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DISCIPLINA CONCEPÇÕES TEÓRICAS PSICODINÂMICAS ANÁLISE DO FILME O LADO BOM DA VIDA

Por:   •  31/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.597 Palavras (7 Páginas)  •  340 Visualizações

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         PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA

CURSO DE PSICOLOGIA

                DISCIPLINA CONCEPÇÕES TEÓRICAS PSICODINÂMICAS

ANÁLISE DO FILME

O LADO BOM DA VIDA

CURITIBA

2020

INTRODUÇÃO

No presente trabalho iremos abordar o filme “O lado bom da vida” tendo como personagem principal Pat, vivido por Bradley Cooper, o qual foi diagnosticado com transtorno de humor bipolar ao ser internado após um ocorrido de agressão devido à traição de sua esposa com outro homem. Desenvolveremos esta análise de forma a elaborar uma hipótese diagnóstica do personagem Pat, discorrendo com uma possível relação dos sintomas e seu modo de defesa.

DESENVOLVIMENTO

        O filme inicia apresentando para nós tudo que Pat Solitano Jr. perdeu: seu casamento, sua casa e seu emprego. As primeiras cenas são de sua mãe indo buscá-lo no hospital psiquiátrico. A trama se desenvolve em volta de Pat tentando reconstruir sua vida antiga novamente, onde nesse processo, conhece Tiffany, uma mulher que trás mudanças em seus planos.  

        O filme mostra que Pat é retirado do hospital psiquiátrico contra indicação médica e há ordens judiciais restritivas que o impedem se aproximar da ex-esposa, de sua antiga casa e da escola onde trabalhava, devido ter espancado o amante de sua ex-esposa, que também era seu colega de trabalho. Pat relata esse ocorrido da seguinte forma: "Voltei cedo do trabalho, o que nunca faço. [...] Chego em casa e está tocando a música do meu casamento. [...] Estava tocando a música do meu casamento, mas nao achei nada demais. O que é estranho, pois deveria. Entro pela porta e vejo roupas de baixo, roupas jogadas e a calça de um homem com o cinto. Olho para baixo e vejo a calcinha da minha mulher no chão. Olho para cima e a vejo no chuveiro, nua. E penso, que legal, vou entrar no chuveiro e talvez nós transemos, o que não ocorre há tempo. Puxo a cortina e lá está o professor de história. [...] Ele me disse: 'seria melhor se você fosse embora'."

A fala de Pat nas seguintes frases “estava tocando a música do meu casamento [...]. O que é estranho”, “vou entrar no chuveiro e talvez nós transemos, o que não ocorre há tempo”, mostram que possivelmente Pat não estava em seu melhor momento com a esposa, sendo sustentado pela fala do professor de história: “seria melhor se você fosse embora”. Por que seria melhor que Pat fosse embora da sua própria casa?

Fink (2018) menciona que a certeza caracteriza a psicose, ao mesmo tempo em que a dúvida, não. Em uma cena em que Pat está na terapia, ele relata o que houve uma semana antes de ver sua esposa com o professor de história: "Cerca de uma semana antes do incidente, chamei a polícia. Disse que minha esposa e o cara (professor de história) estavam conspirando contra mim, desviando dinheiro da escola”. Pat, ao informar à polícia sobre a conspiração, tinha certeza do ocorrido, sabia que significava alguma coisa e que esse significado o envolvia. Seria o delírio um modo de defesa da realidade? Havia talvez uma possibilidade de que Pat não suportaria desconfiar que sua esposa estava o traindo com o professor de história, retornando então em forma de delírio sobre o desvio de dinheiro da escola.         

Podemos correlacionar este breve trecho do filme com o que é mencionado por Freud, que indica que, analisando o delírio de Pat como um modo de defesa do mesmo, “dentro” deste delírio existe uma convicção do sujeito a qual advém de uma verdade esquecida, que se encontra oculta nas ideias delirantes retornando com deformações, de forma que esta convicção trazida por Pat acaba se alastrando para tudo o que o envolve (FREUD, 1939).

No momento após em que Pat discorre sobre seu delírio, ele logo menciona que “depois é que descobri pelo hospital que é porque eu sou.. - bipolar não diagnosticado- com variações de humor que são provocados por estresse”. Neste momento Pat discorre sobre seu diagnóstico, entretanto podemos aferir que o fato dele ter conhecimento de seu transtorno não implica no fato de que ele tenha chegado realmente a esta conclusão após todos os ocorridos com ele, não sendo apenas uma repetição do que lhe foi dito. Desta forma, podemos nos questionar se o fato do personagem ter repetido o que lhe foi dito pode ser considerado como uma possível indicação de uma estrutura psicótica.

No momento em que Pat menciona ao seu psicólogo “o meu pai que é um cara explosivo, eu não sou…” nos permite uma possibilidade de correlacionar com o que é dito por Fink (2018) nos capítulos “O sentido nunca é óbvio” e “O sentido é sempre ambíguo”. Quando Pat fala sobre seu pai, percebemos uma deixa para que o terapeuta abordasse quem, então, seria o Pat, visto que ele não se definiu desta forma, atribuindo a característica de “cara explosivo” ao seu pai. Assim, como visto nos capítulos mencionados do livro Introdução Clínica à Psicanálise Lacaniana, o sentido em si nunca é óbvio, de forma que o analista deve sempre tentar buscar os significados específicos das constatações, embora elas pareçam transparentes aos sentidos de quem ouve; ou seja, ao tomar uma postura de não-compreensão daquilo que lhe é dito, o analista deve levar o paciente a explicitar aquilo que foi mencionado. Se Pat não era o cara explosivo, então, quem ele o era? Aquele que supõe saber, nada mais ouve além de seu próprio narcisismo (KUSS, 2017). Além disso, o que é dito no capítulo sobre o sentido ser ambíguo, nos direciona a uma possibilidade de analisar o que foi dito por Pat como um possível desejo, visto que as palavras podem ser tomadas de maneiras e sentidos diferentes, o que inclui sentidos metafóricos, mas, além disso, a escolha das palavras inclui o que o paciente está mais interessado em dizer (FINK, 2018).

Segundo Lacan, a psicose se concentra intimamente ao pai, pelo qual se refere como “Nome-do-Pai”. Assim, o pai que desempenha a função simbólica paterna na família, coloca-se entre mãe e filho (FINK, 2018). Visto isso, consideramos uma incógnita a relação entre Pat e seu pai. Logo no começo do filme Pat é retirado do hospital psiquiátrico pela sua mãe, sem que seu pai soubesse e contra a indicação médica. Nessa perspectiva podemos considerar a indicação médica, nesse caso, como representante paterno, a lei. Seria então possível que Pat tivesse a ausência da função paterna? Fink (2018) menciona que a neurose se caracteriza pelo amplo controle do eu e supereu sobre as pulsões, ao mesmo tempo que o psicótico, devido a ausência da função paterna, é propenso a ação imediata. Pelo qual, posteriormente é atormentado por pouca ou nenhuma culpa quando machuca fisicamente alguém ou pratica algum ato criminoso. O psicótico pode manifestar vergonha, mas não culpa, pois a culpa exige o recalcamento. Nesse sentido, poderíamos considerar uma estrutura psicótica em Pat, levando em consideração seus comportamentos com ações imediatas, sustentando o nítido temor da família e dos demais quanto ao que ele possa fazer.

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