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Resenha: O Príncipe

Por:   •  18/5/2018  •  Resenha  •  1.705 Palavras (7 Páginas)  •  163 Visualizações

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Resenha

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. 1ed. Editora Ideia jurídica, 2014.

Juliana Simões de Lima

        Nicolau Maquiavel viveu entre o final do século XIV e começo do século XV. Época em que o renascimento voltava com toda sua tradição Humanista e Realista, tendo como principal centro, Florença, sua cidade natal. Aos 29 anos, foi nomeado Chanceler, cargo preenchido por pessoas que tinham mais estudo na área de História. Sua biblioteca também preenchida com muitas obras lhe permitiu uma base pra todo conhecimento adquirido,logo foi considerado um condottiere, por conduzir as relaçõe exteriores avaliando todas estratégias possíveis. Com a chegada dos Médici no império, maquiavel foi exilado, por conta de supostas acusações de que ele queria derrubar o império do príncipe médici, perdendo seu cargo público. O que parecia desastroso, logo foi útil. Durante o período do exílio maquiavel escreveu de forma que marca até hoje a filosofia de a ciência política, devido a importância das obras.

        Maquiavel em termos aristotélicos pode ser considerado um animal político, pois segundo algumas hipóteses permanecia na busca infinita de voltar ao seu antigo posto ou a algum cargo que fizesse jus a todo seu conhecimento trabalhando por anos, e durante esse período de afastamento, em 1513, ele escreve sua mais famosa e polêmica obra: O Príncipe, famosa até os dias de hoje por ser usada como fonte de estudos políticos e polêmica, por separar moral e ética de política, indo contrário a igreja que dizia que os dois tinham que andar lado a lado.

        O livro, que pode ser considerado manual de como se governar, se inicia com uma breve apresentação, para que  o príncipe Lorenzo de Medici se interessasse pela obra, e não apenas aceitasse-a como um presente comum, mas como um manual de auto ajuda de como se deve governar.  Esse livro foi escrito em um gênero literário chamado  “espelhos de príncipe”, onde maquiavel realizou uma ruptura com o modelo de espelhos de príncipes medievais. Essas obras medievais diziam que a o príncipe deveria estar indissociável da ética religiosa. Maquiavel, queria ou não uma ruptura com a república?

O florentino trará uma peça chave de seu raciocínio retomada ao final do livro que se baseia em dois conceitos chaves: A virtú e a fortuna, e é muito importante frisar que o conceito de virtú não se assemelha na virtude cristã, nem tampouco o de fortuna como sinônimos de desígnio divino. O autor deixa claro durante o livro sua oposição aos pensamentos e mandamentos cristãos, explicando esses dois conceitos de forma que possa ser entendido claramente. Aqui, quando o príncipe usa de seus méritos e de suas sabedorias podemos chamar de virtu, porque se prepara para o poder e estuda para deixar menos margem de erro pra ser pego de surpresa. Diferente da fortuna que claramente confia na sorte - para o bem ou para o mal - e com obras do acaso, sem se preocupar com possíveis ocasiões de guerra e tomada de poder, a fortuna não manifesta o seu poder onde há forças organizadas que lhe resistem, ou seja, se você se antecipa, menos chances terá da margem de erro atingi-lo.

        Logo que se inicia o livro, uma frase essencial para um longo Governo é escrita de Maquiavel ao Príncipe. “assim, também para conhecer bem a natureza dos povos é necessário ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é necessário ser povo…” (Maquiavel, p 12, 1513.) Entende-se que o autor fez uma pesquisa de campo para trazer argumentos sensatos de como o príncipe deve agir, muito também do seu trajeto na política, com experiências de governos antigos que logo se perderam, pois seu contato com o povo era restrito e não se entendia como o povo agia em relação a algumas tomadas de decisões feitas pelo príncipe, ficando mais difícil de se prevenir contra as represálias e rebeliões.

        Para ser nomeado príncipe, um ponto muito importante deve ser analisado, como vemos logo nos três  primeiros capítulos do livro. Como ele pode ser adquirido? 

         Com Maquiavel trabalharemos com duas formas de ascensão em diferentes principados; os hereditários são afeiçoados à família e é conquistada sempre pela consanguinidade dos membros, assim se torna mais fácil de mantê-lo, pois bastava que não abandonasse a prática dos antecessores e se mantivesse seguindo as práticas antigas de governo, se preparando para mudar de ideia apenas quando necessário, assim se manterá no seu Estado. Os principados mistos são aqueles que um membro é juntado a um estado hereditário, as vezes, utiliza-se armas e sobretudo o auxílio dos habitantes  que querem mudar de senhor, julgando melhorar, logo que são induzidos a pegar armas e lutarem contra os governantes atuais, abrindo caminho para os novos, que em geral, só pioram a condição do estado.  Quando se conquista, e deseja conservar os principados que se regiam por suas próprias leis, tres atitudes são essenciais para o seu sucesso. Primeiro: arruinar o Estado, pois quem se torna senhor de uma cidade normalmente livre e não a destruir, possivelmente será destruído por ela. Segundo; deixá-los viver com suas leis, arrecadando impostos e criando um governo de poucos, que se limitam a somente amigos. E terceiro; ir habitar para realmente entender o que se passa na província, podendo evitar longas rebeliões contra seu atual governo.

        Outro pensamento muito importante de Maquiavel é quando diz que um líder precisa combinar qualidade humanas com qualidades animais, exemplificando-as dizendo que a raposa é perspicaz e habilidosa, enquanto o leão é forte e amedrontador. Logo explica que não se pode agir somente como uma raposa esperta, você precisará da força de leão para se manter estável, enquanto ser leão somente é perigoso pois em qualquer momento pode cair alguma armadilha. Portanto, como governante, é preciso ser conciso, com atitudes honestas e gentis, quando quebram as promessas, deve se agir com crueldade. Para o autor as injustiças devem ser feitas todas de uma vez só, o mal, todo de uma só vez, o ataque também. Porque para ele os malefícios devem ser vividos numa única e breve vez para que rapidamente caia no esquecimento do povo, ao passo que, quando se faz um bem aos poucos, o povo deve conseguir apreciar esse momento por mais tempo, não se rebelando contra o príncipe, e sempre se mantendo gratos ao seu benfeitor.

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