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A Escola e o Professor

Por:   •  21/3/2019  •  Resenha  •  2.338 Palavras (10 Páginas)  •  179 Visualizações

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RESENHA

GADOTTI, MOACYR. A escola e o professor, Paulo Freire e a paixão de ensinar.    São Paulo: Publisher Brasil, 2007.

Esta resenha tem por finalidade fazer alguns apontamentos relacionados a obra de Moacyr Gadoti A escola e o professor, Paulo Freire e a paixão de ensinar (2007). A obra escrita por Gadotti busca esclarecer como a prática docente é vista por Paulo Freire e como Freire vê as funções do professor em exercício. Gadotti mostra por meio da perspectiva Freireana os passos de como se deve formar o professor para esse novo tempo que vem surgindo, ou seja, mostra o que ele deve saber e como ele deve ser para ensinar.

Para entender como funciona a dinâmica do professor e sua prática docente, o autor descreve o ambiente escolar como parte primordial, um espaço especial para a construção da identidade da prática docente, porque a escola é um espaço de relações. Para o autor, é na escola que o indivíduo quando criança e adolescente permanece durante a maior parte do tempo. Apesar de muitas escolas terem más condições de trabalho, ainda sim ela será um espaço especial, porque depois do ambiente familiar, é na escola que o indivíduo constrói uma rede de relações sociais. Para o autor a escola está além de um espaço de estudo, ela é um espaço de interações políticas e espaço de convivência com o outro.

A escola não é só um lugar para estudar, mas para se encontrar, conversar, confrontar-se com o outro, discutir, fazer política. Deve gerar insatisfação com o já dito, o já sabido, o já estabelecido. Só é harmoniosa a escola autoritária. A escola não é só um espaço físico. É, acima de tudo, um modo de ser, de ver. Ela se define pelas relações sociais que desenvolve. E, se quiser sobreviver como instituição, precisa buscar o que é específico dela. (GADOTTI, 2007)

        Observa-se que o autor faz levantamentos das funções da escola e a importância do espaço escolar para a construção do indivíduo enquanto ser social, menciona que a escola mesmo que em más condições de trabalho continua desempenhando o seu papel de agente social, porém o autor não apresenta maneiras de como o professor deve trabalhar em meio as más condições de trabalho, não menciona como o professor deve se articular no espaço escolar e quais as ferramentas que ele poderia utilizar para amenizar as dificuldades de trabalhar na escola com poucos recursos.

Gadotti traz em sua obra a importância da utopia para a construção da prática docente. Para maior compreensão, o autor traz o conceito de utopia, para ele o conceito de utopia está atrelado ao sonho. A utopia é o lugar ideal em que os indivíduos se interagem em perfeita harmonia e felicidade. Trazendo esse conceito para educação, a utopia tem a função educativa para que haja mudança na maneira de fazer a prática docente.  “A utopia tem uma função social educativa porque é uma maneira de escapar à violência, preparando, no entanto, as reformas necessárias, organizando mentalmente um espaço próprio às mudanças” (GADOTTI, 2007). Seguindo esse norteamento, a educação deve ser voltada para o futuro, porém não deve ser esquecido o presente, o hoje. No entanto o autor não traz de maneira objetiva como o professor deve trabalhar sistematicamente os dois contextos, o futuro, ou seja, a utopia e as situações do cotidiano, ou seja, o presente.

O autor rememora os momentos com educador Paulo Freire, desde o momento em que o conheceu, menciona as dificuldades que enfrentaram durante a ditadura militar e as dificuldades que enfrentaram para articular as ideias contra os militares. Todo o percurso que Gadotti narra mencionando situações de luta e engajamento é para mostrar que a educação deve ser vista sob o prisma de luta e esperança de dias melhores e a procura de uma educação libertadora, pois a educação vivia sob um sistema autoritário e ditador. “O objetivo que Paulo Freire se propunha era o de utilizar a educação para melhorar o mundo, neutralizando os efeitos da opressão. Luta e esperança não podem prescindir uma da outra nessa tarefa humanizadora ou nessa “vocação ontológica da humanidade, na expressão de Freire.” (GADOTTI, 2007)

O autor de A escola e o professor, Paulo Freire e a paixão de ensinar (2007) comenta como utiliza do estudo de teses em sala de aula e menciona trinta e uma teses retiradas de leituras de obras escritas por Paulo Freire. Dentre as trinta e uma teses, serão mencionadas seis. As teses freireanas que o autor menciona são: 1-Interdisciplinaridade freireana como um ato pedagógico; 2 - Os estudos freireanos exigem uma pedagogia de desenvolvimento sustentável e ecopedagógica; 3 – reconceituação da educação popular dentro de um processo dinâmico; 4 - categoria opressor-oprimido e uma nova nomenclatura, excluído; 5 - a obra de Paulo Freire deve ser vista por meio de seis ideias – força: o conceito educativo vai além da educação escolar, política é inerente à educação, pelo conhecimento dos limites da prática educativa, pela construção de uma nova cultura política, pelo princípio da gestão democrática, por uma pedagogia da pergunta; 6 – O neoliberalismo consegue naturalizar a desigualdade, por isso, Freire chama a atenção para a observação do processo de construção da subjetividade democrática, mostrando que a desigualdade não é natural. Após as apresentações das trinta e uma teses, o autor afirma o caráter otimista de Freire e acrescenta que seu otimismo não pode ser considerado um otimismo ingênuo, mas sim um otimismo crítico e uma educação libertadora.

Daí o papel importante da educação – como conscientização, não a educação “bancária” – na superação da condição de opressão. Nessa educação conscientizadora, educador e educando são sujeitos em diálogo na construção do conhecimento. A educação conscientizadora é problematizadora, crítica e prioriza o diálogo, o respeito, o amor, o ato de criação e recriação, partindo do estudo “em círculo cultural”, das situações-problema retiradas da realidade do educando. (GADOTTI,2007)

Diante da perspectiva de Paulo Freire, Moacyr Gadotti comenta os desafios de Freire para reafirmar uma educação pública popular e reafirmar a importância da formação de professores para melhorar a qualidade do ensino e a valorização do professor. Para que haja uma educação de qualidade é necessário que todas as partes estejam em harmonia, ou seja, para Gadotti, a escola deve se firmar em uma educação pública popular, o professor deve participar de cursos de formação docente e o aluno deve ser um aluno crítico e politizado. O autor destaca a importância de não se confundir qualidade com competitividade. “A qualidade do ensino também se mede pela formação de um aluno crítico e politizado. Os neoliberais confundem qualidade com competitividade”. (GADOTTI, 2007)

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