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AS RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIAS E A ESCOLA

Por:   •  30/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.903 Palavras (8 Páginas)  •  453 Visualizações

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Não mexa na minha avaliação! Uma abordagem sistêmica da mudança (Philipe Perrenoud)

ERRENOUD inicia sua abordagem, assim como outros teóricos, enfatizando o fato de que transformar o método avaliativo requer mais do que simplesmente rever formatos, expressões ou meros instrumentos. Significa ainda rever as inter-relações existentes com a avaliação. Para um melhor entendimento o autor aborda estas inter-relações de maneira sistêmica, colocando a avaliação como centro de um octógono, onde dele partem oito segmentos, que são as inter-relações. O autor destaca que isso não significa colocar a avaliação como centro da aprendizagem, apenas é uma forma esquemática de explicitar a temática. A seguir segue o esquema proposto por PERRENOUD:

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A partir deste esquema, PERRENOUD decorre sobre os oito segmentos que formam a temática avaliativa.

RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIAS E A ESCOLA

Apesar de alguns pais não estarem próximos dos conteúdos e conhecimentos hoje ensinados nas escolas, ainda estão muito familiarizados com o método avaliativo, pois ele não mudou. Para a maioria dos pais, o boletim e as provas são as únicas formas de entenderem a aprendizagem dos filhos. Eles utilizam os conceitos como ferramentas de controle educativo. Este sistema é confortante para pais e para a escola, aparentemente “equitativo, racional, preciso, simples e convincente” (PERRENOUD, 1999). Mudar a avaliação certamente vai tirá-los desta zona confortante, fará perdê-los esta referência já segura, conhecida e tão familiar.

[...] se as crianças brincam é porque não trabalham e se preparam mal para a próxima prova; se trabalham em grupo, não se poderá avaliar individualmente seus méritos; se engajam-se em pesquisas, na preparação de um espetáculo, na escrita de um  romance ou na montagem de uma exposição, os pais quase não veem como essas atividades coletivas e pouco codificadas poderiam derivar em uma nota individual no boletim. Tudo o que se afasta de uma preparação para a avaliação escolar clássica (prova oral ou escrita) parece um pouco exótico, anedótico, não muito sério e, no final das contas, estranho ao trabalho escolar tal como a avaliação tradicional fixou no imaginário pedagógico dos adultos: exercícios, problemas, ditados, redações, inúmeras tarefas que se prestam a uma avaliação clássica (PERRENOUD, 1999).

Neste caso, será necessária a paciência e o diálogo constante, o entendimento de que os pais não possuem a compreensão profissional da educação que nós como educadores temos, entretanto por estarmos lidando com seus filhos sentem a liberdade e a obrigação de fazerem parte deste processo. A comunicação clara dos objetivos deste tipo de avaliação e da escola é importante.

ORGANIZAÇÃO DAS TURMAS E POSSIBILIDADES DE INDIVIDUALIZAÇÃO

Uma avaliação é formativa se é capaz de regular o trabalho do professor. Ou seja, na avaliação constatam-se dificuldades não só no instrumento, mas também na prática em sala de aula, destaca-se, entretanto que muitas vezes são necessários somente alguns ajustes, rever métodos não significa mudar uma rota inteira. Pode ser um problema de gestão, um problema de aprendizagem, a aplicação de uma atividade diferenciada que não funcionou para determinada turma, enfim, pode ser um detalhe que se bem traçado nos objetivos e avaliações é perceptível.

Nesta etapa o autor refere-se de forma crítica a maneira como as escolas se estruturam em seus espaços e tempos; aos poucos recursos humanos disponíveis no apoio pedagógico; aos horários restritos que a escola precisa realizar em função da falta de professores e por consequência o pouco tempo que se tem para planejamento, individual e coletivamente; aos períodos de quarenta e cinco minutos; às salas em que não se podem deixar materiais e não há tempo para organizá-los. É um desafio atender às demandas individuais com esta estrutura. PERRENOUD destaca que a escola rompa com esses paradigmas o quanto puder, dentro das possibilidades que a mantenedora lhe propiciar.

DIDÁTICA E MÉTODOS DE ENSINO

Embora se tenha caminhado em relação à mudança da maneira como avaliamos, na prática os métodos de ensino pouco caminharam nesta direção, na teoria eles são diversos. Contudo, há um obstáculo para se romper com a didática e a metodologia tradicional, que possui como eixo central os conteúdos e não o desenvolvimento do aluno, suas competências, neste caso os conteúdos são ferramentas. Em maioria, os professores nem seguem metodologias, criam seus “próprios métodos” e a avaliação refere-se somente a prática do aluno, as suas próprias práticas como educadores nada tem a ver com estes resultados. A que se investir muito ainda na formação e nos instrumentos didáticos.

CONTRATO DIDÁTICO, RELAÇÃO PEDAGÓGICA E OFÍCIO DE ALUNO

Na avaliação tradicional, segundo PERRENOUD, o aluno é estimulado a dar apenas o suficiente, o que é preciso. Para isso ele responde exatamente ao que o professor quer, mesmo que para atingir este objetivo ele precise de certa forma enganar, mascarar uma aprendizagem inexistente, trapacear e usar argumentos que não expressam suas opiniões apenas para responder à espera do educador. Estas são as regras do jogo.

Na avaliação formativa o professor aposta com otimismo no aluno, mas oportuniza que ele expresse suas dificuldades e dúvidas com liberdade no processo. Não usa a avaliação como ferramenta de conflito, disciplina e poder. Em contrapartida, demonstra que o aluno tem total responsabilidade pela construção de sua aprendizagem, aponta e reflete juntamente ao aluno os pontos que devem ser melhorados. Portanto, avaliação formativa não é anarquia, bem como avaliação nunca deveria ter sido usada como ferramenta de controle. Limites devem ser estabelecidos, mas avaliação não é castigo, é diagnóstico.

ACORDO, CONTROLE, POLÍTICA INSTITUCIONAL

Mudanças avaliativas requerem mudanças na cultura organizacional da instituição, portanto de nada adianta modificar a sala de aula se a escola em todos os segmentos não mudar.  A escola deve ser uníssona, as pessoas com suas diferentes marcas devem soar um mesmo tom, sob a gestão de uma equipe maestria, mesmo que ela não esteja presente. É preciso abrir mão neste sentido de uma palavra-chave: individualismo. Não posso simplesmente só fazer o que quero! Também é indispensável uma divisão de tarefas entre os professores. Outro ponto interessante é que numa escola que prevê avaliação formativa não há a possibilidade de pedagogias do tipo: “eu reprovo todos!”; “não reprovo ninguém!”. A escola tem linha avaliativa traçada, os métodos do professor são livres dentro dos limites da avaliação formativa. PERRENOUD destaca a importância da autoavaliação docente entre a equipe.

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