Relatório de Estágio Básico

 Queixa principal: A primeira entrevista foi feita com a avó, que trouxe como queixa principal a ansiedade extrema de Davi, relatou que já o levou em alguns médicos por conta de manchas roxas que aparecem no corpo dele além das queixas de dores de cabeça e náuseas. O neurologista prescreveu um encaminhamento para o psicólogo, pois contatou que esse sintoma advém da ansiedade. A avó expôs que ela e Luciana, mãe do Davi, também são bastante ansiosas.

 Atendimentos: Durante o primeiro atendimento, a princípio Davi se demonstrou tímido, mais logo pediu para desenhar, então ele começou a contar sobre os desenhos que gosta e desenhou um dragão, enquanto desenhava me contou sobre os animais de estimação que já teve e que eles morrerem, disse –“pena que a morte tem que existir”. Na sessão seguinte, ele trouxe seu caderno de desenhos e os que mais se repetem são monstros e dragões, relatou que desenhar é o que mais gosta de fazer. O assunto “morte” se manteve frequente por duas semanas. Falas como: “ eu tenho toc”, “meu toc não me deixa bagunçar as coisas” e “tem que estar em linha reta”, são corriqueiras durantes os atendimentos, principalmente ao brincarmos de jogo da memória que é quando ele enfileira todas as peças, com quantidade especifica de peças por fileiras, para que depois possamos começar a jogar. Na última sessão, ele falou sobre o pai pela primeira vez, disse que gosta de ir pra lá “por causa da comida”, pois na casa do pai ele pode comer pizza, cachorro quente e outras besteiras, já em casa não é sempre que sua avó deixa. Quando perguntei se a madrasta era legal, Davi disse que não sabia muito sobre ela, mais que tinha rancor, porque o pai traiu sua mãe com ela. Depois ele, voltou sua atenção para o “peteleco” que estávamos brincando e não comentou mais nada sobre o assunto. Em todas as atividades Davi se mostra muito concentrado no que está fazendo e costuma terminar as atividades que se propõe, sendo bem compreensivo quando perde em alguns dos jogos.

 Articulação teórica: Ao expor o rancor sentido pela madrasta para mim, pressuponho que Davi iniciou um processo de transferência, fazendo com que eu ocupe o lugar de Outro para ele. Contudo, enquanto analista não meu papel lhe dirigir demandas, mais propor á ele um lugar vazio, a partir do qual posso elaborar sua própria demanda. Sendo assim, como suporte do objeto causa do desejo, entendo que minha função seja criar condições para que Davi possa encontrar os elementos necessários para solucionar o impasse que o está impossibilitando de seguir na construção de sua neurose infantil.

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