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Resenha sobre Rousseau

Por:   •  22/10/2017  •  Resenha  •  2.258 Palavras (10 Páginas)  •  312 Visualizações

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FURG

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

FACULDADE DE DIREITO

Trabalho de Fundamentos de Filosofia

Professor: Jaime John

Aluna: Natália Ongaratto da Rosa

Matrícula: 118706

Jean Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo e escritor suíço considerado um dos principais teóricos do iluminismo. Suas principais obras foram “O Contrato Social”, “Emílio”, “Discurso Sobre as Ciências e as Artes” e “Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens”. A premissa fundamental de suas obras revela que o homem é bom por natureza, ou seja, o ser humano em seu estado natural é benevolente e consequentemente uma criatura boa, contudo quando este passa a viver em sociedade, converte-se em um ser impiedoso e cruel que faz mal aos outros indivíduos.

Sua obra “O Contrato Social” inspirou a Revolução Francesa (1789), devido ao fato de a França estar passando por um momento conturbado em sua história uma vez que aproximadamente 95% da população francesa daquela época compunha o chamado terceiro estado (burguesia) o qual pagava impostos que bancavam a vida do primeiro e do segundo estado, clero e nobreza respectivamente. Os burgueses se viam cada vez mais incomodados em bancar os privilégios do clero e dos nobres e se inspiraram na obra de Rousseau a qual evidencia que todos devem ser iguais e livres e o Estado tem de garantir isso aos indivíduos, de modo que o Estado fosse composto pelo próprio povo, exaltando a ideia de uma democracia como a melhor forma de governo.

Em sua obra “Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens”, Rousseau discorre sobre o homem em seu estado de natureza e em sociedade, além de mostrar como a desigualdade foi desenvolvida no decorrer do tempo em virtude das leis e da propriedade privada. Nessa perspectiva, Rousseau inicia exibindo o que concebe como os dois tipos existentes de desigualdade, as chamadas desigualdade física ou natural e a desigualdade moral ou política. A primeira se refere a disparidade estipulada pela própria natureza, a qual consiste na diferença das idades, das qualidades, da saúde e etc. E a segunda reporta-se a desigualdade que os próprios seres humanos estabelecem, por exemplo uns serem mais ricos e mais poderosos que outros.

Nesse contexto, é apresentado que o homem em seu estado natural tem seu corpo como o único instrumento por ele conhecido e em virtude disso o utiliza demasiadamente para as mais diversas atividades, promovendo um maior preparo físico e assim não dependendo de utensílios exteriores, diferentemente do homem no grupo social o qual utiliza máquinas para se amparar das situações variadas que seu corpo não pode mais defende-lo por conta da carência de competência física. Rousseau então cria uma situação hipotética, onde um homem em estado natural duela, sem a ajuda de quaisquer máquinas, com um homem em sociedade e então afirma que o homem natural certamente ganharia vantagem, concluindo, assim, que é fundamental preparar-se para qualquer acontecimento tendo sempre todas as forças a sua disposição e então não necessitando de nenhum instrumento.

O homem natural não teme os animais selvagens, pois nenhum deles guerreira com ele naturalmente, apenas se porventura o animal se sentir ameaçado e for se defender. Existem adversários que devem mais importância ao homem, é o caso da velhice, das enfermidades naturais e das doenças, essas últimas, segundo Rousseau afetam em especial o homem que vive em sociedade. Constata a partir dessa observação, que a maior parte dos males os quais o ser humano pode ser submetido são gerados por ele mesmo e teriam sido evitados se os indivíduos tivessem aceitado viver como a natureza estipulou. À vista disso, o homem selvagem não necessita da medicina, por encontrar na própria natureza a solução para suas indisposições.

Rousseau assegura que o homem se tornando sociável torna-se fraco e debilita a sua coragem e sua força, comprovando que o indivíduo selvagem não necessitava de muitos adereços que os seres humanos sociais consideram indispensáveis. Em uma visão não apenas física, mas também moral é abordado que os homens sociais têm em si algo que os em estado natural não possuem, a vontade, essa que fala mais alto que a natureza e os leva a excessos que lhes fazem mal.

Uma grande diferença que há entre os indivíduos sociais e os naturais é a faculdade de aperfeiçoar-se, ou seja, o homem social a todo momento procura aprimorar-se enquanto o homem selvagem será sempre igual e irá agir unicamente por seu instinto. Entretanto, Rousseau mostra que isso não pode ser considerado uma vantagem para o homem em sociedade em virtude dessa qualidade levar o homem aos mais diversos males. Nessa perspectiva, o homem selvagem foi aos poucos aprendendo novos valores e atividades, como exemplo se tem a descoberta do fogo e do uso da palavra, as quais levaram o homem primitivo a outras conquistas, visto que a comunicação por meio da fala aproxima os homens.

É inferido que os homens em estado de natureza não tinham nenhuma relação moral uns com os outros sendo, assim, impossível serem bons ou maus ou terem algum tipo de vício ou virtude. A partir disso, se tem a conclusão de que o estado de natureza é o mais propício à paz e ao gênero humano, uma vez que a comiseração é mais aguçada no homem selvagem do que no homem civil, levando o indivíduo a socorrer quem sofre e, assim, a piedade substitui as leis, os costumes e a virtude no estado de natureza.

Além disso, outro aspecto que muito se diferencia nos homens selvagens e nos homens em sociedade é a paixão que, juntamente à imaginação, leva os homens civilizados a praticarem atos cruéis e violentos distinguindo-se do efeito que a mesma faz nos homens em estado natural os quais recebem calmamente os impulsos da natureza e sabem aproveitar todos os benefícios que ela traz. Ademais, começaram a ocorrer algumas mudanças com o homem selvagem, mudanças essas que acarretaram toda uma nova perspectiva em relação às relações dos homens uns com os outros e consigo mesmos, resultando em uma superioridade em relação a outros animais a qual começou a ser identificada pelo homem e usada a seu favor quando essas bestas o superavam em força ou em rapidez.

        À medida que esses progressos começaram a ocorrer no indivíduo primitivo verificou-se revoluções no modo de vida desses sujeitos como a distinção das famílias e das propriedades de cada uma, dessa forma, pais e filhos passaram a conviver juntos e a criarem laços a partir de sentimentos até então não existentes, de tal maneira que cada família se tornou uma pequena sociedade. Entretanto, isso não constituiu um avanço na visão de Rousseau, muito pelo contrário, compôs um novo estado de vida que limitou as habilidades do homem de arrumar um jeito para fazer as coisas por conta própria e, portanto, o enfraqueceu tanto em corpo como em espírito representando assim a primeira fonte das desgraças.

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