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Resenha do Artigo Sobre a História e Historiografia das Mulheres

Por:   •  6/5/2019  •  Resenha  •  987 Palavras (4 Páginas)  •  300 Visualizações

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Resenha: Sobre História e Historiografia das Mulheres. MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. In: Caderno Espaço Feminino, v.31, n.1., jan/jun. Uberlândia, MG: EdUFU, 2018 [pp.147-166].

Autor: Lucas Zacarias Souza Silva.

O artigo Sobre História e Historiografia das Mulheres da professora Diva do Couto Gontijo Muniz, foi realizado com a intenção de apresentar uma visão histórica acerca da construção da História das Mulheres e dos Estudos de Gênero, relacionando-os com as conquistas feministas, não deixando de problematizar alguns aspectos da formação dessas disciplinas. A autora utiliza, como metodologia, a pesquisa bibliográfica e crítica, para expor seu julgamento ao “modo dominante de produção do conhecimento científico, pensado e praticado no masculino, centrado no        conceito        universal        de        Homem”. Como diz Mary Del Priore (1997, p. 9), a necessidade de se fazer uma História das Mulheres, reconhecer sua historicidade é, “para fazê-las existir, viver e ser”. Para além disso, a necessidade de escrever a História das Mulheres remete também, como afirma a autora, à necessidade humana de se localizar no tempo, de pensar a mulher em sua complexidade, diversidade,

singularidade, como agentes históricos.

Em sequência ao valor secundarista que foi – e tem sido – dado à mulher na escrita da história, em 1989, a Revista Brasileira de História publicou o dossiê “A mulher no espaço público”, organizado por Maria Stella Martins Bresciani. A partir disso várias mudanças ocorreram no campo histórico, dentre as quais, a necessidade de (re)escrever uma história onde as mulheres sejam protagonistas. Uma história empenhada com a “descoberta de faces diversas, inusitadas, que povoaram o caminhar humano, ocultas à pesquisa pelos modos interpretativos do patriarcado”, como afirma Tania Swain (2014, p. 6-7). Dessa maneira, a autora afirma que o maior desafio para incluir a mulher nas narrativas históricas é o de quebrar a visão de caráter “secundário”.

Essa inclusão da mulher nas narrativas históricas, foi mais ou menos próxima ao direcionamento das conquistas feministas, tendo incorporado muitos de seus pensamentos. Em Feminismo e História das Mulheres, Muniz relaciona os feminismos com a História das Mulheres, além de evidenciar que as feministas que começaram a revelar a presença ativa das mulheres, como sujeitos políticos, sociais e também históricos, e a questionar a construção dos papéis da mulher e do homem na história. Ao fazer tal questionamento, a crítica feminista apontou o quanto “os padrões de normatividade científica mostram-se impregnados por valores masculinos, raramente filóginos”, como avalia Margareth Rago (2000, p. 29). Isso foi indispensável para se repensar a forma de se fazer ciência – e história – até então hegemônica. Além disso a crítica feminista foi responsável pela produção de uma epistemologia própria, reconhecida como Estudos Feministas, com críticas ao sexismo na estruturação das ciências e das relações sociais.

Muniz ainda afirma que um “olhar feminista sobre os documentos abre possibilidades de se construir narrativas outras, desatreladas da lógica patriarcal, androcêntrica e heterossexual”. Narrativas onde “humano” não seja sinônimo do “homem”. Contribuindo para a construção de uma nova memória social, com um novo sujeito feminino, político, filosófico, artístico, que não  é “secundário”, isto é, ocupa um espaço de existência. Todavia, a História das Mulheres, como áera disciplinar, não rompeu por completo com a lógica patriarcal, onde a ação político-social  das mulheres é “esquecida”. Substancialmente, a proposta de uma (re)escrita da história nos termos propostos sob a perspectiva do gênero, não atingiu posição de centralidade do “homem”,


como sinônimo de “humano”. As mulheres ainda ficaram incluídas como o o “secundário” e estudadas em um domínio próprio, específico, para falar sobre elas. Ou seja, a intervenção da História das Mulheres, embora inovadora, ainda não foi capaz de romper com tal lógica.

A inclusão das mulheres como sujeito das narrativas históricas é recente e ocorreu a partir da crítica interna da disciplina, e de questionamentos de seus postulados. A posteriori, a “virada linguística” opera uma mudança com uma perspectiva de História “prática instituinte do real”, como sublinha Margareth Rago (1995, p. 8). Com as mudanças ocorridas no campo, incorporou- se sujeitos até então excluídos do discurso historiográfico, as pessoas comuns, as mulheres. Essa inclusão evidencia a urgência da História das Mulheres, em meio às mudanças na historiografia e às conquistas feministas e das mulheres em defesa da igualdade de direitos. No Brasil, assim ao que ocorreu nos Estados Unidos, na França e Inglaterra, historiadoras e alguns historiadores têm, a partir da década de 70, documentado a presença das mulheres na história, produzindo-se “todo um aparato de tecnologias sociais produtoras e disseminadoras de conhecimento sobre as mulheres”. Porém esse tema ainda permace atravessado por tensões provocados pelos padrões estabelecidos na disciplina. Trata se de hierarquização que, ao que afirma a autora, expressa a violência praticada no campo da História contra as mulheres; primeiramente, pela exclusão e depois pela inclusão diferenciada e desigual (MUNIZ, 2015, p. 322-323).

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