Resenha Critica - As Andorinhas, Paulina Chiziane

CHIZIANE, Paulina. As Andorinhas. Belo Horizonte: Nandyala, 2013, 96 p.

Paulina Chiziane iniciou sua atividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa. Foi a primeira mulher de Moçambique a publicar um romance, “Balada de Amor ao Vento” em 1990. As suas escritas geraram discussões polêmicas sobre assuntos sociais, tal como a prática de poligamia no país. Suas obras falam das vivencias tradicionais de seu povo em uma África passada e presente, que a autora articula, promovendo, na escrita literária, representações ficcionais da oralidade no papel.

“As andorinhas” é constituída de três contos que fazem referência à liberdade através da simbologia das andorinhas. Inspira-se em figuras históricas importantes a constituição da identidade moçambicana. Os heróis nacionais tratados na ficção da autora, entretanto, são narrados como personagens provenientes do universo mitológico. A escritora Chope, filha de alfaiate de esquina e de uma camponesa dona de casa, usa o seu poder de contadora de histórias para partilhar o percurso de três personalidades, desafiando seus leitores à um debate sobre o passado e o presente em Moçambique.

O seu primeiro conto, Quem manda aqui?, nos mostra um imperador que acredita no caráter ‘feminino’ da natureza no que é relativo à submissão, tendo como tema a busca pela liberdade. Focaliza dois núcleos narrativos, a viagem empreendida pelos soldados e o exilio de Ngungunhana na ruína de seu império.

No segundo e mais longo conto, Maundlane, o Criador, Chiziane nos faz analisar o simbolismo da águia e sua relação com o herói apresentado, um herói que resiste à opressão do colonizador

Mutola, o terceiro e último conto da obra apresenta uma figura do presente histórico moçambicano e que diferente dos outros protagonistas retrata uma personalidade contemporânea. Uma heroína, que vence mesmo com todas as dificuldades

Assim, podemos perceber a luta coletiva dos heróis pela liberdade, tanto no campo político e social quanto pela liberdade individual. Nessa lógica, As andorinhas problematizam fatores econômicos e políticos da atual vivência moçambicana, assim reposiciona os heróis falecidos como testemunhas oculares do momento vivido no país.