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Comportamento alimentar

Por:   •  3/11/2016  •  Monografia  •  2.357 Palavras (10 Páginas)  •  492 Visualizações

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CONTROLE NEURAL DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Uma estrutura do sistema nervoso central que tem um papel fundamental

na regulação de vários comportamentos que contribuem para a homeostasia,

como o comer, o beber e o controle da temperatura, é o hipotálamo. O

hipotálamo influencia esses comportamentos integrando estímulos externos, que

atuam como incentivos, e estímulos internos, que informam o estado do

organismo. A relação funcional do hipotálamo com outras estruturas do sistema

nervoso central (Fig. 3) garante a integração do sistema endócrino com outros

sistemas efetores, como o motor e o autonômico.

Figura 3 – Esquema de estruturas que possuem conexões com o

hipotálamo. (Fonte: Lundy-Ekman, 2004)

Antes de discutirmos o papel do hipotálamo, é importante uma análise da

anatomia do sistema nervoso central. Como ilustrado na Figura 4, o sistema

nervoso central é constituído pelo encéfalo (localizado dentro do crânio) e pela

medula espinhal (localizada no interior da coluna vertebral). O encéfalo é

constituído por três partes: o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico. No

cérebro, entre outras estruturas, encontramos as que em conjunto denominam32

se diencéfalo. O diencéfalo, por sua vez, é formado pelo tálamo, hipotálamo,

epitálamo e subtálamo.

Figura 4- Visualização lateral das regiões do sistema nervoso. (Fonte: Lundy-

Ekman, 2004)

O hipotálamo situa-se acima da hipófise, ao redor do terceiro ventrículo

(Fig. 5). Ele possui vários grupamentos de células neuronais, denominados

núcleos. Dentre eles podem ser citados o núcleo ventromedial, o núcleo

arqueado e o núcleo periventricular. O hipotálamo pode ser dividido em três

regiões: periventricular, medial e lateral (Fig. 6).

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Figura 5 – Vista lateral do diencéfalo, mostrando a localização do

hipotálamo. (Fonte: (A) Van de Graaff, 2003; (B) Lundy-Ekman, 2004)

(A)

(B)

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Figura 6 - Secção coronal do cérebro, mostrando três regiões importantes

para o controle da alimentação: núcleo arqueado, núcleo paraventricular,

área hipotalâmica lateral. (Fonte: Bear et al., 2002)

O hipotálamo é considerado uma estrutura que participa do controle da

manutenção do peso corporal em determinado nível, conhecido como “ponto de

ajuste”, que varia de indivíduo para indivíduo. Essa idéia surgiu em torno de

1940, a partir de experimentos realizados com ratos. Pesquisadores faziam

lesões em certas regiões do hipotálamo desses animais e observavam as

alterações que ocorriam no comportamento alimentar (Fig. 7). Os cientistas

verificaram que lesões nas regiões laterais do hipolálamo causavam anorexia,

ou seja, os animais tornavam-se inadequadamente saciados e deixavam de

comer (afagia), ficando cada vez mais magros e muitas vezes acabavam

morrendo. Já quando as lesões eram efetuadas na região medial do hipotálamo

(no hipotálamo ventromedial) os animais ficavam insaciáveis, o que causava um

aumento da ingestão dos alimentos (hiperfagia) tornando-os obesos.

Além disso, observou-se também que a estimulação elétrica na região

lateral do hipotálamo desencadeava nos ratos a ingestão de alimentos, ao passo

que a estimulação elétrica na região medial do hipotálamo suprimia o consumo

de alimentos. A partir desses dados concluiu-se que na região lateral do

hipotálamo estaria o “centro da fome” e na região medial do hipotálamo estaria o

“centro da saciedade” e lesões efetuadas nesses centros levam a um

desequilíbrio desse sistema.

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Essa idéia de “centro dual” prevaleceu por muitas décadas. Porém, com a

progressão de pesquisas realizadas nessa área, esse modelo mostrou-se

bastante simplista.

Figura 7 – Comportamento alimentar e peso corporal alterados por lesões

bilaterais do hipotálamo de ratos. (a) Lesões no hipotálamo lateral, gerando

anorexia. (b) Lesões no hipotálamo ventromedial, ocasionando obesidade. (Fonte:

Bear et al., 2002)

Vários estudos mostraram que os animais com lesão na região lateral do

hipotálamo, quando alimentados por cânulas voltavam a se alimentar

espontaneamente, embora mantendo seu peso em um patamar mais baixo. Já

os animais com lesões na região ventromedial do hipotálamo tornavam-se

comedores vorazes por até três semanas, tornando-se obesos. Entretanto, eles

não engordavam indefinidamente, ou seja, eles estabilizavam o consumo de

alimentos

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