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Resumo aprendizagem significativa e colaborativa teorias

Por:   •  26/4/2019  •  Artigo  •  1.650 Palavras (7 Páginas)  •  218 Visualizações

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Um grande problema enfrentado nos cursos superiores, em especial, na formação de engenheiros é o alto número de evasão anual nas universidades, que é cerca de 20% nessa área (SILVA FILHO et al., 2007). No entanto, os números vão além disso. Considerando que 44% das matriculas em faculdades públicas é em engenharia (SILVA FILHO, R.L.L et al., 2007), e que 20% desses desistam do curso, resulta que 35,2% das pessoas que entram na faculdade se formam em engenharia. .

        Esse índice origina-se, dentre outros aspectos, da falta de conceitos-prévios na área de Exatas que dificulta, em um primeiro momento, o ingresso no ensino superior e, posteriormente, manter-se em um curso de exatas. Outro ponto importante nesse sentido está relacionado aos problemas psicológicos enfrentados pelos estudantes, em especial, a ansiedade e o nervosismo em avaliações (KARINO & LAROS, 2014; FRAGELLI & FRAGELLI, 2017).  Almeida Filho et al. (1992), em um estudo de morbidade psiquiátrica em áreas metropolitanas, constatou que os distúrbios neuróticos, especialmente ansiedade e fobias, são os principais problemas de saúde mental da população urbana. Além disso, cerca de 67% dos estudantes sofrem com algum desses problemas em provas, que pode gerar um baixo rendimento escolar.

        Os jovens são os mais suscetíveis à solidão, sendo esse sentimento gerado, nos universitários, pela ansiedade, tensão, aborrecimento, hostilidade em relação aos outros, vazio e auto enclausuramento (BASTOS, FIGUEIRA & COSTA, 2002; RUSSEL, PEPLAU & FERGUSON,1978). Pesquisas realizadas por Fortes & Abdo (1981) revelam que normalmente os problemas emocionais dos estudantes surgem no segundo ou no terceiro semestre, sendo causados pelo esforço para adaptação ao novo modelo de vida, dentre outros motivos. Em uma pesquisa sobre o perfil das pessoas atendidas no serviço de saúde universitária na Finlândia, Niemi(1988) constatou que 6% a 29% dos universitários sobrem desses distúrbios psiquiátricos (CERCHIARI, CAETANO & FACCENDA, 2005).

        Afim de reduzir esses índices, o uso de metodologias inovadoras em sala de aula pode ser um caminho promissor, em especial, aquelas baseadas na colaboração. O Método Trezentos, criado pelo professor Ricardo Fragelli, é uma metodologia de aprendizagem ativa e colaborativa que visa aumentar o nível de confiança e conforto dos estudantes em provas, diminuindo sua ansiedade e melhorando seu rendimento.

        Este artigo visa encontrar a influência dessa metodologia de ensino na redução do sentimento de solidão dos universitários, principalmente aqueles que estão no primeiro e no segundo ano de curso, devido as possíveis dificuldades enfrentadas na mudança entre ensino médio e universidade.

A solidão negativa, oriunda do isolamento não intencional, é um sentimento desagradável que advém da distinção entre as relações sociais desejáveis pela pessoa e as vigentes. Ela ocorre quando “a rede de relações sociais do indivíduo apresenta um déficit significativo, seja qualitativo seja quantitativo” (PERLMAN & PEPLAU,1981). Esse sentimento pode ser originado pelas mudanças nos desejos individuais, expectativas relativas aos relacionamentos interpessoais e nas redes sociais.

Outros autores apresentam uma associação da solidão com diferentes fatores. Conforme Perlman & Landolt (1999), esses fatores são timidez, depressão, vinculações inseguras, ansiedade social e autoconsciência, doenças físicas, suicídio, consumo de álcool, agressão e insucesso acadêmico. Gerstein & Tesser (1987) apresentam outros vínculos, tais como a sensação crônica de cansaço, dor e tensão (BASTOS & COSTA, 2006).

O Método Trezentos, desenvolvido em 2013, fundamenta-se em “ promover a colaboração entre os estudantes, despertando o olhar do estudando para as dificuldades de aprendizagem do outro” (Fragelli, 2015). Deste modo, esse método auxilia na tanto na aprendizagem significativa quanto no aspecto humano “na qual o estudante se perceba como um integrante ativo do grupo, desenvolva sua autoestima e reflita sobre o seu próprio percurso de aprendizagem” (FRAGELLI & FRAGELLI,2017).

        Para que a colaboração entre os alunos seja motivada, há criação de grupos de estudo logo após cada prova, que contêm estudantes que obtiveram bom rendimento (ajudantes) e rendimento insatisfatório (ajudados). Os ajudados têm uma nova oportunidade de avaliação, sendo essa uma prova substitutiva para cada prova, se cumprir com o grupo as atividades propostas pelo professor. Por outro lado, os ajudantes aumentam suas notas iniciais de acordo com a melhora no rendimento dos ajudados e com o nível de ajuda e interação com o grupo, mensurado por meio de uma avaliação 360º.

        Pesquisas feitas sobre o método Trezentos mostram que 85% dos participantes sente-se mais tranquilos durante as provas pela existência da possibilidade de melhorar o rendimento na mesma e 90% apoiam que os grupos de estudo diminuem o nervosismo na avaliação de aprendizagem.

Há diversas ferramentas de medição da solidão, como a Loneliness and aloneness scale for children and adolescents, a three-item loneliness scale e a UCLA Loneliness Scale , sendo está última com várias versões e uma das mais utilizadas.

O presente trabalho utilizou a versão mais atualizada da UCLA Loneliness Scale (versão 3) e a tradução empregada foi a utilizada por Kuznier (2016), a qual apresenta coeficiente de consistência interna de 0,88. Esse questionário possui 20 questões relacionadas à periodicidade de eventos de isolamento, em que as respostas respeitam a escala Likert com quatro itens, variando de 1 (nunca) a 4 (sempre). Essas respostas geram uma pontuação que varia entre 20 a 80 pontos. É importante considerar que não há nessa escala ponto de corte, então, a solidão é examinada como maior conforme a pontuação aumenta (BARROSO et al., 2016; RUSSEL, PEPLAU & FERGUSON, 1978).

        A pesquisa foi aplicada em uma turma de Cálculo 1, que utiliza o método Trezentos, com 120 alunos, 2 vezes. A primeira aplicação foi no final da segunda semana de aula, pois nesse período muitas amizades já começaram a ser estabelecidas e muitos se sentem isolados ou deslocados. A segunda aplicação foi no final do semestre letivo, a fim de comparar a influência desse método no nível de solidão da turma.

        Além disso, o mesmo questionário foi também aplicado em duas turmas de Cálculo 3 da Faculdade UnB Gama , acrescentando, no entanto, um espaço para colocarem o nome dos professores que os mesmos fizeram Cálculo 1 e Cálculo 2, pois alguns desses professores utilizam o método Trezentos e outros não. Isso foi feito com o intuito de comparar o nível de solidão daqueles que vivenciaram o método daqueles que não tiveram essa experiência.

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