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História da Infância em Goiás

Por:   •  29/8/2017  •  Trabalho acadêmico  •  4.643 Palavras (19 Páginas)  •  710 Visualizações

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VALDEZ, Diane. História da Infância em Goiás. Séculos XVIII e XIX. Goiânia: Alternativa, 2003.

História da Infância em Goiás

As crianças aparecem pouco nos livros de história e outras publicações que retratam o passado, e isso e consequência da pouca importância atribuída a infância. No primeiro dicionário da língua Brasileira, de 1832, é definida como algo marcado pela ausência de fala, por isso a ausência da criança em estudos, legislações, literaturas e outras publicações.

Até por volta do século XV, a infância não era separada da vida adulta. Esta separação só aconteceu por volta do século XVIII, com a privatização da família e da infância. Muitos estudos apontam a idade máxima de 6 a 7 anos para definir infância, fase em que a criança é considerada inocente. No Brasil, nos primeiros anos, a criança era idealizada ao extremo e comparada a um anjinho, essa fase terminava com a chagada da idade da razão, transformando o anjo em menino-diabo, uma criatura estranha que não comia a mesa, nem participava das conversas de gente grande, e o próprio menino-diabo encerrava sua meninice por volta dos 10 nos e se tornava rapaz.

Goiás não se diferenciava do restante do Brasil nessa questão, as crianças que habitavam a província de Goiás eram vistas como pequenos adultos, era exigido comportamento de gente grande, eram vestidos como adultos, casavam-se cedo e trabalhavam precocemente.

Filhos do pecado, filhos legítimos, moleques e

curumins: os filhos das famílias goianas

Durante muito tempo as crianças que nasciam fora do casamento eram conhecidas pela Igreja Católica como filhos do pecado ou filhos naturais. Os filhos das concubinas eram considerados “ilegítimos”, tanto para as leis da Igreja Católica como para a legislação portuguesa, nos séculos XVIII e XIX. Mesmo sendo alvo de criticas pela “imoralidade”, o concubinato sempre foi praticado, no transcorrer da história brasileira. O concubinato era uma pratica que não dependia de classe social, cor, local ou de outros fatores. As crianças, filhas das concubinas que também eram conhecidas como bastardas não pareciam causar qualquer surpresa no povo. Apesar da condenação, a Igreja estendia o direito do batismo a todos.

Em Goiás, o habito do concubinato era comum, o que pode ser atribuído ao alto preço do casamento ou pela opção, mais pratica dos casais de apenas viverem juntos. Os primeiros colonos que se dirigiram para Goiás eram imigrantes solteiros ou mesmo casados, que viajavam sozinhos para as minas, com a esperança de, uma vez bem sucedidos, chamar seus familiares.

Apesar dos viajantes europeus que passavam por Goiás no século XIX registrarem com indignação e criticas a forma goiana de viver, constatamos em nossa pesquisa que a proporção de crianças livres rotuladas de “naturais”, na região, era quase a mesma das nascidas de casamento realizado na Igreja.

De acordo com o censo de 1872, a media de habitantes por domicilio correspondia a seis pessoas por casa, incluindo parentes e agregados que morava com as famílias, família numerosa não era comum ate o inicio do século XX, importante lembrar que o nascimento e morte nessa época andavam lado a lado, pelas condições precárias de vida. Destacamos também que o costume das mulheres se casarem cedo, por volta dos 12, 13,14 anos, as meninas eram comparada as frutas e flores que perdiam o sabor ou perfume, após certa idade, o encanto perdurava ate os 15 anos, e eram comuns essas meninas se casarem com homens bem mais velhos.

Os filhos das escravas eram conhecidos como moleques, termo que definia os pequenos escravos, igualmente conhecidos como negrinhos, o pequeno aqui corresponde a idade de 7 ou 8 anos, era o período em que as crianças escravas ocupavam o interior das casas dos senhores e misturavam-se a seus filhos.

Sobre as famílias indígenas, podemos afirmar que havia uma relação de harmonia da tribo em geral para com seus curumins. As crianças mais novas, filhas dos indígenas recebem o nome de curumim, até atingirem a idade máxima de 12 anos, idade reconhecida pela Igreja para convertê-los aos princípios cristãos.

Frutos da terra goiana: o abandono de crianças

No decorrer da historia, o abandono existiu em diferentes sociedades, tanto a Igreja, como os reis e a sociedade em geral manifestaram sua preocupação com o numero de crianças deixadas nas ruas, nas portas de casas, e de Igrejas, outra preocupação provinha do infanticídio, que era combatido pela Igreja. O Papa Inocêncio III dedicou uma atenção especial a infância, quando pescadores passaram a encontrar em suas redes muitos bebês mortos, vitimas do infanticídio. A Igreja inaugurou então a contraditória roda dos expostos, esse dispositivo era fixado no muro ou na janela da instituição.

É provável que o costume de abandonar os filhos tenha chegado ao Brasil com o processo de colonização, antes essa pratica não existia. A pobreza era a principal justificativa para tal atitude. Havia também casos de expostos que eram filhos de mães adulteras ou de concubinas que ocupavam certo prestigio social.

Apesar da tentativa de salvamento, o numero de crianças que morria era alarmante. O alto índice de mortalidade dos expostos se dava pela falta de recursos destinados as Santas Casas, pelas doenças que se manifestavam e também pelo descuido das amas mercenárias. Amas mercenárias eram mulheres contratadas para amamentar os bebês nos primeiros meses em troca de uma remuneração.

Goiás no século XIX apresentava um baixo índice de criança abandonadas, é importante lembrar que Goiás nessa época era uma região muito pobre, pobreza intensificada pela fase de transição da mineração para a agropecuária. O reduzido número de crianças expostas em Goiás leva-nos a atentar para a composição da sociedade goiana: uma sociedade composta em sua maioria de índios que mantinham relações harmoniosas com suas crianças. Em Goiás aconteceram outras formas de separar as crianças de seus pais, como por exemplo, “dar o filho para criar” delegar aos amigos ou parentes a posse da criança. A adoção acontecia de vários modos em Goiás, os chamados “bobos” eram adotados pelas famílias para cumprirem o papel de serviçal em casa. No que se refere à criança negra, o sentimento cristão orientava essa caridade e essas crianças eram adotadas para serem cuidadas “como filhas”. A pratica de “pegar para criar” uma negrinha ou um negrinho, resquício proveniente da escravidão, fazia dessas crianças adotadas, vitimas da violência domestica,

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