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O Pensamento Pedagógico Crítico

Por:   •  3/7/2019  •  Resenha  •  1.717 Palavras (7 Páginas)  •  166 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO- UNIRIO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA- VESPERTINO 2019.1

Disciplina: História das Instituições Escolares

Professora: Dra. Jane Santos

Alunas: Ana Carolina Zuniga Hernandez, Beatriz Aguiar Eleotério,Larissa Kimberlly da Silva Soares, Layla da Cunha Horta e Sara Cristina Dantas Albuquerque

PENSAMENTO PEDAGÓGICO CRÍTICO

O pensamento pedagógico crítico originou-se no movimento intelectual chamado Teoria Crítica, originado na Escola de Frankfurt, na Alemanha em 1924. A corrente filosófica com influência marxista, pautava-se pela negação da ordem estabelecida e pelo anti-positivismo. Surgida no contexto de pós Primeira Guerra Mundial e durante a Ascensão do Nazismo e Fascismo, os teóricos visavam estudar a estrutura social para entender como a humanidade com todo o desenvolvimento científico e educacional havia chegado ao ponto de tantas atrocidades. A partir da segunda metade do século XX se acentuam as críticas em relação à educação e à escola.

 A Pedagogia crítica visa analisar a estrutura escolar e os processos de aprendizagem considerando-se o contexto histórico e social nos quais os mesmo estão inseridos. Entre seus primeiros críticos, temos Louis Althusser com a teoria da escola enquanto aparelho ideológico do Estado, em que a escola serviria como reprodutora dos valores da sociedade capitalista e que a ação pedagógica impõe arbitrariamente a cultura das classes dominantes.

Pierre Bourdieu e teoria da violência simbólica

Pierre Félix Bourdieu nasceu em Dengin, França, em 1 de Agosto de 1930. De origem camponesa, sua família tinha poucos recursos e Pierre cresceu falando gascão, uma língua regional hoje moribunda, antes de começar o ensino fundamental.  Em 1951 ingressou na École Normale Supérieure e em 1954 graduou-se em filosofia, assumindo um cargo de professor secundário em Moulins, Allier. Ele lecionou no liceu de Moulins por um ano antes de ir para a Argélia para realizar seu serviço militar. A sociedade cabila, argelina, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização social da sociedade cabila, e como o sistema colonial interferiu nas estruturas dessa sociedade e na perda de sua identidade cultural. Desenvolveu ao longo das décadas de 1960 a 1980 farta obra, contribui significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX.

Em 1970 Pierre Bourdieu cria o Centro de Sociologia da Educação e da Cultura e publica em parceria com o filósofo Jean-Claude Passeron, o livro “A Reprodução: Elementos para uma teoria dos sistemas de ensino”. Na obra, eles analisaram o funcionamento do sistema escolar francês e concluíram que, em vez de ter uma função transformadora, ele reproduz e reforça as desigualdades sociais. A criança é iniciada na aprendizagem formal, num ambiente marcado pelo caráter de classe, desde a organização pedagógica e o modo como o futuro dos alunos é preparado.

Devido a isso, desenvolveram a teoria da escola enquanto violência simbólica. É uma forma de coação não física que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social, cultural, institucional ou simbólica. Funda-se na fabricação contínua de crenças no processo de socialização, que induz o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante.

Ao afirmar que o sistema escolar institui fronteiras análogas ao sistema social, os intelectuais colocaram em dúvida o caráter democrático da escola enquanto aparelho de transformação e ascensão social. A escola se reveste de uma aparente neutralidade, argumenta o sucesso ou fracasso escolar de acordo com a capacidade cognitiva dos alunos, quando na realidade impõe de maneira arbitrária aos educandos a cultura da classe dominante. Neste sentido, o sistema de ensino transmite privilégios, alocando sucesso escolar de acordo com a origem social dos alunos.

Mais especificamente Bourdieu afirma que as práticas culturais são determinadas, em grande parte, pelas trajetórias educativas e socializadoras dos agentes. O gosto cultural é produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola e não fruto de uma preferência inata dos indivíduos. E para abordar essas questões, desenvolve os conceitos de campo, habitus e capital cultural.

O conceito de campo, é utilizado para designar nichos da atividade humana nos quais se desenrolam lutas pela detenção do poder simbólico, que produz e confirma significados. Esses conflitos consagram valores que se tornam aceitáveis pelo senso comum. Como por exemplo o que é erudito ou popular.

O conceito de  habitus, refere-se à detenção de uma determinada cultura pelos indivíduos, a depender de sua posição social, influindo em seu modo de pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente.

Os indivíduos, por sua vez, se posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado - que pode ser social, cultural, econômico e simbólico. O capital cultural é o conjunto de competências linguísticas e culturais herdadas pelos indivíduos, de acordo com a posição social a qual suas famílias pertencem. Se dão em forma de viagens, livros, músicas e etc. Como família é a primeira instituição de socialização da criança, é a partir dela que seus integrantes adquirem seus primeiros conhecimentos culturais.

É na escola que o capital cultural funcionará como uma passe para que o indivíduo obtenha sucesso ou fracasso escolar, segundo o sociólogo. Os professores supõem que os alunos tenham certos conhecimentos trazidos de casa, que demandam tempo e dinheiro, e os julgam por isso. Os próprios estudantes mais pobres acabam encarando a trajetória dos bem-sucedidos como resultante de um esforço recompensado ou aptidão inata.

Um dos mecanismos de perpetuação da desigualdade está no fato, de que a frustração com o fracasso escolar leva muitos alunos e suas famílias a investirem menos esforços no aprendizado formal, gerando um círculo retroalimentativo.

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