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Resenha do filme "Um estranho no ninho"

Por:   •  11/4/2018  •  Resenha  •  1.000 Palavras (4 Páginas)  •  1.630 Visualizações

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FORNAM, Milos - Um estranho no ninho (1976).

GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos (1961). Tradução de Dante Moreira Leite. 7ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

                                                

Resenhado por: Millais Lariny Soares Rippel

Erving Goffman (1922-1982) foi um sociólogo, antropólogo e escritor canadense, considerado o pai da microssociologia. Sua obra tem influenciado e contribuído para estudos na área da sociologia, da antropologia, como também no campo da psicologia social, psicanálise, comunicação social, linguística, literatura, educação, ciências da saúde e outras áreas.

Jan Tomás Forman (Cáslav, 18 de fevereiro de 1932), mais conhecido como Milos Forman, é um premiado cineasta, ator e roteirista checo. Mudou-se para os Estados Unidos em 1968. Dois de seus filmes, One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho) e Amadeus, estão entre os mais célebres filmes da história do cinema, e lhe deram o Oscar de melhor diretor.

O filme demonstra como eram os atendimentos aos doentes mentais no passado, inspirado em história real, mostra a forma desumana em que esses pacientes eram tratados sendo vítimas de todos os tipos de violência sendo ela física ou psíquica, provavelmente por casos como este é que tornou-se necessário se pensar sobre uma reforma no atendimento psiquiátrico.

Segundo Goffman (1961), uma instituição total (no caso um manicômio)  pode ser definida como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, os indivíduos levam uma vida fechada e formalmente administrada. O longa se inicia com o prisioneiro Randle Patrick McMurphy, interpretado pelo ator Jack Nicholson, sendo levado para uma instituição de tratamento para doentes mentais após simular a sua insanidade na cadeia, para que não precisasse trabalhar, onde logo foi submetido às regras e rotina do local.

Regras essas aplicadas severamente pela enfermeira Mildred Ratched, que no filme também faz o papel próximo de uma “terapeuta”, onde orienta o grupo à discussões e terapia, porém não têm efeito pois a enfermeira não os ajuda a resolver seus problemas, apenas os devolve aos indivíduos e às vezes de maneira mais agressiva, e a mesma ainda possui uma figura de autoridade e tirania, e de nenhuma confiança vista pelos pacientes, evidenciando um superego tirânico e perverso.

As instituições totais perturbam ou profanam exatamente as ações que a sociedade civil têm o papel de atestar ao indivíduo, que este possui certa autonomia no seu mundo. E isso é tirado dele no momento que é submetido à rotina maçante e autoritária.

Goffman ainda traz outro ponto importante a ser citado: desculturamento, onde no filme pode ser notado no momento em que McMurphy os leva para pescar, e eles ficam cara a cara com uma amiga dele. Alguns não sabiam o que dizer, nem o que fazer, nem mesmo como se portar. Isso se deve ao fato de estarem fora de contato com outras mulheres que não fossem as enfermeiras, com as quais estavam acostumados de conviver.

[...] se a estada do internado é muito longa, pode ocorrer, caso ele volte para o mundo exterior o que já foi denominado "desculturamento”- isto é “destreinamento" - que o torna temporariamente incapaz de enfrentar alguns aspectos de sua vida diária. (GOFFMAN,1961).

Outro ponto citado por Goffman em seu livro, é o fato dos pacientes serem despidos de si: começa uma série de rebaixamentos, degradações, humilhações e profanações do eu. O seu eu é sistematicamente, embora muitas vezes não intencionalmente, mortificado. Quando são obrigados a usarem as mesmas roupas, fazer as mesmas atividades de recreação, ouvir a mesma música, modifica-se no indivíduo algo inteiramente seu. Começa-se uma reinteração do sujeito.

        Uma situação peculiar no filme, onde McMurphy e seu colega são levados para tratamento de choque por terem pedido seus cigarros de volta, nos remete à fala de Goffman onde diz: os castigos e privilégios, são modos de organização peculiares às instituições totais. Qualquer que seja a sua severidade, os castigos são em grande parte conhecidos, no mundo externo do internado, como algo aplicado a animais… Um dos poucos privilégios que os homens lá tinham eram seus cigarros, e foram privados disso.

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