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Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias

Por:   •  25/8/2019  •  Ensaio  •  1.349 Palavras (6 Páginas)  •  387 Visualizações

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Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias

ANA CLAUDIA COSTA DE AQUINO TEIXEIRA

ENSAIO ACADÊMICO

FEIRA DE SANTANA

2019

ANA CLAUDIA COSTA DE AQUINO TEIXEIRA

Atividade apresentada como requisito parcial de avaliação da disciplina História e Contemporaneidade, ministrada pela professora Yves Samara Santana de Jesus, no curso de segunda licenciatura em Pedagogia da Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias/CEFAP.

FEIRA DE SANTANA

2019

Docência da mulher negra[1]

Ana Claudia Costa de Aquino Teixeira[2]

        

         

        Um tema caro, relevante e urgente!

        Sou mulher, negra, nascida em periferia e criada por uma avó negra, matriarca de uma prole de seis filhos e a mim foi dada, como um presente, a missão da docência.

        Mas o que vem a ser docência da mulher negra num país chamado Brasil?

        Até pouco tempo não me dava conta da imensidade[3] que é ser professora. Hoje, após muitas leituras, convívios e cruzamentos de vidas, percebo que ser professora negra no meu país é um fato que integra de forma imprescindível a História, a História do Brasil.

Por que falar da docência da mulher negra?

        Inicialmente, preciso dizer que o invisível é dotado de uma presença peculiar[4]: o invisível corpo negro fala mais de si do que as páginas de um jornal.

        Ser docente mulher e negra implica em que precisamos fazer escolhas a todo  momento. Implica que estas escolhas não podem ser despretensiosas e sim permeadas por decisões políticas bem demarcadas, pois optar pela docência é (ou deveria ser) uma decisão política. A docência da qual falo é aquela que acolhe o excluído para ouvi-lo, para partilhar as vidas, para colher as lições tiradas dos eventos que buscam nos tragar e nos exterminar. Sendo assim, a voz da docente negra ecoa pelas periferias, ainda que essa docente “seja dada” como invisível.

        Lendo o Capítulo II da dissertação de Míghian Danae Ferreira Nunes[5], lembrei-me da dissertação da professora da UNEB/CAMPUS II – Alagoinhas, Luciana Nascimento dos Santos[6], defendida em 2008, pois a considero parte importante desta História, tornando-se também um capítulo dessa temática contundente da invisibilidade do corpo negro. O texto da professora Luciana Nascimento (2008) relata a trajetória de uma docente negra efetiva da rede pública municipal de Feira de Santana que faleceu em sala de aula. Traz o relato de suas angústias, os “registros feitos pela professora sobre as atitudes das(dos) alunas(os), explicitam sobre as experiências de discriminação interseccional vividas por ela no cotidiano escolar [...]” (SANTOS, 2008 – resumo).

        Dentro da temática do corpo da mulher negra docente, cabe a discussão das representações sociais estereotipadas deste corpo, sua estigmatização como escrava e muitas vezes como um ser sem alma. Nunes (2012) apresenta, além do estudo do processo de formação das professoras, o elemento raça na constituição desse percurso, o que mudou de forma significativa no modo de fazer investigação, “já que, incluindo raça, relacionamos também outros elementos de compreensão deste universo que pesquisamos, a saber, a escola, as professoras, a educação” (p. 119).

        A dissertação de Nunes (2012), juntamente com outras escritas com esse teor, torna-se importante documento para os estudos sobre os percursos biográficos de professoras negras, até porque traz no seu bojo o que existe de mais sagrado num ser: o relato oral de vida ou o relato escrito (diários, memórias etc) que furta os momentos mais significativos de uma vida inteira. Afrocêntricos, estes trabalhos “maximizam o que o Ocidente busca invisibilizar”, os atores negros na construção da História Ocidental.

        A relevância do trabalho de Nunes (2012) se deve exatamente por sua escuta sensível, pela busca em evidenciar a voz dessas professoras negras, buscando capturar a “pulsão na palavra da mulher negra inapreensível pelo texto redigido, escrito, formatado, reconfigurado, recortado, sintetizado e mutilado, e esta pulsão é o que desejo que seja uma das molas propulsoras para a reflexão e a leitura deste trabalho” (p. 123).

        Atualmente, percebo uma urgência nas pautas de políticas públicas o falar sobre a trajetória de ser negro no Brasil, implementar de fato a Lei 10.639/2003. Num país em que a máxima é “Um país de todos”, sendo negra, docente negra, percebo que a História é outra e precisa ser contada por quem faz e vive esta outra História. Somos atores históricos, mas fomos preteridos, abafados e escolheram em suas conveniências alguém/alguns para nos contar o belo conto de fadas das terras brasilis. Do príncipe branco, Cristóvão Colombo, que encontra a princesa branca, Terra de Vera Cruz... Um conto simpático, mas que como qualquer outro conto, mexe com o nosso psicológico e buscamos entender as representações nele contidas.

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