O papel da didática na formação do educador

Texto: LUCKESI, Cipriano Carlos. O papel da didática na formação do educador.

In: CANDAU, Vera Maria (org.). A didática em questão. Petrópolis: Vozes, 1987.

O papel da didática na formação do educador é uma obra textual escrita por Cipriano Carlos Luckesi, onde este, mesmo não sendo professor de Didática, reflete a prática educacional e apresenta elementos que baseiam o papel da didática na formação dos educadores. Esse texto é composto por seis laudas, 29 parágrafos, capítulos de introdução, desenvolvimento e conclusão e tem foco narrativo em primeira pessoa.

Em forma de debate, Luckesi aborda o tema “O Papel da Didática na formação do Educador” e introduz o texto especificando que sua formação ou atuação não é em Didática, porém que faz a reflexão observando sua prática educacional. Ao fazer a análise do tema, faz-se necessário, de início, subdividi-los em subtemas para estabelecer definições e/ou conceitos: “o papel da didática”, mais abrangente, e “a formação do educador”, aspecto mais restrito. De modo generalizado, define educador como todo ser comprometido em sua atividade histórica transformadora. Ou seja, todos são educandos e educadores em contínua aprendizagem através das próprias experiências e interação com os outros.

Entretanto, especificamente, descreve o educador como ser especialista na técnica de promover situações de desenvolvimento e aprendizagem que passa por um processo de formação, de aquisição de conhecimentos e habilidades com estudos sistematizados, almejando o exercício da profissão. Este educador é, então, o sujeito da história, que interfere no tempo, que constrói a história e exerce o papel engajado no desenvolvimento de toda uma sociedade.

Decorrentes da descrição de educador, Luckesi aponta: “a ação pedagógica [...] é uma atividade que se faz ideologizada”, delimitando-se a algo definido ideologicamente; “o educador não poderá exercer as suas atividades isento de explícitas”, o que significa que não optará por essa ou aquela teoria, prática, atividade ou ponto de vista; e ainda “a prática educacional [...] tem que ser uma ação comprometida ideológica e efetivamente”, ou seja, a prática educacional é inexequível sem paixão.

Ademais, na visão do autor, formar o educador é prepará-lo filosófica, técnica, científica, efetivamente, porém não desenvolver apenas suas capacidades cognitivas, também sua atitude crítica sobre sua prática educacional e sobre o mundo. Decerto, esses saberes não são imutáveis, prontos durante o curso superior, apenas em sua prática diária, com constante revisão e análise do próprio profissional. Assim, a didática como parte necessária na formação do condutor é vista por Luckesi, devido a nossa educação institucionalizada, como um saber extremamente científico que capacita o educador para “tratar tecnicamente” os recursos de modo que o educando apreenda com maior facilidade, mais rapidez.

A propósito, o autor expressa que, com a “metodologização” da educação, o que se espera são resultados instantâneos, desse modo, o planejamento e as estratégias não são mais elementos, mas tornaram-se a base da prática educacional.

Destarte, o texto expõe que a didática fraciona a teoria da prática, isolando a fundamentação teórica (conteúdos científicos) das técnicas de execução e que seu papel é muito pequeno na formação do educador. Porventura, Luckesi não tem graduação em curso de Pedagogia, não obstante dispõe de fundamentos de sua prática educacional dimensionar a didática, contudo ainda não são suficientes, pois sem dúvida a disciplina se torna necessária na formação do educador para a orientação deste quando no início de sua prática, não sendo satisfatória quando tratadas brevemente junto a outras disciplinas do curso. Entretanto fato é que todo o conjunto de conhecimento adquirido, e com certeza praticado na universidade, será aprimorado dia-a-dia, na prática, visto que o educador está em constante formação.

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