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Desafio, espanto e perplexidade: Educação e Filosofia

Por:   •  1/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.595 Palavras (7 Páginas)  •  376 Visualizações

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Desafio, espanto e perplexidade: Educação e Filosofia.

Como o ser humano nunca se contentou em estar no mundo apenas satisfazendo suas necessidades básicas, ele, então, criou o mundo humano (cultura que lhe possibilita satisfazer o desejo de interpretá-lo). Daí o homem ser o único animal que reflete sua própria existência, planeja suas ações e produz o universo cultural e educacional em que vive. O homem ritualiza sua rotina por meio de comemorações, cerimônias, festas e cultos. Assim, ele se assegura um sentido para sua vida e garantindo a reprodução de sua vida em sociedade.

Como o ser humano não tolera a desordem, ele elabora abordagens da realidade buscando novas interpretações e seu entendimento, amplia os saberes que lhe propicia uma vida consciente, fazendo-o escapar e até superar os desafios da vida cotidiana.  É pelo conhecimento que o homem elabora para si para os seus a sua humanidade. Esse olhar contribui nos diversos aspectos da vida humana e nas variadas áreas do conhecimento, tais como  mitologia, senso comum,  religião, arte, ciência, e, principalmente, com a Filosofia.

O Senso Comum é um conhecimento baseado na experiência e que herdamos principalmente do meio social em que vivemos. É um conhecimento pouco questionado, sem reflexão, fragmentado, difuso, sem metodologia científica. Isso faz com que seu valor seja questionado, resultando daí julgamentos errados, pobres e preconceituosos.  A complexidade da realidade demanda reflexão e inteligência.  O uso do senso comum precisa ser iluminado pelo bom senso, reconhecendo seus valores e suas limitações.

Já o senso crítico possibilita a capacitação para questionarmos os valores transmitidos, aperfeiçoando-os, mas sem destruí-los, adequando-os às novas situações de existência. Nascia a filosofia.

Foi na Grécia Antiga (Jônia e Magna Grécia), no século VI a.C., que nasceu a reflexão filosófica. Isso não eliminou o pensamento mítico embora muitos filósofos rejeitassem os mitos e, procurando dessacralizar a natureza, buscavam compreender logicamente os acontecimentos naturais. Os mitos eram dogmáticos e desprovidos da perspectiva reflexiva. Já a Filosofia, nas afirmações de Platão (428-347 a.C.), nascera do espanto e da perplexidade, ou melhor dizendo, da capacidade humana de se admirar com o mundo. Assim, ao filosofar, afirma que o homem problematiza questões da vida, reflete sobre sua própria condição e existência.

Sócrates (470-399 a.C.) afirmou que uma existência sem reflexão não valeria a pena e sabemos, hoje, num mundo pragmático, numa cultura marcada pelo constante culto ao vazio, que muitas pessoas preferem não refletir, mas abrir mão desse privilégio ou mesmo desse risco, pois a reflexão consciente nos mobiliza e, então, nos vemos sair da nossa zona de conforto, sendo tudo para elas natural, e acreditando que a realidade não merece questionamento. Por isso permanecem no senso comum. Daí nosso grande desafio, “passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada.” (Demerval Saviani)

O filósofo de Estagira, Aristóteles, em seu livro Metafísica, afirma: “Os homens, no início como agora, encontram no assombro o motivo para filosofar, porque no início eles se maravilhavam diante dos fenômenos mais simples, dos quais não podiam dar-se conta, e depois, paulatinamente, se encontram diante de problemas mais complexos, como as condições da Lua e do Sol, e das estrelas, e da origem do universo.

Quem se encontra em estado de incerteza e de assombro acredita ser ignorante (por isso, quem se interessa pelas lendas também é, de alguma maneira, filósofo, uma vez que o mito é um conjunto de coisas maravilhosas).

E, se é verdade que os homens começaram a filosofar para livrar-se da ignorância, é evidente que procuravam conhecer por amor ao saber, e não por uma necessidade prática.

Isso pode ser comprovado também pelo curso dos eventos, uma vez que os homens começam a buscar essa espécie de conhecimento somente depois que têm à sua disposição todos os meios indispensáveis à vida, assim como aqueles que oferecem comodidade e bem-estar.

É claro, então, que nos dedicamos a essa investigação sem visar a vantagens exteriores; assim como dizemos que um homem que vive para si e não para o outro é livre, do mesmo modo consideramos tal ciência.

Texto Complementar

Aristóteles, pai da Escola Liceu de Atenas.

Aristóteles nasceu em 384 a.C. e morreu em 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e ideias sobre a humanidade têm influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram, também, a Teologia medieval da cristandade.

Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando-se seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza.

O filósofo valorizava a inteligência humana, a única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas de crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.

As relações entre filosofia e educação

“A educação tem raízes amargas, mas seus frutos são doces.”

Aristóteles

Como o ato de educar pressupõe uma relação recíproca entre teoria e prática, logo nos primórdios da História os homens utilizaram do conhecimento mítico para elaborar, encaminhar e orientar a ação educadora. Nos dias de hoje ainda existem educadores que utilizam dessa forma. Um bom exemplo é a educação informal que ocorre nas famílias e nas tribos que, ao seu modo, costume e tradição preparam as novas gerações. Muitas escolas também ainda utilizam de métodos tradicionais fundamentadas no senso comum e nas práticas do empiricismo.

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