposições de um edital publicado na ocasião em que se lançava o concurso. A definição da proposta foi realizada por uma comissão de avaliação formada por arquitetos indicados pelo IAB-RS, representantes de ciclistas e integrantes da SMOV e EPTC. Esse corpo formado por técnicos diversos, ciclistas e por um edital definido, serviu como uma espécie de entidade legitimadora do artefato.

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