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CUIDAR E EDUCAR

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Por:   •  26/9/2013  •  4.331 Palavras (18 Páginas)  •  535 Visualizações

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Interação em Psicologia, 2002, 6(1), p. 31-36

No cotidiano das creches o cuidar e o educar caminham juntos

Cristiane Ribeiro da Silva

Maria Augusta Bolsanello

Universidade Federal do Paraná

Resumo

O presente artigo contribui para o debate da dicotomia existente entre o cuidar e o educar que ainda

vigora nas concepções de profissionais que atuam na creche. Enfatiza o cuidar e o educar como

dimensões essenciais ao desenvolvimento de crianças de zero a seis anos de idade, exigindo um

trabalho de forma planejada, com organização de espaços adequados, no sentido de estimular os

processos de desenvolvimento infantil (motor, cognitivo, emocional, social). Salienta que a creche

deve se configurar como lugar de interação e socialização de crianças, complementar à ação familiar,

bem como ressalta a importância da formação do profissional que nela atua.

Palavras-chave: educação infantil; desenvolvimento infantil; formação de profissionais.

Abstract

In the everyday life of a crèche, care providing and educating go hand in hand

This article contributes towards the debate about the dichotomy between care providing and educating

that continues to reign in the in the conceptions of nursery school professionals. The article

emphasizes care provision and educating as being essential dimensions to the development of children

from zero to six years of age. Thus, it is required that this work should be done in a planned manner,

including the organization of adequate environments to stimulate the child development processes

(motor, cognitive, emotional, social). The article emphasizes that a crèche must be a place where

children can interact and socialize, complementing family activities. It also underlines the importance

of the training received by professional staff who work in crèches.

Keywords: child education, child development, professional training.

O debate sobre a educação infantil encontra

unanimidade ao considerar os aspectos do cuidar e do

educar como dimensões essenciais ao

desenvolvimento de crianças pequenas, o que tem

gerado uma gama de pesquisas voltadas ao

desenvolvimento humano, sobretudo o infantil, como

bem apontam os estudos de Souza e Kramer (1992),

Oliveira e Rossetti-Ferreira (1993), Machado (1994),

Souza (1996), Oliveira (2000), Felipe (2001), entre

outros. Afirma Seber (1997) que, ao contrário do que

se pensava, o bebê não é uma “tábula rasa”, mas é um

sujeito que se constitui na interação com o meio.

Graças às investigações sobre o bebê, ocorridas nas

últimas décadas, como os estudos feitos por Brazelton

e Cramer (1992), Klaus e Kennell (1992), Relier

(1994) entre outros, foi possível afastar antigas

concepções que levavam a supor que as crianças

menores eram seres passivos, desprovidos de qualquer

competência. Segundo Palácios (1995), as crianças

não ficam apenas alternando vários períodos de sono

sem a possibilidade de sua percepção estar em pleno

dinamismo, e “hoje sabemos que é certo que as

crianças menores passam muitas horas dormindo, mas

que é certo também que seu mundo perceptivocognitivo

é rico, complexo e ordenado, por mais que

diste ainda das características que terá alguns meses

depois” (Palácios, 1995, p. 42).

Portanto, compreender que os processos cognitivos

iniciam-se desde o nascimento significa inferir que, ao

longo da vida, esses processos tenderão a ficar mais

aguçados, e para isso contribui, em grande parte, a

interação social aliada a adequados cuidados pessoais

(como alimentação, vestuário, proteção).

Dessa forma, as crianças pequenas necessitam de

toda infra-estrutura possível que possa favorecer o seu

desenvolvimento, estejam elas inseridas em contextos

de instituições educativas ou não.

Felipe (2001, p. 27) lembra que Piaget, Vygotsky e

Wallon tentaram mostrar que a capacidade de

conhecer e aprender se constrói a partir das trocas

estabelecidas entre o sujeito e o meio, concebendo o

desenvolvimento infantil como um processo

dinâmico, onde as crianças não são passivas e nem

meras receptoras de informações que estão à sua

volta. A autora lembra que “a articulação entre

diferentes níveis

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