Psicoterapia em Grupo de Adolescentes

Segundo Riviere (1985), Vigotski propõe a construção de uma nova psicologia,

fundamentada no materialismo histórico e dialético, que entende o homem como uma unidade

da totalidade. E isso significa abandonar o determinismo biológico e compreender o homem

como um sujeito de transformações históricas. A ideia de desenvolvimento de Vygotski,

segundo Tuleski (2002), está intimamente comprometida com a filosofia marxista,

questionando a visão naturalista e linear, destituindo a concepção de que existe um tipo

humano universal e eterno. Essa autora afirma que ao pensarmos em Vygotsky, levamos em

conta o princípio de que se os homens são capazes de fazer a revolução, de transformar sua

própria natureza.

Vigotski (1930) expõe que nas sociedades primitivas ou menos desenvolvidas

verifica-se uma relação direta entre o desenvolvimento dos instrumentos, das forças de

produção, da estrutura do grupo social e a constituição psicológica dos indivíduos; porém a

relação torna-se mais complexa nas sociedades desenvolvidas (burgueses), as quais se

caracterizam pela estratificação em classes (proletariado) pois a estrutura psicológica e as

formas de produção estarão influenciadas por diversos fatores materiais e espirituais de alta

complexidade, não havendo uma homogeneidade ou uniformidade nos modos de conduta e de

pensamento do homem, isto é, uma desigualdade de classes.

[...] o caráter de classe e as distinções de classe como responsáveis

pela formação dos tipos humanos. As várias contradições internas, as quais se

encontram nos diferentes sistemas sociais, encontram sua expressão acabada

tanto no tipo de personalidade, quanto na estrutura do psiquismo humano de

um período histórico determinado [...]. De tudo isso resulta não só que o tipo

humano autenticamente único diferencia-se e fragmentase em vários tipos, de

diferentes classes sociais – como estes, por sua vez, permanecem em agudo

contraste entre uns e outros –, mas também a corrupção e a distorção da

personalidade humana, assim como a sua sujeição a um desenvolvimento

inadequado, unilateral, no interior mesmo de todas essas diferentes variantes

tipológicas humanas (VIGOTSKI, 1930, p. 3)

A alienação do trabalhador se expre

agindo na transformação da atividade interna e os instrumentos na atividade externa ao

homem. Além disso, o autor salienta a relação existente entre significado social e sentido

pessoal no uso dos signos pelo homem. O significado social é resultado das apropriações

efetivadas pelo homem, historicamente. O sentido pessoal, ou subjetivo, é resultado da

interação real existente entre o homem e o mundo. Assim é a história da humanidade. Tem

como condição fundamental a transformação dos homens e da natureza. É através dessa

história que o homem desenvolve o pensamento, as idéias e dentre elas aquelas referentes ao

conhecimento.

A educação vincula-se ao processo de produzir o desenvolvimento do pensamento, da

linguagem, da palavra, é a capacidade humana de unir a linguagem ao pensamento para

organizar a realidade. Para Vigotski, o pensamento deixa de ser algo puramente biológico,

como o dos primatas, para se tornar histórico-social, o que diferencia o homem dos outros

animais. Sua principal marca é a construção dos significados das palavras. Quando a criança

passa a dominar a linguagem e construir seus conceitos sobre os objetos e a realidade. Para

Tuleski (2008) a educação social é capaz de vencer as deficiências e a desorganização da

sociedade, formando o homem comunista em todos os aspectos.

Sendo assim, a consciência é uma consequência da convivência social em que se

produz a cultura, é a abrangência do pensar e do agir, para produzir a existência social,

portanto, a consciência é um fenômeno individual coletivo. De acordo com Shuare (1990)

apud Araújo et al (2010), os fundamentos marxistas enfatizam que mudanças históricas na

sociedade e na vida material produzem mudanças na consciência e no comportamento

humano. Para esta autora a psique humana é a história da sua construção, portanto a psique

não é imutável ou invariável no decorrer do desenvolvimento histórico. Nessa perspectiva,

podemos dizer, que o psiquismo humano se desenvolve por meio de atividade social, isto é:

mediação.

A atividade humana está relacionada com o conceito de mediação, ou ainda, não

significa apenas uma reação ao meio, mas uma transformação através de instrumentos. A

utilização de instrumentos implica na constituição do signo, na regulação da conduta e

construção da consciência, a qual possui uma estrutura semiótica que regula o contato com os

outros indivíduos e consigo mesmo (RIVIÉRE, 1985). Esta mediação é o traço principal, que

se dá através de instrumentos que se

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