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RESENHA CRÍTICA: ISTO ÉS TU – REDIMENSIONANDO A METÁFORA RELIGIOSA

Por:   •  29/6/2020  •  Resenha  •  1.495 Palavras (6 Páginas)  •  372 Visualizações

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FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE

Curso de Psicologia – 7ª período

        Psicologia e Ciência das Religiões – Professor Haleks Marques Silva

        RESENHA CRÍTICA: ISTO ÉS TU – REDIMENSIONANDO A METÁFORA RELIGIOSA        

Roberta Souza Rocha Dias

CAMPBELL, Joseph. Isto és Tu- Redimensionando a Metáfora Religiosa. Ed. Landy. São Paulo -SP. 2002

        Isto és Tu, escrito em 2001 e traduzido em 2002, o livro é um compilado de conferências, ensaios e palestras, que Joseph Campbell fez durante sua carreira, nos estudos de mitologia e religião comparada. Campbell, através da perspectiva da tradição judaico-cristã, teve como objetivo principal, resgatar símbolos e mitos recorrentes para fazer uma dura crítica àqueles que encaram as metáforas religiosas por meio de um sentido denotativo.

        Logo no capítulo um, o autor se depara com um entrevistador extremamente tendencioso, contudo consegue se esquivar com uma desenvoltura que é marcante ao longo do livro. Ele fica revoltado devido a uma forma errônea em que o jornalista tem do conceito de mito, tanto que um dos objetivos do autor nesse capítulo é definir a função do mito e mostrar como as metáforas nele contidas são encaradas de maneira errada, no contexto contemporâneo. De forma crítica, o autor mostra que existem pessoas que se consideram crentes porque aceitam metáforas como fatos, e tem pessoas que se classificam como ateus porque acham que as metáforas religiosas são mentiras.

        Seguindo a interpretação da metáforas, Campbell ressalta que as instituições  religiosas promovem uma dissociação entre a pessoa e o princípio divino. Segundo o autor, a religião entrega a interpretação pronta aos fiéis, tornando, assim, as pessoas alienadas a partir do momento em que a fé é baseada em algo nomeado antes que você conhecesse por conta própria. Acontecimentos místicos vividos pelas pessoas precisam ser validados, ou seja elas são responsáveis por dar validade à experiência humana individual. Ele usa a religião comparada para provar seu ponto de vista. No caso, utiliza a diferença entre tradição cristã, que vê Deus como homem único e verdadeiro, e a tradição do Oriente, que vê um fragmento de Deus em cada pessoa, sendo que nessa última tradição, a experiência individual como mais valorizada.

        Campbell, também utiliza da lógica aristotélica e a tradição ocidental, que afirmam que a criatura e criador não podem ser os mesmos, o que os relaciona são rituais realizados pelas religiões. Já na tradição oriental, criatura e criador se igualam, a criatura usa a encarnação de seu messias como modelo para sua própria encarnação. Trazendo, através da diferença, tanto o fato da imagem de um Deus masculino, que reafirma a ideia de submissão de vítimas matriarcais a conquistadores patriarcais, sua visão da tradição do Ocidente. Diferente da tradição Oriental, em que a transcendência está além de toda designação.

        Ainda na tradição Ocidental, perspectivas religiosas relacionada a ética opondo o bem e o mal, de fundamento bíblico, no qual o indivíduo é compelido pela própria religião ao campo da dualidade. A perspectiva mística, entretanto, encara o bem e o mal como aspectos de um único processo. A ideia de bem e do mal absolutos no mundo ocidental e bíblico, a natureza é corrompida e o indivíduo deve corrigi-la. Ao contrário, no oriente, o indivíduo deve estar em constante contato com a natureza e esses valores se entrosam, a natureza é limpa e não corrompida.

        Campbell trata a experiência humana com Deus, na perspectiva do tempo e do espaço. Segundo o autor, a noção que o Ocidente tem de Deus, é a apreensão de uma forma física existente em um tempo e num espaço, mas para ele, “Deus” nos refere além de alguma coisa suscetível de ser concebida ou nomeada. Em quase todos os outros sistemas, os deuses são agentes, manifestações imaginadas de uma energia que transcende toda conceitualização. São os agentes que nos leva a energia vital, é uma maneira humana de conceber a força e a energia que sustentam o mundo.

        Nesse contexto, da ideia de Deus, nas diversas religiões utilizam de metáforas, contudo, são ensinadas erroneamente como fatos concretos ou históricos, fazendo com que o crente, ao chegar na idade adulta renegue a Fé de seus ancestrais por esta ser extremamente contraditória ao senso comum e à ciência. Isto não é operacional. Encontrar o núcleo vivo destas metáforas fortalece muito mais a Fé do que o apego às suas exterioridades cristalizadas, cientificamente superadas. Estas metáforas deixam poderosas mensagens ao inconsciente que trazem muita informação sólida sobre as pessoas que as deixaram e contém um núcleo vivo absolutamente rico, que Campbell ilumina em seus trabalhos.

        A ideia “de subir ao céu”, não remete a alguma revogação da Lei da Gravidade. Acreditar nisso é infantil e insulta nossa inteligência e apequena nossa fé. Contudo descartar essa mensagem como se ela a nada se referisse é ainda mais irracional. Pense na espiritualização de uma pessoa, que devota mais a outrem e à contemplação da Criação que a seu próprio corpo. É algo sublime, é um milagre. Não é fato físico nem tampouco, mágica. O milagre da transformação do nosso coração e mente, é a isso que a metáfora religiosa sempre se refere.  Outra metáfora muito utilizada nas religiões é “morrer para o mundo e renascer nova criatura”. É muito difícil entendê-la, de forma concreta, como muitas religiões o faz. A fé deve se fortalecer e fim de promover uma reconciliação com a tradição dos nosso ancestrais ao entender a metáfora como tal e não como narração histórica literal, coisa que jamais se propôs a ser.

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