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O Solstício do Outono – Jung, Junguianos e o Meio Da Vida

Por:   •  23/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.791 Palavras (8 Páginas)  •  346 Visualizações

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PROJETO DE PESQUISA

Curso de Pós-Graduação em PSICOTERAPIA JUNGUIANA

Turma nº  

Cidade:  São Paulo

Nome do aluno:

Formação na Graduação: Psicoterapia Junguiana

Título:  “O Solstício do Outono” – Jung, Junguianos  e o Meio Da Vida.

                A “emergência psicológica” conhecida como a transição do meio da vida.

                O estado limiar e o deus Hermes.

              “Ao meio dia começa a descida, determinando inversão dos valores e dos ideais da   manhã”.  C. G. Jung

Delimitação do tema e do problema:

    Minha geração chegou ao outono esperando a felicidade que daria sentido ao viver. Entre os trinta e quarenta anos a felicidade era desejada e idealizada como fonte doadora de status. Chamava à atenção a espera pela felicidade no futuro quando só temos a vida que estamos vivendo agora. Para que pensar em outra vida que não a que temos agora? Alguns amigos que esperaram a felicidade aos quarenta anos atualmente consomem antidepressivos e ansiolíticos, alguns acreditam que não voltarão a serem as mesmas pessoas de antes da crise. A questão é clara: o meio da vida nos deixa mais vulneráveis ou não nos preparamos adequadamente, não abrimos mão da perspectiva do viver jovem?

    A sociedade atual rejeita o envelhecimento. Parte da ciência se dedica ao retardamento do envelhecimento. O ideal é ser jovem, belo, corpo perfeito, músculos e barriga definidos, rosto simétrico, entre outros critérios listados no chamado “modelo jardins”. Revistas, livros, cinema, televisão, marketing e propaganda ultra sofisticada dedicam-se ao tema. Os recursos do fotoshoping, do botox e da cirurgia plástica são divinizados. Essa unilateralidade mascara questão importante para quem alcança o meio da vida: o que acontece nas profundezas, o que muda dentro de quem chega ao “solstício do outono”? Ignorar esse limiar psicológico, não dar atenção às forças que se movimentam e modelam o futuro é negar a transição e se condenar a um mundo de ilusões e sofrimento.

    Como realizar a transição em um mundo que rejeita o envelhecimento? Alguns amigos e eu, observamos como não temos mais certezas, como tudo que considerávamos concreto ruiu, como tudo que parecia seguro encontra-se sob suspeição. O mito do herói permanece, todavia não há como negar que mudanças acontecem dentro e fora, algo se perdeu e pressionados pelo ideal da sociedade, ingenuamente pensamos em recuperá-lo. Os deuses pensam diferentes e despertam e movimentam a alma.

   

    Jung em Enantiodromia discorre sobre a contraposição, a compensação a tudo que foi excessivamente orientado para um único oposto. Ele recomenda nova ordem tanto com relação ao próprio viver quanto ao mundo.

    Junguianos estudam e discorrem como no meio da vida algo além do aparente estimula a psique. O deus Hermes varre certezas e escolhas definitivas e traz mensagens inquietantes das profundezas, algumas delas realmente difíceis de serem ouvidas falam de perdas, de mudanças que contrariam o ideal valorizado pela sociedade. Hermes “fala de emergência e do despertar da alma”.

    Só realizando a transição é possível conhecer o que o deus dará em troca pelo que tirou. Para o Dr. Murray Stein “não é possível adivinhar qual será o presente que a alma dará no meio da vida, mas deve ser recebido de bom grado”.

    A monografia será focada na “emergência psicológica” e na ação do deus Hermes – no viver de alguns amigos e mesmo no meu. O inconsciente irrompe, desconcerta e força mudanças. Medos, resistências, ansiedades, depressão, dúvidas com as mudanças e paralisia ao longo do processo de transformação psicológica.

Justificativas:

    Livros, artigos e muitos especialistas discutem como grande parcela dos jovens se retarda na adolescência. Mesmo na casa dos trinta anos muitos permanecem com pais que aparentam não desejar soltá-los. Outros mesmo morando sozinhos ou com amigos não são independentes, além de usarem a estrutura da casa dos pais, continuam a olhar o viver com a perspectiva da juventude, não se comprometem com a perspectiva da maturidade, das limitações humanas, dos poderes diminuídos, mesmo do rumar para o fim. Destarte a perspectiva da juventude não se converte em perspectiva do passado, algo que foi perdido, superado, enterrado e compreendido como experiência que pertence definitivamente ao passado.

    Várias são as justificativas. Quem permanece na casa dos pais fala do alto custo de vida, das facilidades para guardar dinheiro para aquisição de bens, além de todas as benesses que a casa dos pais oferece. Os defensores da independência relativa alegam que é preciso aproveitar o viver ao máximo sem comprometimentos que impliquem limitações. O paradoxo entre crescer e se independer versus apegos e necessidades de ser cuidado compromete a construção da subjetividade. Segundo um amigo, que se retardou na independência e vive transição difícil com ansiedade, depressão e paralisia, além de enfrentar a resistência sedutora dos pais, “muitos pais que não se preparam para o envelhecimento, que não pensam na própria felicidade, estimulam direta e indiretamente a imaturidade dos filhos, assim se sentem menos abandonados”.

Objetivos:

    O meio da vida chega sem avisos e o Self força a porta. Dr. Jung escreveu que “quem se identifica com sua atitude externa, torna-se irremediavelmente prisioneiro de processos internos”. A referência do estudo é o arquétipo do herói Heitor, sua recusa em enterrar o que morreu, a perspectiva da juventude eternamente presente, a atração por honra e glória.

    Atualmente a atração não é por honra e glória, mas por sucesso, pelo princípio da celebridade, da fama, da fortuna, das diversões e prazeres sem limites. Esse ideal persiste mesmo em pessoas com idade muito além do meio da vida. O estudo investigará os medos no meio da vida, a rejeição ao envelhecimento como tentativa de manutenção da imagem do jovem sedutor e viril, a atração por tudo que pertence ao mundo dos jovens, a busca por sucesso a todo custo. James Hollis escreveu na Passagem do Meio que, para Jung, “sobrevive ao meio da vida quem quebra o perfeccionismo, não mais busca fama, nem fortuna e nem eterna juventude”.

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