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A EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE AO PROCESSO DE MORTE EM UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO SOB A ÓTICA DA SAÚDE MENTAL

Por:   •  8/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.098 Palavras (5 Páginas)  •  522 Visualizações

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A EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE AO PROCESSO DE MORTE EM

UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO SOB A ÓTICA DA SAÚDE MENTAL.

Segundo Franklin Santos, 2009, Dentre outras funções, a enfermagem também é responsável pela admissão do paciente para o ato cirúrgico e muitas vezes acompanha-o na fase pré-operatória, estabelecendo relação de empatia com o mesmo desde o momento de sua chegada ao hospital, acalmando suas ansiedades, esclarecendo dúvidas e amenizando medos. Neste relacionamento o enfermeiro de centro cirúrgico afeta o paciente, e é afetado por ele.  O estresse no trabalho, além de afetar fisicamente o trabalhador de saúde, atinge-o também mentalmente, interferindo nas relações de trabalho e nos resultados esperados. Estando envolvido com o aspecto biopsicossocial do paciente, é o enfermeiro que muitas vezes está ao lado deste no momento de sua morte e situações como esta exigem nos dias atuais uma reformulação dos sentimentos deste profissional sobre a vida, morte e o morrer. A faixa etária do paciente, motivo da cirurgia, família, calosidade profissional e impacto do trabalho na vida pessoal, papéis dentro da equipe e impactos positivos da morte.

Observou-se a existência de sensibilização dos profissionais da equipe de enfermagem, sua aproximação pessoal com o sujeito em óbito. Se, por um lado, a relação dos trabalhadores com a morte é, na maioria das vezes, complexa, a morte na infância é revestida de especial peculiaridade. O trato com a morte de uma criança é fonte de angústia diferenciada para a equipe, que a vive a dor da perda de maneira exacerbada. A maioria das pessoas assume uma dificuldade maior em relação à morte da criança em razão da dominância do pensamento cultural de que a morte na infância é vida frustrada, é vida desprovida de sentido. A morte quando criança é morte precoce, pois o entendimento da sociedade é que a morte pode ser aceitável somente nos casos de velhice, quando o sujeito já produziu o esperado durante sua trajetória de vida. De forma diferenciada da morte infantil, a morte na velhice é vista pelos participantes como um alívio para o sujeito, com menor impacto sobre o trabalhador. Porém, de igual maneira, não é uma morte trabalhada, digerida ou socializada. Outro ponto a expor, é a sensação de impotência que possivelmente surge no íntimo de tais profissionais em razão do quão pouco eles podem oferecer para a cura ou auxílio da mesma no paciente idoso internado ou com necessidade de passar por uma grande cirurgia. Notou-se a prevalência de citações de sofrimento relacionado à morte de pacientes cirúrgico vítimas de traumas graves ou acidentes. Esta possibilidade talvez aconteça, devido a imprevisibilidade com que os infortúnios aconteçam e também em razão da gravidade que normalmente se apresenta.

 O profissional de saúde é chamado a intervir em situações de risco de morte, como em caso de acidentes e traumas. A angústia, nessas circunstâncias, é grande. Neste sentido, um dos fatores que pode causar a sensação de impotência diante da morte do outro é a falta de tempo para poder agir. A família, também citada diversas vezes, constitui-se de uma unidade básica e complexa, com amplas maneiras de se organizar e estruturar. Para alguns é a coisa mais importante da vida. A família continua sendo um lugar privilegiado de proteção e de reenergização dos indivíduos. Por esta razão temos a família como referência, como base segura de nosso desenvolvimento pessoal, social e profissional, como amparo nas dificuldades encontradas durante a rotina de vida, bem como na morte do outro. A morte aproxima as pessoas, estreita laços, proporciona a junção familiar por meio deste evento, trazendo conforto, calor humano e minimizando o sofrimento. Também é da família que lembra-se, quando do evento morte. Normalmente acontece maior sensibilização e compartilha-se a dor com a mesma. Observou-se que os trabalhadores do centro cirúrgico  pensam em família, lembram dessa instituição importante para o paciente, porém com limitações quando ao anúncio do óbito. Percebe se uma fuga do assunto morte implícita na fala dos trabalhadores. O termo calosidade profissional remete ao afastamento do profissional do paciente acreditando poderem se defender do sofrimento advindo de seu posto de trabalho. Ao longo dos questionamentos feitos no estudo, foram obtidas respostas, que de certa forma são caracterizadas por este distanciamento intencional das emoções e, conseqüentemente, são maneiras de proteção, os trabalhadores do centro cirúrgico tendem a buscar a separação do profissional e do humano, de forma a não encarar de fato a realidade que se apresenta. Cumprem seu papel e as atividades a eles designadas, não se emocionando com os casos, procurando não falar sobre o assunto, não compartilhando com o colega seus sentimentos ou até mesmo assumindo o impacto da morte em sua vida profissional e pessoal. Os hospitais são instituições comprometidas com o processo de cura, provavelmente sendo os pacientes a beira da morte uma ameaça a essa função. Os profissionais têm rotinas e normas a cumprir, protocolos e burocracias que os ocupam o suficiente e possivelmente colaboram para o distanciamento do paciente. Percebeu-se, frente a morte, a limitação profissional à execução de atividades de enfermagem, apenas. A chegada da morte invade e desrespeita todas as regras impostas, independente de quais sejam e por quem foram criadas. Assim também, os profissionais da saúde são tomados pela impossibilidade de permanecerem “imparciais, insensíveis ou arredios diante dessa profunda reflexão a que a morte nos concita. Baseando-se nesta experiênci íntima de cada um, pôde-se notar a valorização de aspectos não antes dados como percebidos, notáveis ou importantes da vida. Por mais que o contato constante com a morte traga más lembranças, sentimentos de impotência ou até mesmo sentimento nenhum, precisa-se compreender que a evolução humana baseia-se nas perdas, nas reconstruções, nas mudanças, mesmo que bruscas de comportamentos e hábitos de vida.

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