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Os desafios da escolarização dos alunos com deficiências múltiplas

Por:   •  10/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  4.143 Palavras (17 Páginas)  •  181 Visualizações

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Os desafios da escolarização dos alunos com deficiências múltiplas

Resumo

A escolarização trata-se de um assunto que deve ser bastante debatido, pois existem Leis que assegura o acesso da pessoa com deficiência, porém muitos educadores dizem não estarem preparados para abrir espaço para esses alunos. A transformação social começa na educação, por este motivo a inclusão desse público deve iniciar nas instituições de ensino, competindo aos educadores um novo olhar referente à diversidade na escola. O papel da instituição de ensino é ser mediadora da aprendizagem de seus alunos, considerando as dificuldades e particularidades e de cada um. Neste contexto, surge a situação de alunos com severos comprometimentos cuja escolarização plena ainda se constitui em desafio contundente em meio a realidade educacional brasileira. Por se tratar de um tema amplo, a primazia do estudo está na busca pela ampliação de horizontes através de apontamentos bibliográficos, objetiva-se minimizar os pontos negativos comumente apontados quando se trata da deficiência múltipla. E demonstrar que o respeito ao outro é alicerce para uma convivência harmoniosa, caminho necessário para a valorização e promoção da inclusão.

Palavras chave: inclusão escolar, desafios, escolarização, deficiências múltiplas.

Introdução

Um desenvolvimento não é garantido pelas aprendizagens, pois, com efeito, o processo escolar tem suas inferências, sua lógica e sua organização multiforme que lhes são próprias. Os princípios se desenvolvem em função de um planejamento definido previamente, de uma maneira linear, na forma de deveres e lições, que são organizados de acordo com diferentes campos e elementos a ensinar. A deficiência múltipla tem fomentado muitas discussões sobre a sua definição e a população que pode ser reconhecida como tal. Não há unanimidade na literatura nacional e internacional sobre este tópico. As divergências em relação ao conceito de deficiência múltipla devido ao fato de alguns a considerarem como uma deficiência inicial que foi geradora de outras, enquanto que outros a conceberem como uma fusão entre duas ou mais deficiências, sem necessariamente uma ter sido causa do desenvolvimento da outra (ROCHA; PLETSCH, 2015). Em outro ponto de discussão diz respeito a determinação de haver ou não a ocorrência da deficiência intelectual para que o caso em questão seja considerado deficiência múltipla (TEIXEIRA; NAGLIATE, 2009; ROCHA; PLETSCH, 2015; ROCHA, 2014; 2018) A deficiência múltipla mostra-se de diversas formas e manifesta inúmeras condições de comportamento da pessoa no meio ambiente. Essas diferenças muitas vezes ocorrem de pertinentes fatores que, interagindo, induzem no intercâmbio com o mundo físico e a vida social. A funcionalidade da pessoa com múltipla deficiência decorre de condições individuais, assim como as limitações colocadas pelas deficiências, mas, principalmente, das oportunidades oferecidas a estes sujeitos (BRASIL, 2000). Apesar do aumento das matrículas desta população em escolas públicas de Educação Básica, o país ainda enfrenta muitos desafios para garantir a escolarização desses alunos. Rocha (2018) aponta dados do Censo Escolar que listou no contexto nacional, crescimento nas matrículas de estudantes com deficiência múltipla na Educação Básica em sua totalidade, passando de 62.283 em 2003 para 70.471 em 2015, representando crescimento de 13%. Especialmente nas classes comuns do ensino regular, os dados demonstram crescimento de 449%, passando de 7.640 estudantes em 2003 para 41.948 em 2015. Esses resultados evidenciam entre outros aspectos, o envolvimento dos docentes em realizar um trabalho modificado junto aos alunos, mas também, as imensas dificuldades resultantes da falta de recursos de comunicação alternativa e tecnologia assistiva nas escolas.

CONCEITO DE DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E UM BREVE HISTÓRICO

A deficiência Múltipla se designa por um conjunto de duas ou mais deficiências, de ordem física, mental, sensorial entre outras associadas (BRASIL, 2006). Isto é, trata-se de uma condição que afeta em maior ou menor intensidade o desempenho individual e social dos sujeitos com essa deficiência. No Brasil, para se relacionar a outros tipos de deficiências, existem poucos estudos voltados à deficiência múltipla, principalmente no que se refere à análise e à avaliação dos procedimentos de escolarização desses sujeitos.

        Historicamente, os alunos com deficiência múltipla não desfrutavam de acesso a processos de ensino e aprendizagem, principalmente por serem considerados incapazes. Várias dessas pessoas permaneciam reclusas em casa sem acesso a qualquer intervenção educacional. Nos últimos anos, essa prática tem modificado graças à ampliação dos direitos educacionais das pessoas com deficiências em geral e aos avanços científicos. Visto que durante muitos anos, crianças com deficiência que frequentavam a escola, eram educadas em salas separadas, uma vez que os alunos classificados como normais precisavam de um espaço que proporcionasse um maior rendimento que lhes eram oportunizados. Segundo Magalhães:  

Os anormais completos ficariam sob cuidados médicos, diretamente, e se necessário, auxiliados pelo pedagogo sob responsabilidade do neurologista e do pedagogo preparado para tal: o médico, combatendo os defeitos orgânicos e o pedagogo as taras mentais, até que as crianças pudessem voltar às classes normais. Sempre o papel preponderante seria o do médico (apud JANNUZZI, 2004, p.60)

                                           

A deficiência múltipla, ao invés da visão que tantos têm de inabilidade, diz respeito a maior ou menor comprometimento na evolução da pessoa, assinalando a necessidade de um ambiente cultural e social que seja impulsionador para superação de suas limitações específicas. MEC (2000) salienta que “Essas crianças, quando atendidas e apoiadas adequadamente e desafiadas a criar, participar, construir e realizar, respondem de maneira produtiva e realizadora, independentemente das limitações. ” (p. 20) desse modo, a deficiência múltipla não carrega consigo a incapacidade para participar verdadeiramente da vida social. É necessário ter clareza que, o que determina e evidencia as necessidades educacionais das pessoas com deficiência múltipla é o “grau de desenvolvimento, possibilidades funcionais, potencialidades, interação social, comunicação, aprendizagem não a totalidade das deficiências em si. ” (ROSSI, 2012 p.6)

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