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Seis Propostas para o Novo Milênio: Lições Americanas (Ítalo Calvino)

Por:   •  6/9/2018  •  Artigo  •  1.122 Palavras (5 Páginas)  •  278 Visualizações

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Seis Propostas para o novo milênio: lições americanas (Ítalo Calvino)

Análise da Conferência Rapidez

Por Emmanuel Marques

No fim do século XX, Ítalo Calvino, conhecido não só pelas suas obras de ficção como seus ensaios produzidos ao longo de sua carreira, foi convidado a participar de uma conferência na Universidade de Harvard, contudo, devido a sua morte, ela nunca foi apresentada pelo literário. Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade e Multiplicidade são as cinco conferências que Ítalo Calvino tinha deixado devidamente organizadas, ainda que faltasse uma sexta, a Consciência, que nunca foi escrita, pois ele pretendia dissertar quando estivesse em território americano. Mas mesmo após sua morte, sua conferência foi apresentada ao mundo; elas constam no livro intitulado Seis propostas para o próximo milênio, lançado, aqui no Brasil, pela Editora Companhia das Letras, com tradução de Ivo Barroso, em 1990.

O milênio que Calvino viveu assistiu a universalização do livro juntamente com um período de industrialização intensa. Sendo ele um literário, preocupou-se em pensar “Qual seria o futuro da literatura neste próximo milênio que viverá uma era pós-industrial?”. Em suas conferências, esta resposta não é encontrada, contudo, entende-se que estas seis propostas são características literárias que devem permanecer para que a Literatura continue cumprindo seu papel no campo social. As Seis propostas para o novo milênio acabaram se tornando o retrado do autor e seu anseio em conjugar a clareza da linguagem com a densidade e complexidade das estruturas narrativas.

Em outro livro, Calvino apresenta um pensamento bastante importante, que conecta sua obra ao seu conceito sobre o que é a literatura e qual seu papel no campo social: “A literatura (e talvez somente a literatura) pode criar anticorpos que coíbam a expansão da peste da linguagem”. Compreendendo a literatura como instrumento de comunicação (assim como a linguagem), nos deparamos com o conceito de linguagem literária e linguagem não literária. A literatura é uma arte, uma manifestação estética de grande valor para o mundo e como toda arte, possui um objeto estético, aquilo que está presente no mundo e que deve ser recriado, afinal, a literatura recria as palavras e é por isso que muitos a conhecem como a arte da palavra, mas não é válido afirmar que a Literatura é a arte da palavra sem antes compreender o que é arte. Pois, se Literatura é uma manifestação artística, é de vital importância o entendimento da palavra arte para que seja possível trabalhar com os conceitos de Literatura.

O mundo em que Ítalo Calvino viveu presenciou muitas “graças e desgraças” produzidas pelo próprio homem, porque, cada sujeito tem sua compreensão, que o faz aceitar ou recriminar atitudes e invenções, afinal todos são capazes de perceber a existência e a importância dessas coisas e a percepção de toda a matéria existente é algo muito comum, uma visão profundamente automatizada, que almeja sempre a utensilidade dos objetos e a importância dos fatos. É justamente neste ponto em que a arte entra no jogo: ela amplia a nossa percepção da realidade, desautomatizando os objetos e resignificando os fatos, dando a eles uma percepção singular e para o artista a noção de realidade precisa ser movida pela percepção estética. Ou seja, a linguagem literária, movida pela subjetividade, dá ao “sujeito autor” a liberdade de recriar a realidade levando a refletir sobre ela, incentivado a total plurisignificação dos fatos e dos objetos, para por fim, levar ao desenvolvimento e exercício do senso crítico.

Mesmo a Literatura sendo um ambiente livre, não perde completamente sua ligação com o mundo real. A obra literária e a realidade jamais se desprendem, pois o mundo literário não consiste em uma mera deformação do mundo real, mas a criação de uma realidade nova que preserva o vínculo significativo com o real fato.

Enquanto a linguagem literária oferta diversas perspectivas, a linguagem não literária apresenta-se de forma objetiva, diretiva e acaba por passar a realidade de forma condicionada com apenas uma interpretação (visão de mundo e compreensão dos fatos) limitando o sujeito

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