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RESENHA SOBRE RENASCIMENTO DO PARTO

Por:   •  15/11/2018  •  Resenha  •  1.127 Palavras (5 Páginas)  •  587 Visualizações

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SOROCABA

2018

O RENASCIMENTO DO PARTO

O documentário O Renascimento do Parto transmite ao espectador a realidade da maioria dos partos realizados no Brasil (cesarianas eletivas representando 52% dos partos realizados na época em que o documentário), os quais as mulheres, protagonistas do parto, não podem expressar seus desejos e acabam sofrendo algum ou muitos tipos de violência obstétrica durante a assistência prestada por profissionais que deveriam cuidar para que este momento fosse sublime e com o maior vínculo materno possível.

A sequência de imagens e relatos de mães que atuam como porta-vozes de muitas outras que passam diariamente por tais descuidados, demonstram a indignação e a impotência a elas impostas. Os produtores do filme Érica de Paula e Eduardo Chauvet, comentam: “parece que o filme tira aquele nó na garganta que as mães sentem depois de passar por uma experiência de parto hospitalar tradicional”.

A abordagem geral do filme remete ao conceito de violência obstétrica, a qual é compreendida pelo uso excessivo de medicamentos e intervenções no parto, assim como a realização de práticas consideradas desagradáveis e muitas vezes dolorosas, não baseadas em evidências científicas. Alguns exemplos são a raspagem dos pelos pubianos, episiotomias de rotina, realização de enema, indução do trabalho de parto e a proibição do direito ao acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto (LEAL et al., 2014).

Dessa forma, a violência obstétrica é considerada uma violação dos direitos das mulheres grávidas em processo de parto, que inclui perda da autonomia e decisão sobre seus corpos. Nesse sentido, significa a apropriação dos processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais da saúde, através de uma atenção mecanizada, tecnicista, impessoal e massificada do parto. (ZANARDO et al., 2017).

A pesquisa de Zanardo et al. (2017), demonstra que a associação de intervenções dolorosas pode ocasionar o medo do parto vaginal, além da crença de que o trabalho de parto não trará resultados. Os efeitos indesejados das intervenções podem gerar novas intervenções (uso de substâncias para induzir o parto, rompimento de membrana, episiotomia) – chamada “cascata de intervenções” –, o que pode aumentar as chances e atratividade de escolher pela cesárea. O momento do parto passa a ser encarado pelas mulheres como momento de medo e ameaça à vida, já que perdem seu papel de protagonistas, tornando-se frágeis e submetendo-se a tecnologias muitas vezes violentas. Pelo desejo de evitar esse sofrimento, a cesariana passa a ser uma possibilidade de fuga e de proteção da dignidade, já que o parto vaginal pode ser considerado degradante.

As mulheres ao relatarem seus partos via cesariana mostram a frustração de não terem parido naturalmente, com as próprias forças, os seus filhos. Querem e precisam vivenciar o nascimento de seus filhos de forma ativa, participativa, inteira. Viver os processos naturais e humanos por inteiro muitas vezes envolve dor, incômodo, conflito, medo. Mas são estes mesmo os “portais” para a transição, para o crescimento, para o desenvolvimento e amadurecimento humano.

Dados recentes do Ministério da Saúde, demonstram que no ano de 2017, foram realizados 2,7 milhões de partos no país. Considerando apenas partos nos serviços de saúde públicos, o número de partos normais é maior, sendo 58,1% e 41,9% de cesarianas (BRASIL, 2018).

A indução do parto cesáreo passa a ser um problema de saúde pública e torna-se um desafio reduzir sua frequência. Em março de 2018, o Ministério da Saúde anunciou a criação do sistema de monitoramento online para acompanhar a quantidade de partos cesáreas nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Tal medida visa reduzir a realização desse tipo de procedimento quando desnecessário. Considera-se um passo importante e representativo na continuidade das ações de monitoramento da saúde da mulher e na busca do atendimento adequado. Em relação a ação para coibir a realização de cesáreas desnecessárias, essa iniciativa vem ao encontro do fortalecimento de boas práticas para o parto normal. Afinal, busca-se identificar as fragilidades do serviço e criar mecanismos que incentivem a realização de parto normal.  (BRASIL, 2018).

Paralelo à busca da redução de partos cesáreos, o incentivo do parto normal é um marco da atualidade, contudo, o processo do parto humanizado vem ganhando espaço por profissionais que almejam oferecer maior apoio emocional à parturiente. O termo "Parto Humanizado", de acordo com Eleonora de Moraes (2017), psicóloga e Doula, não pode ser entendido como um "tipo de parto", onde alguns detalhes externos o definem como tal, como o uso da água ou a posição, a intensidade da luz, a presença do acompanhante ou qualquer outra variável. É um processo e não um produto pronto. A humanização proposta pela ‘humanização do parto’ entende a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos (onde apenas 15 a 20% das gestantes apresentam adoecimento neste período necessitando cuidados especiais), cabendo a obstetrícia apenas acompanhar o processo e não interferir buscando ‘aperfeiçoá-lo’. É preciso tornar cada vez mais consciente a importância de um processo que para a humanidade sempre foi instintivo e natural e que por algumas décadas tentamos interferir mecanicamente, ao hospitalizarmos o nascimento e querer enquadrar e mecanizar em um formato único as mulheres e o evento parto.

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