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A ARTICULAÇÃO DA ÉTICA NA PSICANALISE

Por:   •  5/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.849 Palavras (8 Páginas)  •  432 Visualizações

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ÉTICA DA PSICANÁLISE


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ARTICULAÇÃO DA ÉTICA NA PSICANALISE

Ao abordamos a ética na psicanálise é primordial enfatizar o significado da palavra ética, para que se torne coerente o entendimento da ética como elemento contundente dentro da psicanálise.

O termo ética, deriva do grego ethos, que pode apresentar duas grafias –êthos– evocando o lugar onde se guardavam os animais, tendo evoluído para "o lugar onde brotam os actos, isto é, a interioridade dos homens" (Renaud, 1994, p. 10), tendo, mais tarde passado a significar, com Heidegger, a habitação do ser, e –éthos – que significa comportamento, costumes, hábito, caráter, modo de ser de uma pessoa.

No artigo “O desejo em questão: ética da psicanálise e desejo do analista”, Andrade Júnior (2007) cita Lacan para enfatizar a importância de ressaltar o verdadeiro propósito da análise: uma terapêutica baseada na experiência do desejo inconsciente. Os estudos de Lacan tem sempre uma entonação buscando o retorno a Freud, frisa Andrade Júnior (2007). O autor aponta que “trata-se, acima de tudo, de uma problematização da clínica, buscando encontrar as condições e as premissas teóricas que caracterizam o nosso ofício: o que faz um analista?” É abordado enfaticamente não simplesmente o que faz um analista, mas também o ser do analista, em que consiste um analista.

Segundo Andrade Júnior (2007), questionar a prática analítica evoca diversas outras questões, problemas em que confluem teoria e clínica. À medida que se apresenta uma prática coerente, conforme o autor, a teoria inevitavelmente entra em foco.

Ao estudar e evidenciar veementemente a relevância do inconsciente na vida de uma pessoa, Freud provoca a ebulição no que se refere à ética e a moral. Sendo assim, de acordo com Andrade Júnior (2007), Freud já se questionava sobre as repercussões que sua teoria causaria no discurso moral de sua época ao deslocar o sujeito consciente de sua posição dominante no psiquismo. É compreensível, portanto, as palavras que Freud proferiu: Este “severo golpe no narcisismo universal dos homens” (Freud, 1917, p. 149). Levando em consideração que o eu não impera sozinho, Andrade Júnior destaca:

Afirmar que o eu já não é o senhor de sua própria casa implicava repensar e redefinir toda uma forma de pensar, cujas heranças iluministas centravam a vontade humana no campo da consciência. Salvo raras e pouco exploradas exceções, o século de Freud via na ideia de inconsciência, e em suas diversas manifestações comprobatórias – a histeria, por exemplo –, se não um verdadeiro desatino, no mínimo uma farsa bem planejada, a ser colocada no campo das bizarrices humanas que não merecem mais atenção do que a curiosidade e a chacota. Mas quando Freud faz do desejo a origem de toda a atividade humana, e encontra na dinâmica do funcionamento psíquico um embate entre as pulsões – que não obedecem a nenhuma regra moral para sua satisfação – e o eu – sobrecarregado pelos padrões morais a que é submetido –, Freud desvela uma concepção sobre o agir humano cujas consequências não deixarão de ser sentidas pelo discurso moral de sua época. (Andrade Júnior, 2007, pg. 185)

Encontra-se aqui a relação controversa denominada pelo autor entre o homem e a moral. Vislumbra-se, portanto, um significativo embate entre as pulsões trazidas pelo inconsciente e a moralidade imposta pela civilização. Importante salientar que em seu texto O mal estar na civilização, Freud aborda sobre as renúncias do indivíduo as exigências pulsionais em detrimento do bem-estar coletivo (ANDRADE JÚNIOR, 2007).

Assim sendo, Freud desdobrava umas das consequências mais complexas de sua teoria: uma relação próxima, marcada pelo conflito, entre as pulsões e a moral. Aqui se encontra o momento crucial, que exalta a magnitude do encontro do desejo e da moralidade:  Há uma tensão inevitável entre as pulsões e a moralidade em que Andrade Júnior (2007) destacou da seguinte maneira: . Há uma tensão inevitável entre desejo e moralidade, em que, mesmo longe de quaisquer determinismos, a moral constitui um dos fatores mais importantes na etiologia das neuroses. Fica muito nítido, portanto, que se a prática analítica tem como alicerce a investigação de conflitos neuróticos então a ética e técnica se encontram. E, de acordo com Lacan, se há uma dimensão moral envolvida no conflito psíquico - evidenciado por meio de sintomas – é possível direcionar o olhar para os parâmetros éticos na qual pode uma análise ser fundamentada.

Por meio da investigação do conflito neurótico implicando veementemente o conflito moral e ainda, levando em consideração a descoberta de Freud em que o inconsciente é uma “alteridade mais íntima”, Andrade Júnior (2007) cita Lacan e sua investigação a respeito da ética e as “metas morais da psicanálise”.

A repetição do comportamento imposta socialmente, o que é correto, o que é aceito coletivamente ou não, marca o ponto determinante em que Freud menciona que essa repetição para o sujeito vai além do princípio do prazer, é uma negação radical de toda tendência possível à felicidade.

A descoberta freudiana então profere: 

Se a ética tem também a função de balizar uma prática, a ética da psicanálise não pode pautar-se por ideais de conduta forjadas nos universais de uma felicidade na Razão. Ao descentrar a ética do plano do ideal, da felicidade encontrada na Razão – o discurso correto –, e recentrá-la no desejo inconsciente, Lacan introduz certa concepção ética, um pensamento singular sobre o papel das virtudes: se para Aristóteles as virtudes são valores que devem ser cultivados para uma vida ética, cujo fim seria a beatitude alicerçada na Razão, a psicanálise, por sua vez, deixa cair por terra qualquer promessa de felicidade encontrada na ordenação dos bens. (Andrade Júnior, 2007, pg. 188)

Dessa forma, a ética para a psicanálise está presente quando permite que o sujeito reconheça o seu desejo, ou seja, reconhecer-se desejante, como pontua Lacan. Essa pulsão libidinal que permeia intensamente o inconsciente é de onde brota os mais profundos conflitos psíquicos e a ética do trabalho analítico consiste, portanto, numa escuta psicanalítica, em direcionar um olhar específico aos desejos, a pulsão. No entanto, a ética é singular, ou seja, para cada analisante existe um determinado desejo a ser desvelado referente ao enigma de sua sexualidade.

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