Resenha de Brasil (Neo)Medieval: Idiossincrasias de um uso do passado
Por: Rodrigo Batista • 7/5/2025 • Resenha • 916 Palavras (4 Páginas) • 8 Visualizações
Referência do texto resenhado:
RIBEIRO. Felipe Augusto. Brasil (Neo)Medieval: Idiossincrasias de um uso do passado. Blog do POIEMA. Pelotas: 20 jun. 2022. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/poiema/texto-brasil-neomedieval-idiossincrasias-de-um-uso-do-passado/. Acesso em: 10/12/2024.
Felipe Augusto Ribeiro, Doutor em História e Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Laboratório de Estudos Medievais (LEME). Em seu texto “Brasil (Neo)Medieval: Idiossincrasias de um uso do passado”, postado pelo site do Polo Interdisciplinar de Estudos do Medievo e da Antiguidade (POIEMA). Esse Polo, tal como o texto do Felipe Ribeiro, tem como objetivos a atualização do conhecimento acerca do medievo e da antiguidade e a compreensão de suas releituras pelos séculos posteriores. Além de compreendermos, segundo o ator, o que está por trás de cada ato de manipulação da história.
O texto de Ribeiro (2022) se inicia com um debate muito pertinente sobre o porquê estudar a Idade Média no Brasil. O autor explica que embora a “Idade Média” e “História Medieval” são categorias heurísticas e eurocentradas, o estudo do medievo “mesmo sem pertencer, prioritariamente, à nossa história nacional está presente no Brasil, em vários lugares, de vários modos” Ribeiro (2022, p.1). Portanto, para o autor, o estudo da História Medieval não deve ser encarado como um desperdício de tempo e dinheiro investindo num patrimônio, memória e história alheia.
O autor a partir da análise da instrumentalização de valores considerados medievais para a atuação na realidade brasileira contemporânea se debruça a entender essas séries de apropriações tanto dos setores sociais e políticos ditos progressistas quanto daqueles identificados como conservadores.
Com base nessa análise do texto de Felipe Ribeiro podemos entender que, no que se refere ao contexto brasileiro recente, essa nostalgia romântica pela época de fé autoridade e tradição, que segundo Franco Júnior (2001) buscava na Idade Média um remédio à insegurança e aos problemas decorrentes de um culto exagerado ao cientificismo, o que mostra-se relacionada à retomada de valores ocidentais cristãos, que de acordo com Lanzieri Júnior (2021, p.44) teriam
o condão de nos reconectar com uma suposta ancestralidade civilizacional europeia capaz de nos retirar do caos representado pela ascensão de ideias e posturas abertas à diversidade e à inclusão consideradas germes de nossa degenerescência política, econômica, social e cultural. Na companhia desses nobres, a figura vigilante do cavaleiro abnegado a representar a ordem e a proteção e a do mestre intelectual arguto e introspectivo a dar o verniz derradeiro de conhecimento à estrutura formada e a educar os privilegiados que dela puderam participar.
Ribeiro (2022) qualifica que esses valores evocados estão articulados em torno de quatro grandes eixos: para os brasileiros, a Idade Média teria sido um período beligerante e violento; cristão e, portanto, avesso a qualquer outra forma de religiosidade; de hegemonia racial branca; de dominação masculina, viril, misógina e heteronormativa. Assim o autor nos faz compreender a recorrência do estereótipo de “cavaleiro medieval”: ele encarna todos os traços supracitados numa figura só. Por isso o cavaleiro se configura como uma das imagens centrais para se lembrar a Idade Média, seja de forma laudatória, seja de forma crítica.
Para ajudar a compreender esses aspectos Ribeiro (2022), por meio de uma via teórica bastante consolidada para o estudo das percepções e usos do passado pelas sociedades modernas e contemporâneas, nos apresenta o conceito do (neo)medievalismo, que pelas próprias palavras do autor resumidamente
Se o medievalismo procura
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