A TRAJETÓRIA ESCOLAR

TRAJETÓRIA ESCOLAR

Chamo-me Gilvanês Pereira de Sousa, nasci no dia 27 de março de 1977. Iniciando o processo educacional como estudante só em 1984 com 07 anos de idade e sendo esta a primeira vez a ter contato com uma instituição educacional. O primeiro passo, no processo de aprendizagem a ser desenvolvido foi conhecer o alfabeto para aprender a escrever o nome, esta ideia era colocada praticamente todos os dias pela professora e também pela minha família, acreditando eu que ao aprender a escrever meu nome não haveria mais necessidade de ir à escola.

Percebo agora que a pedagogia utilizada pela professora que tinha o ensino fundamental incompleto era pautada na tradicional. Era uma escola rural, e a secretaria de educação se responsabilizava apenas com o pagamento do salario da professora, ela não tinha nenhum acompanhamento pedagógico nem suporte em material didático. As aulas eram expositivas e o aluno não podia falar somente ouvir. A professora tinha total apoio da família para exercer um papel extremamente autônomo perante o aluno.

No segundo ano como estudante, lembro-me que trocou de professora e o pessoal da secretaria de educação passavam se não estiver engado uma vez por bimestre trazendo material pedagógico, merenda e se reunia com a professora, imagino que era pra oferecer suporte pedagógico. Recordo bem que a dinâmica desta segunda professora era pouco mais liberal esse, liberal no sentido de aproximação, através de brincadeiras, músicas e competições a gente se sentia mais familiarizado. Porem permanecia a total autonomia da professora.

Assim ocorreu minha trajetória dos anos iniciais, percebo que ouve avanço na participação do aluno na dinâmica das aulas talvez, uma ideia da Escola Nova já estava sendo implantada.

Fui reprovado na terceira série, no entanto o sistema educacional era seriado. Na quarta série meu pai achava que não precisaria mais de estudo, pois, já sabia ler e escrever agora era hora de se dedicar ao trabalho, dizia ele, a idade competia e me tirou da escola depois do meio do ano para trabalhar. Perdi mais um ano. Depois de quatro anos por insistência de minha mãe voltei para escola novamente e estudei só dois anos, terminei a quarta série e fiz a quinta série e parei novamente por falta de condições. Teria que morar na cidade e meus pais não tinham condições para os filhos ficarem na cidade.

Nesse período dos dois anos em que estudei quarta e quinta série me recordo que o aluno já tinha uma autonomia dentro de sala de aula para questionar, indagar e sanar suas dúvidas... Seria, a Pedagogia Renovada (movimento da Escola Nova).

Seis anos depois, ou seja, no início de 2001, por causa de um acidente no trabalho em que fraturei o braço, ficando assim impossibilitado de exercer as atividades cotidianas. Resolvi voltar para escola, no primeiro momento era apenas para ocupar o tempo e encontrar com amigos todos os dias, que depois de um mês esta concepção mudou, percebia nos conteúdos estudados a clareza do mundo existente e a necessidade de conhecê-lo, as minhas necessidades enquanto indivíduo que precisa perceber e fazer parte da historia humana, do mundo do trabalho, das relações sociais e a única maneira de explorar esse universo, estava bem claro para mim que era através da educação.

Nesse período de ensino fundamental e a educação em Mato Grosso já organizada por ciclo, o aluno possuía total liberdade em participar das discursões e debates, instruídos a partir do livro didático e, com mediação do professor que por sua vez possuía uma formação superior, quase sempre em Pedagogia. A tendência é da Pedagogia Libertadora e a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos visando valorizar a educação popular, valorizar a escola pública e o trabalho do profissional (professor). Onde professores e alunos são responsáveis para superação da desigualdade social e do sistema capitalista de organização da sociedade.

Estudai até o segundo ano do ensino médio regular em salas anexas e, em 2005 entrei em um projeto de educação do ensino médio do campo para o campo. O projeto era de três anos para atender jovens e adultos do campo que não tinham o ensino médio. Estudei os três anos no projeto, terminando o ensino médio em 2007. Este projeto fazia uso da Pedagogia de Paulo Freire onde o ensino partia da necessidade local. Era feito diagnostico da realidade através de projeto de pesquisa com acompanhamento de uma pessoa da seduc uma vez por semestre e, os conteúdos ministrados a partir da realidade da comunidade campesina. Os estudantes se reunião por mesas de estudo que variava de quatro a sete pessoas por mesa, uma vez por semana