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Síntese de Piaget

Por:   •  3/12/2015  •  Artigo  •  2.240 Palavras (9 Páginas)  •  291 Visualizações

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ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE JEAN PIAGET

  1. Introdução

A teoria do conhecimento de Piaget contraria a educação “tradicional” de punho comportamentalista, na qual o aluno aprende por erros e acertos, repetições e memorização, onde o professor é o detentor do saber e o aluno e uma folha em branco, pronto para ser moldado.  Piaget parte da concepção interacionista, onde o sujeito constrói seu conhecimento através da interação com o meio em que ele vive.

Piaget desenvolveu uma metodologia própria de pesquisa, a qual possui uma abordagem qualitativa que acrescenta uma gama de técnicas de investigação. Essas técnicas agrupam três maneiras de trabalho: “a observação do comportamento espontâneo da criança, a observação do comportamento provocado por uma situação experimental e o diálogo estabelecido entre o pesquisador e a criança” (FERRACIOLI, 1999).

Piaget debruçou-se sobre duas visões de conhecimento para estudar e a partir dai debateu e criou sua teoria, essas vertentes eram a empirista e a racionalista. Na primeira, defendida por Jhon Locke, o conhecimento vem a partir de uma experiência sensorial e antes da formação desse conhecimento a mente é limpa, todos nascem com a mente em branco e a partir das experiências, a personalidade se forma, portanto a sociedade interfere diretamente na formação do individuo. Já o racionalismo de Descartes é pautado no raciocínio, na razão e o conhecimento independe das experiências, a partir dai torna-se possível que o conhecimento venha da racionalidade, ou seja, seja inato ao individuo (SILVA; SANTOS, 2010).

Ao longo de seus estudos Piaget distinguiu três tipos de conhecimento, o físico, o lógico matemático e o social. O físico é obtido a partir da experiência, pelo contato com diferentes materiais, o lógico matemático permite observar as diferenças e semelhanças e são feitas relações a partir do contato com os objetos, e por fim o conhecimento social que é transmitido por outros indivíduos e considerado também arbitrário, pois nem sempre o que foi observado e repetido por um individuo foi necessariamente aprendido (SILVA; SANTOS, 2010).

De acordo com Silva e Santos (2010) Piaget também leva em conta as abstrações empírica e reflexiva do conhecimento, a empírica está relacionada com o contato com objetos, com a concentração fixada em uma propriedade especifica de determinado objeto e o reflexivo volta-se para a reflexão e construção mental do conhecimento.

Durante sua vida, Piaget, desenvolveu várias obras, todas visando o entendimento do desenvolvimento de uma pessoa, desde a infância e a relação desse desenvolvimento pela interação com o meio em que ela vive.

Ferracioli (1999) cita algumas das obras de Piaget, como “A linguagem e o pensamento da criança” de 1924, cuja pergunta principal é, para que serva a linguagem? , e segue elaborando que o progresso intelectual da criança ocorre pela mudança e desenvolvimento de suas características e não pela eliminação de erros. Cita também “A representação do mundo na criança” de 1926 que fala sobre os sonhos e fenômenos naturais, relacionando com o desenvolvimento do pensamento infantil, nesse livro Piaget descreve o método clínico que viria a ser base metodológica da psicologia genética. E em 1950, após inúmeras obras, publica “Introducion a l’epistemologie genétique” no qual formaliza sua epistemologia psicológica.

  1. Aspectos da teoria

Durante seus estudos, Piaget, classifica o desenvolvimento da criança em estágios e cada característica desse desenvolvimento é inserido em uma faixa etária correspondente. No entanto, de acordo com Piaget, o desenvolvimento dos estágios pode ser acelerado ou retardado, de acordo com as experiências vivenciadas por cada individuo, mas a ordem de sucessão de cada um dos estágios não é alterada pelas diferentes experiências.

Esses estágios de desenvolvimento intelectual da criança são distribuídos em quatro períodos, chamados de: sensório motor; pré-operatório; operatório concreto e operatório formal. Cada estágio é diferenciado pela característica do desenvolvimento da inteligência, e ocorre pela equilibração.

De acordo com Gomes e Bellini (2009) no estágio sensório motor ou pré-verbal a criança absorve as informações que recebe pelos sentidos, ou seja, para ela só é real o que está na sua localização visual. No pré- operatório que começa no inicio da linguagem e da função simbólica, inicia-se o processo de transformação das ações sensórias motoras em operações, a criança já consegue substituir o objeto em si pela representação simbólica.

No estágio das operações concretas a criança tem habilidades para classificar, ordenar e fazer correspondências entre objetos estabelece ainda noções sobre tempo, causalidade, mas tudo isso é mediado por experiências reais, concretas. Por fim é elencado o quarto estágio de desenvolvimento cognitivo da criança, que marca o período de inicio da adolescência, onde se inicia o raciocínio pelas hipóteses além do contato com os objetos, já é possível a construção de operações lógicas proporcionais (FERRACIOLI, 1999).

Ainda de acordo com Ferracioli (1999) para o desenvolvimento entre esses estágios, Piaget, organizou quatro fatores principais, que são: a maturação biológica; o papel da experiência; a transmissão social e a equilibração, e todas atuam conjuntamente, é impossível a maturação por si só provocar o desenvolvimento cognitivo da criança, por exemplo, esses fatores são dependentes um do outro, como cita Piaget (1964) apud Ferracioli (1999).

Para mim, existem 4 fatores principais: em primeiro lugar, maturação, uma vez que esse desenvolvimento é uma continuação da embriogênese; segundo, o papel da experiência adquirida no meio físico sobre as estruturas da inteligência; terceiro, transmissão social num sentido amplo (transmissão lingüística, educação,etc.); e quarto, um fator que frequentemente é negligenciado, mas que, para mim, parece fundamental e mesmo o principal fator. Eu denomino esse fator de equlibração ou, se vocês preferem, auto-regulação (PIAGET, 1964, p. 178).

        No fator experiência em especifico, Piaget estabelece dois tipos distintos, a experiência física que esta relacionada com a abstração das propriedades partindo dos próprios objetos e a experiência logico-matemática que revela um aspecto construtivo da própria estrutura e também na abstração das ações do individuo sobre os objetos.

        A transmissão social é um fator importante, pois a criança recebe informações por outras pessoas em um meio, mas ela não assimilara essas informações se não estiverem em concordância com seu nível de pensamento. E a equilibração é o que permite o fechamento e encontro dos demais fatores, possibilitando o desenvolvimento cognitivo e esse equilíbrio é atingido por dois mecanismos, à assimilação e a acomodação.        A assimilação é o processo de internalização a estrutura e a acomodação se refere ao processo de mudança das estruturas (GOMES E BELLINI 2009).

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