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Resenha crítica – O legado de Griot

Por:   •  31/5/2018  •  Resenha  •  848 Palavras (4 Páginas)  •  211 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO[pic 1]

FACULDADE DE LETRAS

[pic 2]

ALUNAS:

MARCIA CARMELITA DE PAULA

AMANDA DE SOUZA TAVARES

RIO DE JANEIRO

2018

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Faculdade de Letras

Disciplina: Poesia Africana

Professora: Vanessa

Alunas: Marcia Carmelita de Paula (DRE: 114072361) e Amanda de Souza Tavares (DRE: 114080479)

Resenha crítica – O legado de Griot.

Segundo Nora (1993, p. 9):

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, suceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. [...] Porque é efetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam, ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura. A memória instala a lembrança no sagrado, [...] emerge de um grupo que ela une, o que quer dizer, como Halbwachs o fez, que há tantas memórias quantos grupos existem, que ela é, por natureza, múltipla e desacelerada, coletiva, plural e individualizada.

Comparar a pedagogia da oralidade com a pedagogia da escrita chega a ser uma covardia. Não há nada mais rico, envolvente e encantador do que presenciar o processo ensino/aprendizagem através da oralidade. Em seu processo não há desvios de atenção, distração ou falta de interesse, pois a história, os ensinamentos ganham vida na voz do seu transmissor.

É fantástico perceber essa verdade através do filme “O legado de Griot”. Enquanto o que é ensinado na escola precisa ser revisto, relido e reforçado para que seja apropriado pelo pequeno Mabo, as verdades passadas por Djéliba são absorvidas naturalmente e de forma empolgante. Enquanto a linguagem escrita amarra, padroniza, engessa o ensino, a linguagem oral liberta, empolga, fascina... Na oralidade do Griot, passado e presente se misturam, fazendo com que o ouvinte consiga sentir a força de seus antepassados.

Não se pode afirmar ao certo, quando a escrita se sobrepôs à oralidade, assumindo lugar de maior importância a ponto de levar muitos a supervalorizar àquela e menosprezar esta. O fato é que a escrita, apesar de possibilitar preservação de histórias, verdades e fatos de um passado distante que teriam caído no esquecimento não fossem estes grafados e arquivados, este mesmo processo de preservação roubou destas histórias, verdades e fatos, a riqueza que certamente ganhariam caso fossem repassadas através da memória de um Griot. Isso porque, como diz Nora no texto citado acima, “Porque é efetiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes que a confortam, ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais ou flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências, cenas, censura”.

Não há como comparar a força da linguagem oral e a da linguagem escrita. Seria uma covardia. Enquanto a linguagem escrita coloca o ensino dentro de uma fôrma onde, independente de quem o transmite, este será sempre igual, a linguagem oral vem revestida da mágica, da sabedoria, da vivência e da riqueza pessoal de quem transmite o ensino.

Ao contrário do que se pode pensar, seria um erro afirmar que o povo do Mali, bem como outros povos que ainda valorizaram a oralidade em detrimento da escrita, fazendo com que a primeira se sobressaia à segunda, preservando a oralidade como forma de transmissão de conhecimento, o fazem por falta da grafia. Ao contrário disso, é possível afirmar que o fazem por entenderem que a tradição oral é a mais genuína e a que mais se aproxima da força que a memória e a ancestralidade realmente têm.

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