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ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

Por:   •  4/1/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.070 Palavras (9 Páginas)  •  1.391 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Disciplina: Psicofarmacologia

Professora: Maria Luísa Cruz

Alunas: Fernanda Bacelar Viana Barreto, Gabriela de Souza Gomes, Jóine Cunha Lopes e Lyssa Sousa Fernandes

ANÁLISE DO FILME BICHO DE SETE CABEÇAS

Direção: Laís Bodanzky

Filme/ano: Bicho de Sete Cabeças (drama)/ 2000

Elenco Principal: Rodrigo Santoro (Neto), Othon Bastos (Seu Wilson), Cássia Kis (Meire).

Sinopse: Uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um adolescente de classe média, que leva uma vida normal até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a gota d'água que deflagra a tragédia da família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai. A falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso.  Internado no manicômio, Neto conhece uma realidade completamente absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial corrupto e cruel. A linguagem de documentário utilizada pela diretora empresta ao filme uma forte sensação de realidade, que aumenta ainda mais o impacto das emoções vividas por Neto.  No manicômio, Neto é forçado a amadurecer. As transformações por que ele passa transformam sua relação com o pai. 

Palavras-chave: cinema-nacional, Bicho de sete cabeças, Lais Bodanzky, sistema manicomial.

PERGUNTAS

1. Qual o contexto social de inserção do relato?

O contexto revelado pelo filme é o de alta do movimento manicomial, onde era comum o quadro de internações compulsivas de pessoas que apresentavam, ainda que mínimos, desvios do padrão de normatividade pregado pela sociedade. Dessa forma, qualquer indivíduo que não obedecesse à conduta exigida ou se adequasse a ela, era comumente submetido a esses espaços de exclusão e tratamentos desumanizadores.

2. O que leva os profissionais a prescreverem medicamentos que inutilizam os doentes?

Tendo em vista a história do filme e o próprio contexto que trata do movimento manicomial, percebe-se um sujeito que por não se encaixar em padrões estabelecidos pela sociedade carrega uma imagem de incapacidade ou improdutividade, ou seja, um sujeito que apresenta comportamentos que diferem do que é considerado como padrão de normalidade; sendo assim “algo” é feito para que este sujeito deixe de ocupar esse lugar de “desvio” destes padrões. Diante disso, nesse contexto, o uso de medicamentos que inutilizam os doentes teria, como é dito no filme, a função de fazer o paciente “ficar mais tranquilo”, não apresentar comportamentos de rebeldia ou agressividade. Claro que nesta questão também pode ser levado em conta outra problemática, que é a de superlotação dos manicômios, superlotação esta que se dava pelos diversos motivos por vezes carregados de preconceito pelos quais os pacientes eram internados e também por outras questões como desvio de verbas, como é colocado no próprio filme onde o médico fala que eles estão com 472 internos, mas que se for necessário chega aos 500, contando que não percam o “repasse do governo”; Logo, em meio a esse fenômeno de superlotação usam-se medicamentos que possibilitem um controle de forma fácil dos pacientes, controle este que era considerado “positivo” não só no ambiente hospitalar, mas também em relação à sociedade.

3. Se a situação ocorresse nos dias atuais, quais poderiam ser os medicamentos prescritos, com base no binômio risco/benefício?

Levando em conta a história de vida apresentada pelo personagem principal, seus comportamentos observáveis e o ambiente familiar que participava, acreditamos que, antes de alguma medicação ser prescrita, os indivíduos inseridos nestes contextos precisavam de alguns esclarecimentos sobre seus comportamentos e as relações, bem como as consequências destes. Esse esclarecimento poderia ser obtido através de psicoterapia, tanto para os pais sobre como lidar com o filho de uma forma adequada conforme o momento que vivia, tanto com o personagem principal, de maneira que lhe fosse possível entender seus comportamentos e o que lhes motivava. No entanto, após ser examinado de fato por um médico capacitado e como forma de auxiliar no tratamento, Neto poderia ter sido medicado com um benzodiazepínico a fim de acalmá-lo e para diminuir a probabilidade de convulsão em decorrência da abstinência.

4. Como analisar a relação de/entre risco-benefício no contexto desse filme?

Uma análise é possível através das observações de consequências apresentadas em decorrência do tratamento medicalizante ao qual o personagem principal fora submetido, como o seu reajustamento na vida social catastrófico, tendo em vista que o período ao qual foi submetido à internação no hospital psiquiátrico serviu minimamente ou em nada para o momento em que o paciente voltaria a integrar-se na sociedade, sendo possível observar um total desserviço à vida do paciente.

5. Fale sobre os momentos em que fica clara a sobredose medicamentosa e como isso se manifesta?

Podemos perceber a sobredose medicamentosa a partir da chegada do personagem principal no hospital psiquiátrico se considerarmos que já que exame nenhum tinha sido feito nele não era necessário ele ser medicado naquele momento. Observamos essa prática também na cena onde o personagem “Rogério” mostra ao personagem “Neto” os efeitos de tomar muita injeção de haloperidol apontando para um outro paciente. Esse fenômeno fica claro também no período/cena que antecede à visita dos pais do personagem principal (“Neto”), que tem efeito não só no comportamento do personagem, que passa a ser mais agitado e agressivo, quanto no aspecto físico, uma vez que eles tomavam uma grande quantidade de remédios que aumentavam o apetite. Com o decorrer do tempo em que o personagem passa no hospital psiquiátrico, ele passa a apresentar um comportamento lento (na maneira de andar ou de falar) e quando volta pra casa manifesta lapsos de confusão mental e agressividade. Além destes casos, a sobredose de medicamentos comparece de forma implícita em outras cenas, uma vez que pode-se entender que outros personagens que comparecem no filme transitando no hospital têm seus comportamentos alterados por esta prática presente no hospital psiquiátrico.

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