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Epistemologia e História da Psicanálise

Por:   •  13/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.493 Palavras (6 Páginas)  •  435 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Epistemologia e História da Psicanálise

Trabalho realizado pela aluna Sílvia Elizabeth Rindau Simbine como parte avaliativa da disciplina de Epistemologia e História da Psicanálise, ministrada pelo professor Sylvio Ferreira.  

Recife, dezembro de 2015

"Jamais me olharás lá de onde te vejo, inversamente, o que olho nunca é o que quero ver".

J. Lacan

“A morte não é o contrário da vida, a morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”.

Deepak Chopra

É citando esses dois grandes pensadores que pretendo dar abertura ao meu trabalho. Devo confessar que foi um grande desafio pensar sobre a proposta e extremamente difícil discorrer sobre o assunto de forma a que não me perdesse em meus pensamentos. A primeira pergunta que me fiz ao escolher essa citação de Lacan foi: porquê o olhar?

Desde muito nova que me dizem que tenho um olhar marcante, poderoso que diz tudo, mas ao mesmo tempo diz nada. Ao pensar nessa citação lembrei-me do meu passado porque para mim essas palavras de Lacan querem dizer exatamente que podemos olhar para algo, mas não necessariamente estar atento a esse algo- como muitas vezes aconteceu comigo. Eu olhava para as coisas sem necessariamente enxergar elas, raramente olhava para mim mesma e quando o fazia não via o que queria.

Deepak Chopra me inspira com suas lindas palavras para dar abertura ao tema que me proponho escrever, que começa com a questão da vida e da morte. Tomamos muitas vezes a vida e a morte como contrárias uma da outra, será que são? Acredito que a vida não se circunscreve apenas no que concerne à parte biológica, de um organismo vivo em funcionamento. A vida vai além disso, ela é o gozo, a descoberta, o mundo.

O objetivo é pensar a vida e a morte pelo viés psicanalítico, portanto, a morte e a vida são tomadas como acontecimentos / instâncias contrárias uma da outra, ao contrário do que Deepak Chopra colocou. Freud fala da pulsão da vida (Eros) e pulsão da morte (Thánatos) explicando ambos através da libido. A pulsão da vida encontra-se atrelada ao domínio de auto conservação e a pulsão da morte ao da destruição. Mais do que auto conservação e destruição, eles significam a arte de viver, experienciar, sentir a dor, de sofrer. Estes dois domínios se cruzam e entre cruzam, são a sombra um do outro e vivem em disputa constantemente.

Permita-me falar de duas personagens que parecem distintas, que à primeira vista poderíamos dizer que nada tem em comum, o Dr. Freud e Sherlock Holmes. Apresento primeiramente Dr. Freud, médico, pai/ fundador da psicanálise, o homem que revolucionou o mundo dos saberes, que se debruçou no caminho da escuridão. Em segundo, Sherlock Holmes personagem criada por Sr. Arthur Conan Doyle para representar um detetive bastante singular. O que eles têm em comum? Tudo! Ambos se encontram mergulhados na atividade profissional da resolução de mistérios, realizam a tarefa confiando na razão, atentam-se à importância dos pequenos detalhes, percebem um sentido oculto em aparências desconexas, justificam suas conclusões de tal forma que parecem até absurdas.

Estes dois personagens problematizam duas histórias, Sherlock Holmes a história do crime (ausente) e a história da investigação (presente), e Freud a história do não dito pelo paciente (ausente) e a história do dito (presente), ambos procuram descobrir a primeira história. Sherlock Holmes procura entender o crime através da preservação da cena, pois é a cena do crime que irá responder as perguntas a que ele se coloca. Em relação ao Dr. Freud, é através da escuta dos acontecimentos da vida do sujeito que irá tecer a construção daquele sujeito do inconsciente, esses acontecimentos serão os vestígios da formação do mesmo.

 Dr. Freud e Sherlock Holmes compartilham de um mesmo sentido, eles derramam o olhar sobre algo, no caso de Freud por exemplo ele derramou o olhar sobre o corpo das mulheres histéricas. Sherlock Holmes também derramam o olhar na investigação dos crimes, porém não é apenas sobre o corpo que ali se encontra estendido, mas por todo contexto que lhe é apresentado. Sherlock e Freud não olham, eles também observação e é através dessa observação que eles começam a procurar respostas.

Os dois personagens e suas profissões se encontram dentro da ciência, porém, epistemologicamente a psicanálise ocupa o espaço para além do mundo das ciências, encontra-se também no lugar dos mitos. Dois deles são a Pomba gira e o preto velho. Mas que relação eles têm com a psicanálise e com a investigação? Pomba gira se encontra em qualquer sociedade regida de normas, leis onde a mulher não pode gozar do prazer do seu próprio corpo, na qual lhe é dada a condição de mulher silenciada aos seus desejos e prazeres, onde o seu corpo é “objetificado” na condição de alguém que está para servir o seu marido, ele quem vive a intimidade do corpo da mulher. Se a mulher fosse permitida sentir prazer, tinha que se encontrar na condição de uma prostituta e mesmo assim não era pleno pois ela seria discriminada.

No Brasil, na religião chamada Umbanda surge uma mulher, a figura feminina como entidade espiritual de Pomba gira. Como entidade espiritual ela domina o corpo das mulheres. Mas que mulheres? As mulheres que lhe são proibidas de sentir prazer do seu próprio corpo, aquelas na qual são silenciadas. Portanto, Pomba gira acaba se tornando uma entidade espiritual que dá a liberdade a mulher de sentir, transforma a mulher para que ela possa fazer tudo aquilo que a sociedade não a permite, de uma mulher que nega o seu corpo para uma que aceita.

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