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A TOLERÂNCIA E INTOLERÂNCIA

Por:   •  11/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.493 Palavras (6 Páginas)  •  359 Visualizações

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TOLERÂNCIA E INTOLERÂNCIA

Ane Carolina Prado Santos

        

RESUMO

O resumo a seguir é baseado nos trechos da obra BOBBIO, Norberto. As razões da tolerância. In: BOBBIO, N. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p.203-217, e tem por objetivo caracterizar os principais pontos abordados sobre a tolerância e intolerância, sentido negativo e positivo. Bobbio, ao escrever sobre a tolerância, aponta que ela traduz uma inconsistência. Isto é, se levarmos ao pé da letra, a tolerância implica em aceitar inclusive aqueles que não nos aceita, os intolerantes.

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Palavras-chave: Resistência. Tolerância. Intolerância.

1. INTRODUÇÃO

 

A ideia de tolerância surgiu na necessidade de coexistência de grupos em uma mesma região. Originou-se, da necessidade de convivência pacífica entre diferentes credos religiosos. A tolerância adquiriu, em certo sentido, um valor que significa a capacidade de um grupo em aceitar o outro. Hoje os agrupamentos trabalham mais com a ideia de reconhecimento, não se trata apenas de tolerar, “soa como concessão”, mas de compreender o outro.

Para Bobbio, o sentido de tolerante deve, por princípio, permitir a livre circulação de outros indivíduos, tolera inclusive os intolerantes. O autor classifica tolerância em positiva e negativa. A tolerância positiva aponta para os valores que afirmam a coexistência pacífica. Já a tolerância negativa é aquela que fecha os olhos para a intolerância, e repudia a última citada.

A tolerância foi vista, segundo Bobbio, sob dois aspectos, negativo “como vício” e positivo como “virtude”. O negativo foi definido como uma fraqueza ou dificuldade para criticar o erro do outro. O aspecto positivo diz respeito à liberdade de expressão e a aceitação do outro como ele é. A intolerância, como dogmatismo (detentor da verdade absoluta), é negativa, pois ela se torna limitadora das consciências, não admitindo diferenças do seu modo de pensar ou objeções as suas consciências. Da mesma forma a tolerância pode ser negativa na forma de indiferença moral. Assim, a indiferença tem como antítese (oposição) a atitude do fanático, que só aceita suas ideias e quer que todos os sigam. O núcleo da ideia de tolerância, escreveu Bobbio, "é o reconhecimento do igual direito a conviver que se reconhece a doutrinas opostas, e, portanto, do direito ao erro, pelo menos ao erro cometido em boa-fé”. (BOBBIO, N.,1992, p.213)

Segundo Bobbio, ter tolerância não significa abster-se de suas verdades, ou ter indiferença, ele nos aconselha a ter respeito a pessoa alheia, e que na teoria gera um certo conflito de princípios entre aquilo que cremos e aquilo que devemos fazer, resumindo é nosso dever de respeitar a liberdade do outro.

Levando a questão para o ponto de vista teórico, Bobbio aborda  três as posições filosóficas, o sincretismo, de que são expressão as várias tentativas de conjugar cristianismo e marxismo; o ecletismo, ou filosofia do “justo meio”, que se expressa nas propostas de “terceira via” entre liberalismo e socialismo, entre mundo ocidental e mundo oriental, entre capitalismo e coletivismo; e o historicismo relativista, segundo o qual, numa era de politeísmo de valores, o único templo aberto deveria ser o Panteão, um templo no qual cada um pode adorar seu próprio deus.

A intolerância pode ter suas boas razões. O próprio termo “tolerância” tem dois significados, um positivo e outro negativo; e, portanto, também tem significado negativo e positivo o termo oposto. Intolerância em sentido positivo é sinônimo de severidade, rigor, firmeza; tolerância em sentido negativo, ao contrário, é sinônimo de condescendência com o mal, com o erro, por falta de princípios, por amor da vida tranquila ou por cegueira diante dos valores.

Se as sociedades utilizam de seu poder para tiranizar e oprimir os que não seguem as suas normas falta de tolerância em sentido positivo, as nossas sociedades democráticas e permissivas sofrem de excesso de tolerância em sentido negativo, no sentido de deixar as coisas como estão, de não se escandalizar nem se indignar com mais nada. Entre conceitos extremos, existe uma zona cinzenta, o “nem isto nem aquilo”, cuja maior ou menor amplitude é variável; e é sobre essa variável que se pode avaliar qual sociedade é mais ou menos tolerante, mais ou menos intolerante.

Não é fácil estabelecer os limites desse contínuo, para além dos quais uma sociedade tolerante se transforma numa sociedade intolerante.

O autor exclui a proposta por Marcuse, afirma que uma sociedade tolerante deveria tolerar apenas as ideias progressistas e abominar as reacionárias (revolucionárias). Para Bobbio tomar esse tipo de posicionamento é inaceitável. Quem distingue entre as boas e as más ideias? A tolerância só é tal se forem toleradas também as más ideias.

            Se a tolerância deve ter limites, o único critério razoável para fixa-los pode ser formulado assim: a tolerância deve ser estendida a todos, salvo àqueles que negam o princípio de tolerância.

Esse critério de distinção não é tão claro como parece quando enunciado, uma vez que há várias gradações de intolerância e são vários os âmbitos onde a intolerância pode manifestar-se. Também não pode ser aceito sem reservas pois quem crê na bondade da tolerância o faz porque considera que o único modo de fazer com que o intolerante aceite a tolerância não é a perseguição, mas o reconhecimento de seu direito de expressar-se. O intolerante perseguido e excluído jamais se tornará um liberal. É melhor uma liberdade sempre em perigo, mas expansiva, do que uma liberdade protegida, mas incapaz de se desenvolver.

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