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Estratégias de Leitura em Letras

Por:   •  17/9/2017  •  Artigo  •  5.328 Palavras (22 Páginas)  •  235 Visualizações

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ESTRATÉGIAS DE LEITURA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: DIRECIONAMENTOS POSSÍVEIS 

ALVES, Aline Fantinel (UPF)

CAMPESATTO, L. A. (URI)

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo consiste na síntese das idéias teóricas centrais da monografia de conclusão do curso de especialização da autora, que tratou principalmente da questão das estratégias de leitura aplicadas às provas de proficiência de mestrado e doutorado de algumas das principais universidades públicas e privadas do sul do Brasil, sendo que as mesmas podem ser utilizadas, principalmente por leitores não-proficientes, para a leitura e compreensão de textos acadêmicos e científicos, de provas de proficiência, de vestibular, de concursos públicos, em qualquer língua estrangeira, especialmente inglês. Nessa perspectiva, ele faz uma retomada das noções principais de leitura e compreensão textual, focando principalmente a questão da leitura estratégica e das estratégias de leitura.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Considerações gerais sobre leitura

De modo geral, a leitura pode ser caracterizada como um processo de comunicação complexo em que há interação psicolingüística entre o leitor, o texto e o autor em uma determinada situação ou contexto, de modo que ele, leitor, possa construir uma representação significativa do mesmo. Tudo isso graças à associação do seu conhecimento conceptual e lingüístico com pistas existentes no próprio texto. Assim, percebe-se que “a leitura faz sentido quando os leitores podem relacioná-la ao que sabem e é interessante e relevante quando pode ser relacionada ao que o leitor quer saber” (SMITH, 1989, p. 84).

Nessa perspectiva, ela também pode ser definida como uma experiência individual que não tem limites, e que não depende somente da decodificação dos aspectos gráficos, mas de todo o contexto que tem uma relação íntima com a experiência de vida do indivíduo. Isso ocorre de tal forma que ele é capaz de associar o seu conhecimento lingüístico e de mundo às pistas que são encontradas no texto, de modo a ajudá-lo a construir o seu significado. Marcuschi (1985) reforça essa idéia, afirmando que o processo de leitura pode ser visto como um processo de seleção, que não ocorre de forma linear, mas progride em pequenos blocos com avanços e predições, recuos para correções, e que pode não produzir compreensões definitivas.

2.2 Compreensão leitora

Considerando-se esse aspecto indissociável da atividade de leitura, percebe-se que há inúmeros fatores que interferem na compreensão de um texto; dentre eles, merecem destaque: as habilidades lingüísticas e cognitivas, a estrutura textual, as limitações da memória, o objetivo da leitura e o conhecimento prévio. Contudo, é necessário levar em conta o fato de que o ato de ler não é apenas um simples ato de decodificação de palavras, mas uma permanente construção de sentidos e significados.

Contudo, é necessário levar em conta o fato de que o ato de ler não é apenas um simples ato de decodificação de palavras, mas uma permanente construção de sentidos e significados, através de uma espécie de “jogo psicolingüístico de adivinhação”, do qual, de acordo com Goodman (1976), a palavra e o pensamento participam continuamente, e apenas algumas informações do texto são usadas; outras, desprezadas. Ainda, em relação a isso, o mesmo autor afirma que

se ler é um jogo de adivinhações, mesmo quando a maior parte das palavras e convenções discursivas são familiares, será mais ainda um jogo de adivinhações quando grande parte das palavras e convenções discursivas forem desconhecidas ou pouco compreendidas (Ibid., p.206).

Logo, “a compreensão depende de quão bem o autor constrói o texto e de quão bem o leitor o reconstrói e constrói o significado” (GOODMAN, 1991, p. 12). Marcuschi (1996), também concebe a compreensão textual como sendo, em grande parte, um processo dedutivo e inferencial, no qual os leitores constroem o sentido do texto, partindo de informações textuais, isto é, reveladas pelo próprio autor, e não-textuais, ou seja, seu conhecimento de mundo. Nesse sentido, Kleiman (1992) afirma ser a leitura e, conseqüentemente a compreensão de um texto, um processo interativo em que há a ativação do conhecimento prévio do leitor, a fim de construir o sentido do que lê. Assim, segundo ela, não pode haver compreensão sem a sua associação com esse tipo de conhecimento que pode vir a facilitar ou a dificultar a compreensão de um texto qualquer.

Assim, segundo Kintsch e Van Dijk (1985), pode-se asseverar que, conforme o leitor vai processando, ativando e juntando as informações que já estão armazenadas na memória de longo prazo com as novas, que são transitórias e mantidas na memória de curto prazo, ele vai aos poucos construindo e desenvolvendo a chamada compreensão leitora, que envolve inúmeros processos cognitivos, também chamados por Kleiman (1989) de faculdades, a partir dos quais, os conhecimentos que o leitor possui e necessita ativar para resolver determinada tarefa são ativados, principalmente, pelo uso de certas estratégias de leitura que, segundo Coady (1997), podem ser: estratégias processuais, conhecimento prévio e habilidades conceituais.

2.3 Estratégias de leitura

Tendo como ponto de partida as pesquisas de Brown (1980), Baker & Brown (1984), Kato (1999) e Oxford (1990) sobre leitura, tanto em língua materna quanto em Língua Estrangeira (daqui por diante representado pela sigla LE), não se pode negar que o bom desempenho na compreensão de textos está mais intimamente associado às habilidades específicas que o leitor emprega ao ler um texto do que à sua capacidade lingüística.

Logo, faz-se necessário perceber que o processo de leitura, além de estar relacionado com a compreensão total ou parcial do texto, engloba mecanismos que permitem ao leitor lidar e superar suas deficiências no domínio do vocabulário e da estrutura textual, principalmente em LE. Por isso, “para o leitor alcançar um bom entendimento do texto, construindo adequadamente seu sentido [...], são adotados alguns procedimentos: as estratégias de leitura” (SOUZA, 2003, p. 119), que podem ser caracterizadas como ações, técnicas, comportamentos ou procedimentos específicos utilizados pelo leitor, de forma consciente ou não, que vão se juntar às suas habilidades lingüísticas, de modo a alcançar um objetivo e facilitar a execução de determinada tarefa textual (Oxford, 1990). O desenvolvimento, pois, dessas estratégias de leitura pode tornar o leitor mais eficiente, não apenas na LE, mas também na LM. Isso porque, durante esse processo, ele toma consciência que

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