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RESENHA DE ARTIGO CIENTÍFICO: ESTUDO INSTITUCIONALISTA ACERCA DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Por:   •  20/6/2018  •  Resenha  •  1.195 Palavras (5 Páginas)  •  319 Visualizações

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Universidade Potiguar

Escola da Saúde

Curso de Psicologia

Psicologia e Análise Institucional

RESENHA DE ARTIGO CIENTÍFICO:

BREVE ESTUDO INSTITUCIONALISTA ACERCA DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA por Roberta Carvalho Romagnoli

À partir da Constituição de 1988 houve a alteração da concepção do modelo de saúde assistencialista para um conceito mais amplo visando o acesso à moradia, alimentação, emprego, lazer e educação. Todas essas conjecturas se deram com a inauguração do modelo do Sistema Único de Saúde – SUS em 1990.

Nesse contexto, afim de extinguir com o modelo assistencial de saúde e romper com toda uma postura verticalizada e individualista centrada no médico e nas ações curativas foi criado o Programa de Saúde à Família – PSF fundamentado nos princípios do SUS, produzido pelo Ministério da Saúde.

O PSF traz consigo práticas e elaboração de novos modos de cuidado através dos profissionais de saúde no sentido de produzir de maneira sensível, congruente e competente considerando a integralidade do cidadão com o um todo, pressupondo uma parceria com a família para a melhoria da qualidade de vida da população.

Nesse contexto, foi elaborada uma experiência de Extensão Universitária no Programa de Saúde Mental e Família desenvolvida nos PSF de Icaiveras e Citrolândia ambas em Betim – região metropolitana de Belo Horizonte, onde são realizados atendimentos às famílias de usuários da rede de saúde mental.

Para tal, contou-se com duas duplas de estagiárias no período de setembro de 2006 à fevereiro de 2007, sendo uma dupla para o PSF de Icaiveras e a outra para o PSF de Citrolândia.

As equipes de ambos os PSF possuem um médico generalista, um enfermeiro e dois auxiliares de enfermagem e em média cinco agentes comunitários de saúde.

As estagiárias realizaram entrevistas com a equipe, comunidade, acompanharam as visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde, mapearam os territórios e tiveram supervisão semanal onde os dados levantados eram relatados para a elaboração de uma proposta de intervenção que pudesse ser exposta posteriormente à equipe.

Levando-se em consideração o referencial teórico de Lourau da Análise Institucional no intuito de mapear o contexto instituído – estabelecido e no contexto instituinte - no que aponta para novas práticas no cotidiano é possível supor que a instituição saúde ainda se encontre em algum ponto entre conservador – instituído e o revolucionário – instituinte.

Partindo dessa perspectiva teórica, o PSF também se encontra nesse mesmo patamar, haja vista que ora o PSF se funda como política nacional na área de saúde e que ainda prevalece no cotidiano das equipes, usuários e comunidade o modo assistencialista pela conservação do instituído, porém traz nesse novo modelo de PSF forças instituintes na tentativa de propor novas práticas de cuidado.

Tais forças antagônicas produzem efeitos através de analisadores para fazer surgir o novo.

Nessa experiência de extensão verificaram-se analisadores que indicaram a dificuldade de adesão ao modelo do PSF na prática diária, constituindo um verdadeiro desafio tanto para os profissionais de saúde quanto para os usuários.

Tais analisadores surgiram do campo de forma espontânea, quais sejam: a concepção do modelo assistencial introduzido, ressentimento dos profissionais de saúde, a concepção da saúde ligada à figura do médico e ao uso de medicamentos, falta de conhecimento do território, não articulação da atenção em saúde mental e primária e a dificuldade de se trabalhar com grupos.

Foi percebido em ambos os PSF que há uma forte resistência à proposta de saúde mais ampla, onde alguns profissionais ainda perduram com o modelo de atendimento de “agendamento” não dispondo de tempo para ir à campo. Outra constatação foi a ânsia dos usuários por cuidados curativos de responsabilização do médico e da equipe de saúde, perpetuando o paradigma de que saúde é a ausência de doença e comprovando um esboço de organização cristalizada.

Da mesma maneira, durante a atividade de extensão foi demonstrada dentro da proposta organizacional da psicologia a força do poder instutuído através do atendimento de forte demanda de usuários com problemas subjetivos ensejando atendimentos individuais com objetivos analíticos e psicoterapêuticos.

À Frente do PSF de Icaiveras, se apresentou como gerente uma profissional de enfermagem que parecia estar aberta à adesão de sua equipe a uma outra forma de pensar a psicologia, sustentada pela proposta do SUS, porém na prática havia um jogo de poder na equipe que afetava diretamente os agentes comunitários pela desarticulação com a equipe.

Com isso, as estagiárias puderam constatar nas visitas familiares que haviam condutas padronizadas e que mantinham-se a mera reprodução de coletas de dados e transmissão de informações, não havendo relacionamento com as famílias visitadas, além de perceber uma queixa generalizada por parte dos agentes comunitários no que tange a desvalorização em seus trabalhos, bem como na falta de capacitação e conhecimento acerca do tema: transtorno mental.

Foi observado em ambos os PSF a lógica dos “especialismos” pelos profissionais do serviço, indo de encontro ao exercício da integralidade proposto pelo SUS e com isso, boicotando a Política Nacional de Humanização.

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