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O BEM-ESTAR NÃO É AUSÊNCIA DO MAL-ESTAR: DA DOENÇA A PESSOA

Por:   •  21/11/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  9.721 Palavras (39 Páginas)  •  188 Visualizações

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O BEM-ESTAR NÃO É AUSÊNCIA DO MAL-ESTAR:

DA DOENÇA A PESSOA

Patrícia Protzner Ferrari

RESUMO

Há a ideia da polaridade das diversas abordagens terapêuticas, como se fosse possível focar só o bem-estar ou o mal-estar do indivíduo. A proposta é estudar a possível sinergia entre as abordagens terapêuticas para a totalidade do indivíduo, não só tratando da doença, que por si só não traz a felicidade. Eliminar o negativo não é garantia do advento do positivo. Assim sendo, o tratamento das disfunções psíquicas e das emoções negativas devem ser complementado com o incentivo e o reforço das emoções positivas e, vice e versa. Tratar uma pessoa tanto é reparar o que está mal como fortalecer o que está bem. Então como fazer com que esta sinergia seja realizada para a terapêutica completa do indivíduo? Esta é a proposta deste artigo, através de pesquisa bibliográfica, estudar as principais abordagens da psicologia e suas contribuições evolutivas para a terapêutica do indivíduo. O profissional que tem como missão o tratamento psíquico do indivíduo não deve se apegar a uma única abordagem da psicologia como seu idealismo, mas sim acompanhar a evolução dos estudos, criticar e aplicar o que cada uma tem para a desenvolvimento do ser humano. É possível “costurar” o que tem de melhor com esta “teia” de abordagens, o que importa é o ser humano em “apuro” e não a vaidade do profissional em querer se identificar, categorizar, intitular-se com seu posicionamento teórico e filosófico.

Palavras-chave: Psicologia, Felicidade, Sofrimento, Terapêutica.

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Artigo elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Pós-graduação em Psicologia Positiva e Coaching

Patrícia Prötzner Ferrari

 Psicóloga Clínica e Organizacional

 Master Coach

 Especialista em Recursos Humanos

e-mail: patprotzner@hotmail.com

1 INTRODUÇÃO

Depois da psicanálise ter iniciado o método terapêutico designado de cura pela fala, a psicoterapia humanista-existencial veio descentrar o domínio do patológico para uma abordagem centrada no desenvolvimento das potencialidades humanas, na responsabilidade individual e na procura de um sentido para a vida como fatores da condição existencial. Ao deslocar a focalização da doença para a autorrealização da pessoa, do sofrimento para a hipótese de felicidade, valorizando o aqui e agora, os sucessivos modelos de psicoterapia, cada um com especificidades próprias, incluindo a teoria racional emotiva e a teoria cognitiva-comportamental, abriram novos horizontes ao entendimento dos meios de acompanhamento psicológico e à capacidade de autonomia e autodeterminação do ser humano.

Entre 1.900, data da publicação de A Interpretação dos Sonhos, e 2012, data da publicação do primeiro relatório das Nações Unidas sobre a Felicidade Mundial, existe uma história fascinante de ideias e debates acerca do que é e do que deve ser a saúde mental, do que é e do que pode ser a felicidade de uma pessoa. Este trabalho é um modesto fragmento dessa história, focado em momentos e em autores que contribuíram de modo decisivo para esclarecer e mudar a nossa visão acerca do que é a personalidade, a consciência, o comportamento do ser humano. O debate restringe-se aqui ao enquadramento dos paradigmas de psicoterapia com maior influência teórica e relevância histórica, e ao modo como eles foram progressivamente descentrando o domínio clínico do patológico e a consequente noção de cura para uma abordagem centrada no desenvolvimento das potencialidades humanas e na responsabilidade individual como fatores incontornáveis da condição existencial e das opções de vida. Ao deslocar o acento tônico da doença para a pessoa, do determinismo patológico para as capacidades de autorrealização, do sofrimento para a hipótese de felicidade, os sucessivos modelos de psicoterapia abriram novos horizontes ao entendimento dos meios auxiliares de acompanhamento psicológico.

As teorias contribuem para dar sentido à realidade, pelo que modelos de psicoterapia com formulações teóricas diversas interpretam o mesmo fenômeno de maneira diferente e propõem técnicas de intervenção psicológica diferentes, embora alguns modelos optem por uma estratégia eclética ou integrativa. É do

confronto permanente entre concepções variadas das disciplinas do saber que é construída a história das ciências. O progresso científico não é feito de forma contínua e linear, pelo contrário, é fruto de rupturas que, em cada época, alteram o paradigma dominante.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A sabedoria antiga: O Epicurismo

Embora nos nossos dias a palavra epicurismo seja quase sempre usada para qualificar a forma de vida daqueles que só procuram o prazer imediato, a sensualidade, a boa mesa, e o desregramento de costumes, nada podia estar mais afastado do sentido original da filosofia de Epicuro. Enquanto doutrina do filósofo Epicuro – que viveu entre 341e 270 a.C. na Grécia Antiga - o epicurismo propõe lições para a vida que ainda hoje se revelam de grande pertinência para quem se interroga sobre o que é a felicidade. O ponto de partida do epicurismo consiste em reconhecer que um corpo humano em sofrimento não consegue experimentar nem o prazer nem a felicidade. Portanto, a tarefa prática da filosofia consiste em ensinar os homens a viver sem dor. Para Epicuro, os fatores mais importantes do sofrimento no ser humano são a fome, a sede, o frio (não ter abrigo) e o medo da morte.

É da satisfação das necessidades orgânicas básicas que depende, em primeiro lugar, a experiência do prazer e a hipótese de felicidade. A afirmação do prazer como ausência de sofrimento e como satisfação das necessidades vitais é, portanto, um bem prioritário absoluto. No entanto, uma vez satisfeitas as necessidades humanas elementares, as pessoas têm tendência para desenvolver desejos que nem sempre têm condições objetivas para satisfazer. Ambicionar ter uma vida melhor não é, em si mesmo, um mal. Porém, quando os nossos desejos são alimentados por fantasias irrealistas e irrealizáveis de poder, de riqueza ou de luxúria, criamos condições subjetivas de frustração que alimentam sentimentos prováveis de insatisfação, inveja e infelicidade. É contra os desejos

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