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Resenha do Livro A interpretação social da Revolução Francesa

Por:   •  6/3/2016  •  Resenha  •  1.502 Palavras (7 Páginas)  •  1.283 Visualizações

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COBBAN, Alfred. A Interpretação Social da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Jorge Zarar Editor, 1989.

Resenhado por Leonardo Rodrigues de Castro

Nascido e educado em Londres, Alfred Cobban (1901-1968), um dos mais respeitados intelectuais da Europa, foi professor de história francesa no University College, de Londres, e autor de inúmeros livros sobre o assunto, como o alentado A hystory of Modern France, em três volumes.

A dedicação de Cobban aos estudos da História Francesa levou a escrever, em 1964, o livro A Interpretação Social da Revolução Francesa que apresenta uma visão realmente nova da revolução. Neste trabalho ele sustenta que os revolucionários de 1789 faziam parte de um grupo em declínio, forçado a destruir o feudalismo contra a própria vontade sob a pressão dos camponeses.

Este trabalho tem por objetivo fazer uma resenha do livro A Interpretação Social da Revolução Francesa, que primeiramente o autor fala a respeito da situação atual da história, de como acontece o aparecimento expressivo de trabalhos, livros relacionados ao estudo da história e que ela vai se transformando a partir do momento que os historiadores e seu mundo vão se transformando , podendo relacionar com a famosa frase de Lucien Febvre que diz “a história é filha de seu tempo”. Ele afirma que atualmente tudo no estudo da história faz parte do pensamento contemporâneo e que os historiadores de gerações antigas tinham uma visão mais superficial e desprovida de autocrítica.

Direcionando a Historia da Revolução, alguns grandes historiadores como George Lefebvre afirmam que a revolução foi uma longa evolução politica e econômica que levou a burguesia a soberania do mundo. No contexto da revolução, A França do século XVII era uma sociedade feudal sendo atacada pelo povo, da mesma forma que a Revolução Inglesa foi uma revolta burguesa contra o feudalismo. Porém o autor contesta essa questão de que a burguesia foi à causa da abolição do Feudalismo, se é que houve uma abolição. Determinar uma história social na Revolução foi uma tentativa de estudos sociológicos, porém o desejo de estabelecer uma teoria sociológica geral, que seja aplicável para toda a trajetória humana é incompatível com a história critica, principalmente no contexto da Revolução.

O autor aponta que as sociedades se modificam e os termos utilizados para as categorias sociais também mudam, como é o caso de termos utilizados tanto na Inglaterra quanto na França, porém de significados diferentes, sendo que isso acontece porque as estruturas sociais dos dois países eram bastante diferentes. Em relação à sociedade francesa, era difícil estabelecer uma objetividade nas classes sociais, estabelecer quais pessoas pertencia à determinada classe porque se percebia varias nomeações diferentes, não somente simplificadas pelo sentido geral como Burguesia, Paysan e Nobreza. A questão da posição, da classe social a qual uma pessoa pertencia era preponderante, pois se avaliavam vários aspectos como fortuna real e sua origem, fontes de renda, status e prestigio social e entre outros. O entendimento dessas classes é preciso para entender o real motivo da revolução, quem se beneficiou? Quem ascendeu? Quem se prejudicou? Quais classes foram realmente predominantes e tiveram participação ativa na Revolução? Essas são perguntas que o autor busca responder e mostrar que questões devem ter uma analise mais sucinta de como ocorreu, como é o caso do feudalismo na França e da burguesia.

De acordo com historiadores, a Revolução Francesa foi o evento que acabou finalmente com o feudalismo, no entanto o autor constata que nem os historiadores da época seriam capazes de estabelecer o significado de feudalismo. Mas na França, o feudalismo foi tido como inimigo numero um da revolução. A própria assembleia constituinte aboliu o feudalismo mesmo que de certa forma o restaurava nos artigos subsequentes. A respeito da relação entre as classes e as propriedades, eram mantidas pelos direitos feudais. Os nobres eram os que mantinham além da terra o titulo de senhor feudal, como a terra podia ser comercializada poderia ser adquirida por um plebeu, que mesmo com a terra não possuía ainda o titulo de nobre desejado. Contudo, os direitos senhoriais passaram a ser transmitidos para as mãos dos não-nobres, ou seja, plebeus passaram a ter os direitos de senhores feudais. Com isso, percebe certa ascensão da classe que além de conseguir a terra, conseguiu os direitos, se estabelecia já o caso de muitos nobres, que perdiam seu status social, chegaram a ocupar cargos inferiores. O autor deixa bem claro que o feudalismo representado nesse período era os direitos senhoriais, atacar os direitos senhoriais era atacar ao feudalismo, e quem principalmente queriam essas medidas eram os camponeses que sentiam a ascensão de uma nova classe que abusava dos tributos.

Os direitos senhoriais sobreviveram e foi objeto de ataque generalizado, mas principalmente do campesinato já que como Cobban afirma a burguesia nunca teve o interesse de atacar os direitos senhoriais. Os citadinos pouco fazem alarde a respeito de tais direito, mas em relação ao campo, muito se protesta e se pedi que esses direitos sejam suprimidos. Um direito senhorial que os habitantes da cidade se opunham tratava-se do franco-feudo que deveria ser pago a coroa uma parte do feudo mediante transação de um nobre para um não-nobre. Contudo, foi mediante a pressão dada pelas revoltas camponesas que a assembleia nacional deu o passo decisivo para a extinção desses tributos. Foi nessas discursões que se enfatizou a intenção de acabar com o feudalismo. Então se percebe que intenção de extinguir o feudalismo não partiu da burguesia, mas sim dos camponeses, e a burguesia era contra a extinção dos tributos e direitos senhoriais, principalmente a partir do processo de decapitação de terras pela classe comerciante. Esse processo desencadeou um descontentamento da classe camponesa que se queixava da venda de terras para senhorios burgueses que lhes aplicavam tributos exorbitantes. Acontece a ascensão capitalista na zona rural que de nada agradou aos camponeses que sofriam com fraudes e abusos dos novos senhores. Isso ocasionou a Revolução rural não contra o feudalismo, mas contra a comercialização crescente e que não foi um movimento “burguês”, mas estava em parte direcionado contra a penetração dos interesses burgueses na zona rural.

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