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Resenha de Elena

Por:   •  13/9/2018  •  Resenha  •  545 Palavras (3 Páginas)  •  172 Visualizações

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Em busca de nossos sonhos, partimos em jornadas desafiadoras e cheias de imprevistos. Instigados pela vontade de alcançar nossos objetivos, muitas vezes encontramos abismos dos quais não conseguimos escapar. O vazio toma conta do peito e, muitas vezes, a solução que encontramos para superar as turbulências tem o mais improvável dos desfechos.

Essa pode ser a história de Elena, mas também poderia definir as angústias de Petra, sua irmã, que desde os 7 anos é impactada ela ausência fraternal em casa. A partir de suas memórias e movida pelo desejo de resgatar as lembranças de Elena, a cineasta Petra Costa parte numa caminhada rumo às mais profundas recordações.

No documentário “Elena”, de 2012, as irmãs têm um sonho em comum: virar atriz. A partir de imagens gravadas durante sua infância, recortes de jornais, diários e cartas, Petra traz à tona, numa narrativa melancólica, como o sofrimento pode ser devastador. Aos poucos, a personalidade das duas, assim como seus sonhos, se confunde. E a descoberta de Petra não gira mais em torno de entender apenas a personalidade de sua irmã, mas de descobrir o seu próprio eu.

Nos 82 minutos de filme, Petra utiliza a sua própria narração, em primeira e em terceira pessoa, para reforçar as imagens pessoais gravadas entre as décadas de 1980 e 1990. Ela expõe suas emoções em tom triste, calmo e, na maioria das vezes melancólico, corroborando os sentimentos por ela vivenciados. É possível perceber como essa narração dita o ritmo e tenta demonstrar a verdade de Petra e, também, de Elena. A escolha da voz over feminina, da própria cineasta, quebra o tom autoritário de outros tipos de narração, uma vez que consegue transmitir, de maneira sutil, as sensações da diretora.

De acordo com a classificação proposta por Bill Nichols, podemos perceber Elena como um documentário poético, que evidencia a subjetividade e mostra preocupação com a estética. Petra valoriza os planos e suas próprias impressões sobre a história da família. O uso de trechos das cartas de Elena também reforçam o tom poético do filme.

Por outro lado, podemos identificar aspectos de modo observativo, quando Petra utiliza o discurso direto, com entrevistas de Elena para registrar fatos por elas vivenciados, deixando as cenas falarem por si só. Ainda podemos citar Elena como um documentário participativo – onde a documentarista mostra sua própria participação –, reflexivo – evidenciando os processos de filmagem – e performático – utilizando-se de recursos estéticos de técnicas cinematográficas.

Nas imagens, Elena revela um tom poético intenso, o que ainda é reforçado pela trilha sonora escolhida, que leva à subjetividade do espectador. Em muitas cenas é utilizado o desfoque, o que pode ilustrar as lembranças embaçadas de Petra sobre a irmã. O uso do close nos depoimentos da mãe e da própria Elena dão ainda mais intensidade às dores que elas descrevem no filme.

Em Elena, Petra busca acima de tudo sua própria identidade e é na cena do mergulho na água que ela consegue se encontrar. O uso da metáfora é marcante: ela utiliza esse recurso para mostrar que foi a partir dessa imersão, desse afogamento no sofrimento, que foi possível respirar de novo e voltar a viver. A fluidez da água mostrada no filme faz sentido quando entendemos que, mesmo no mais turbulento dos momentos, é possível encontrar

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