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Estudo de Caso Família Flores - Estácio de Sá

Por:   •  29/8/2020  •  Resenha  •  1.870 Palavras (8 Páginas)  •  244 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS GRADUAÇÃO - ENSINO À DISTÂNCIA

SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E USO DE ÁLCOOL E DROGAS

LAYSA KAREN SOARES DE LIMA

ESTUDO DE CASO - FAMÍLIA FLORES

A família Flores é composta por dona Vilma (62 anos), mãe de Sérgio (27 anos), Rony (35 anos) e João (30 anos). A complexa situação de vida na qual a família se encontra chegou à equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) através de vizinhos e não por demanda espontânea da família. Rony é o único que não vivia desde sempre com a família, está residindo no município com a mãe e os irmãos há mais ou menos um ano e meio.

O CAPS acessou a família e constatou que todos moram juntos numa pequena casa, isolada no alto de um morro, de pouca vegetação e muita terra. O primeiro contato foi marcado por uma falta de entendimento por parte da mãe, que afirmava que não precisavam de ajuda. A moradia, bem pequena, é composta por 3 cômodos, dentre os quais não há clara distinção entre quarto, cozinha, sala e banheiro. Este localiza-se ao lado de fora da casa, sem encanamento de água e esgoto. Rony dorme numa barraca de camping, no quintal.

Sobre a casa, os vizinhos dizem ser comum considerável desorganização e condições insalubres. De fato, não havia geladeira, então algumas panelas ficam com comida estragada, no mesmo cômodo onde há duas camas e um monte de roupas sujas. No quintal, é possível observar grande quantidade de lixo e sujeira. Sérgio costumava ter crises que não duravam muito tempo; estas eram caracterizadas por enorme confusão mental, com conflitos entre ideias opostas e uso abusivo de drogas diversas (cachaça, maconha e cocaína). Também relata, no meio do seu discurso confuso,  sua insatisfação com a moradia, dizendo que a família vive em condições precárias sem precisar, pois agora recebem a pensão do falecido pai, que era oficial de justiça.

Sérgio é muito inteligente, terminou o segundo grau e chegou a fazer a prova do ENEM, pois pensa em cursar uma faculdade, além de saber tocar violão. Dona Vilma apresenta crises que variam desde episódios maníacos, nos quais aparece um delírio com forte conteúdo místico-religioso, a episódios depressivos, de severa prostração e isolamento dentro de casa.

João também apresenta momentos de crise, nas quais faz uso abusivo de diversas drogas, e se coloca em situações de risco. Porém, também é muito inteligente e geralmente está trabalhando, e algumas vezes, até recebe promoções. Mas seu vínculo laborativo fica prejudicado em seus momentos de crise, pois tem dificuldades de manter o trabalho.

Certa vez, Vilma foi à Unidade de Saúde da Família de referência para a sua residência, para aferir a pressão. Chegou lá dizendo que acreditava que os deuses hindus energizaram sua circulação para que ela pudesse salvar a humanidade, e ela estava ali no posto para verificar se sua pressão estava realmente mais alta, como ela acreditava que deveria estar. No entanto, ao ter sua pressão arterial aferida, a técnica de enfermagem disse à dona Vilma que estava tudo controlado, que não havia nenhuma alteração. Dona Vilma insistiu em dizer que isso não era possível, pois ela se sentia energizada. Nisso, a técnica de enfermagem também insisitiu em dizer que estava tudo sob controle, que ela deveria ficar calma e ir pra casa, pois jamais conseguiria salvar a humanidade. Dona Vilma ficou bastante alterada, e sentiu-se afrontada, dizendo que nunca mais compareceria à Unidade.

Outro ocorrido foi com um de seus filhos, Sérgio. Este estava com bicho de pé, e foi ao posto de saúde buscar tratamento. Porém, ao perceberem que ele estava alcoolizado, por conta da sua halitose, lhe foi dito que não poderia ser atendido. Resssalta-se, porém, que apesar de alcoolizado, Sérgio estava interagindo de modo respeitoso e não estava causando confusão. Sérgio voltou pra casa sem tratamento, e chegou no dia seguinte no CAPS relatando o ocorrido, muito confuso e alterado.

E com João também aconteceu uma situação complicada. Este deu entrada no Hospital Geral do município, com quadro de intoxicação aguda por múltiplas drogas. Estava confuso e desorientado, chorando muito, em desespero, com falta de ar e vomitando. O hospital ficou somente por 3 horas com o paciente, monitorando os sinais vitais, até que os sintomas da intoxicação fossem cessados. O paciente voltou pra casa ainda passando mal, sem qualquer prescrição medicamentosa, foi tratado com um “vagabundo que usa drogas”, não foi examinado e o Hospital não entrou em contato com o CAPS, ainda que soubesse que o paciente lá também se tratava. Um tempo depois, após realização de exames, foi descoberta uma cirrose hepática.

- A partir da leitura do caso da família Flores elencar e contextualizar sintomas, analisar a dinâmica familiar, a possível articulação de rede, e construir um PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR.

Com relação aos sintomas de cada membro, destaca-se:

Vilma (mãe), de 62 anos, apresenta crises com características de bipolaridade com episódios de mania, associado a delírios com forte conteúdo místico-religioso, indo até episódios depressivos, nos quais se mantém prostrada e isolada em sua residência. Seu filho mais novo, Sérgio, de 27 anos, apresenta crises de curta duração, marcadas por grande confusão mental, conflitos de ideias e uso abusivo de drogas. João, de 30 anos, protagoniza momentos de crises, também com uso abusivo de drogas. Apresentou um quadro de intoxicação aguda por múltiplas drogas, demonstrando sintomas de confusão, desorientação, choro, desespero, dispneia e êmese, sendo diagnosticado com cirrose hepática. Rony, o filho mais velho, de 35 anos, apresenta um comportamento que pode ser gerado tanto pela estrutura da casa como pela conjuntura familiar, mas que não acredito caracterizar, nesse caso, um sintoma de transtorno mental, que é o isolamento. Este é o único dos irmãos que não esteve o tempo todo com a família, mas também não apresenta crises, abuso de substâncias ou outros sintomas comuns aos seus irmãos, porém, o fato de dormir numa barraca no quintal da casa pode caracterizar tanto uma maneira de afastamento familiar quanto um fator relacionado ao suporte da casa em que residem.

O conjunto de sintomas destacados em cada membro desta família, faz pensar sobre a presença mais intensa de fatores de risco, em detrimento aos fatores de proteção, o que é preocupante, levando-se em consideração que a associação dos fatores de risco pode levar ao adoecimento psíquico e, consequentemente, biológico.

O contexto em que vive a família, sugere que dentro do núcleo familiar a articulação e os vínculos já estejam fragilizados. Observamos que a condição de moradia precária em que vivem é um fator de risco, que pode ser melhorado devido aos recursos financeiros que a família possui. Porém, para isso, a família deve ser acompanhada por uma equipe multiprofissional capaz de criar vínculos e inserir a família nessa perspectiva de mudança, tanto no contexto da moradia quanto nos hábitos.

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