A Cola de Bioquímica

O experimento de aprisionamento de Stanford avaliou o processo comportamental numa simulação de prisão. O professor Philip Zimbardo, da Universidade Stanford, estabeleceu um roteiro rigoroso para ser cumprido pelos participantes, esses selecionados através de um anúncio do experimento com remuneração. O grande grupo foi dividido em dois grupos menores, um de prisioneiros e outro de guardas, e a distribuição foi aleatória. As regras tinham como objetivo a total descaracterização do indivíduo, de forma a suas particularidades fossem suprimidas, além da atribuição de caráter de inferioridade aos prisioneiros. Além disso, fora proibido qualquer tipo de violência física, o que levou os guardas, no decorrer do tempo, à adoção da humilhação como ferramenta de coerção e desumanização.

O pensamento de Nietzsche está no mundo visto a partir do ponto de vista do indivíduo, de dentro para fora, e não o homem submetido a valores superiores e absolutos. O ser humano, comumente, é domado pela sociedade através de regras morais e leis, e todas as punições em decorrência do descumprimento de qualquer uma dessas regras, são individuais, e a mensuração de tais efeitos é na vida do indivíduo. O niilismo sugere que os valores individuais superem inclusive a “necessidade” de existência de Deus. O experimento acabou demonstrando que os guardas, com o passar do tempo, experimentaram a ausência de consequências, tendo a sensação de poder absoluto, e a introjeção desta condição, os levou a condutas cada vez mais extremas com os prisioneiros, independentemente de qualquer limite moral. Já os reflexos da abordagem de Foucault, aparecem na criação da “verdade” como meio de dominação. A condição estabelecida na prisão, de regras e relações levaram a modificar os arquétipos éticos vigentes, dando espaço para a relação de dominação das demandas daqueles que dominam o poder. Ou seja, apesar de toda estrutura moral dominante baseada em valores superiores, a relação de poder torna-se fator preponderante no estabelecimento de regras.

Em uma última análise, podemos concluir que, apesar de todo aparato social de conformação, o homem quando submetido a uma situação de liberdade plena de decisão e exercício de poder, fará valer os seus valores e regras estabelecidas para manutenção deste poder.

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