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Resenha Crianças e adolescentes com tendência antissocial

Por:   •  9/4/2015  •  Resenha  •  1.482 Palavras (6 Páginas)  •  368 Visualizações

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Crianças e adolescentes com tendência antissocial

Donald Woods Winnicott desenvolveu sua teoria da tendência antissocial com base nos acontecimentos da sua época, seu trabalho esteve em contato com as tragédias da Segunda Guerra Mundial, trabalho este que lhe possibilitou adentrar nas sequelas da constituição psíquica e dos vínculos afetivos-emocionais deste tempo. Winnicott esteve de frente com angústias infantis graves ao trabalhar com crianças evacuadas e separadas precocemente dos pais nos arredores de Londres decorrentes das perdas inerentes à situação de catástrofe, destruição e morte. A partir de então, foi aprofundando sua compreensão sobre a importância de um ambiente facilitador e de uma mãe suficientemente boa (good-enough), presente e confiável passando a visualizar a tendência antissocial e a delinquência como uma reação a falhas ambientais vivenciadas precocemente pela criança. Para ele os sintomas da tendência antissocial são normais e inerentes ao desenvolvimento do ser humano, como enurese noturna, hiperatividade e transtornos alimentares, porém se não houver intervenção em tempo esses sintomas irão evoluir até derivar para condutas antissociais graves.

O conceito de tendência antissocial, para Donald W. Winnicott, não foi formulado para designar um diagnóstico clínico, mas, sim, um continuum de comportamentos e atitudes que, em maior ou menor grau, todos os indivíduos podem apresentar, em determinadas situações de vida. Reflete uma demonstração de esperança em recuperar uma experiência de maternagem que foi positiva e que foi perdida (deprivation), no período de dependência relativa. (JUSTO & BUCHIAN)

A criança, para Winnicott, à medida que vai crescendo, passa por várias fases que vão consolidando seu amadurecimento pessoal, teoria essa que aponta dois pressupostos fundamentais, um de que todo o indivíduo humano possui uma tendência inata ao amadurecimento e à integração, e o segundo é de que essa tendência só se realiza na presença de um ambiente suficientemente bom. Assim, o indivíduo passa por três fases em relação ao processo de dependência: a dependência absoluta, relativa e rumo à independência. A dependência absoluta se encontra no início da vida, a agressividade é só um movimento, cabendo à própria mãe significar esse gesto espontâneo, desse modo não existe intencionalidade, para Winnicott não existe bebê violento; Na dependência relativa é necessário que a mãe vá se afastando do bebê e dando espaço para que o pai entre na relação. Mas, é preciso que a mãe pondere esse afastamento, para que não se caracterize como abandono, pois se o abandono for maior do que a criança pode suportar ou se o pai não puder cumprir sua função, acontecerá à sensação de raiva e de abandono, levando a criança a se tornar reativa, surgindo a deprivação, “uma criança se torna deprivada quando é destituída de algum aspecto de sua vida em família” ( Winnicott, 1956/2000, p.409). Desse modo, na privação inicialmente a criança recebe cuidados suficientemente bons que foram retirados de forma abrupta; essa perda não foi corrigida a tempo de a esperança ser mantida; a criança já havia amadurecido o suficiente pra perceber que esse ambiente que falhou. Agora quando essa falha quando a criança ainda não tem noção do ambiente, ou seja quando ocorre na fase da dependência absoluta, se chama privação e pode levar à psicose, na organização psicopática há subjacente uma organização psicótica na qual não há memória ou traços da experiência humana. Assim, na deprivação a criança sente a perda e faz a dissociação posteriormente, já na privação ocorre o mecanismo da cisão, ocorre um aniquilamento.

Considera-se que há dois tipos de tendência antissocial. O primeiro, são as delinquências menores que dão trabalhos extras aos pais, se baseiam em pequenos furtos, urinar na cama, tudo com o objetivo de chamar a atenção, nesse houve a perda do cuidado materno; O segundo se caracteriza na destrutividade, se relaciona com falhas no estabelecimento de limites necessários para o desenvolvimento do autocontrole, está na interação com o pai. Desse modo, percebe-se que existe uma graduação entre a agressividade natural, a tendência antissocial e a delinquência. A tendência antissocial se caracterizaria como um pedido de socorro para um ambiente que está em débito com ela, sendo um sinal de esperança.

É preciso ter cuidado, pois como dito anteriormente os comportamentos antissociais podem ser observados no curso do desenvolvimento normal de todas as crianças e adolescentes transitoriamente, por isso é preciso diferenciar normalidade de patologia, é preciso ter cuidado com o viés psicanalítico, visto que o termo “antissocial”, pois ele é utilizado para fazer referência às características comportamentais de diversos outros transtornos mentais, tem sido muito utilizado para designar o caráter agressivo, que mesmo não apresentando diagnóstico de um transtorno específico, apresentam problemas de comportamento que causam prejuízo.

Como tratar a tendência antissocial

O tratamento da tendência antissocial para Winnicott deve ser feito pelo fornecimento de um ambiente cuidador, que poderá ser redescoberto e testado pela criança, dando-lhe a oportunidade de experimentar novamente os impulsos do id.

Os pais são frequentemente bem-sucedidos em curar seus filhos dessas carências secundárias, e isso fornece a chave para a esperança que o clínico pode ter quanto a conseguir a cura da tendência antissocial” (Winnicott, 1984,p.230).

No método de consultas terapêuticas, acreditava que contribuiria efetivamente para a melhora dos pacientes trabalhando com os pais, descobrindo o significado dos sintomas, reconstituindo os cuidados perdidos, sendo esse procedimento eficaz com a história fornecida pela própria criança em contato individual com o analista. Esse método é eficiente quando se refere a traumas recentes, que sob seu ponto de vista a tendência antissocial é mais facilmente tratada quanto mais perto estiver de seu ponto de origem, com o intuito de simplesmente restituir

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