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Transtornos Alimentares: Etiologia, Patologia e Bases para o Tratamento

Por:   •  24/8/2015  •  Artigo  •  3.670 Palavras (15 Páginas)  •  476 Visualizações

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Transtornos Alimentares: Etiologia, Patologia e Bases para o Tratamento

Cristiane Emilia Ribeiro de Lima

Orientadora: Verônica de Fátima Salvalaggio

RESUMO

Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que afetam principalmente mulheres, adolescentes ou jovens. Buscou-se descrever, através de revisão de literatura, a fisiopatologia e os critérios diagnósticos dos dois principais transtornos, a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, abordando os principais fatores desencadeadores das doenças, bem como o tratamento. Por se tratarem de doenças multifatoriais, destaca-se a importância da equipe multidisciplinar na abordagem dos pacientes, e a atuação do profissional nutricionista para a reeducação alimentar, e adequação dos padrões de alimentação.

Palavras-chave: Anorexia Nervosa. Bulimia Nervosa. Fisiopatologia. Terapia Nutricional.

INTRODUÇÃO

 

Os transtornos alimentares vêm em ascensão no foco dos profissionais da saúde por apresentarem significativos graus de morbidade e mortalidade (PINZON & NOGUEIRA, 2004). São doenças psiquiátricas caracterizadas por graves alterações no comportamento alimentar, sendo mais comumente observadas em pessoas do sexo feminino, desde a adolescência até adultas jovens. Os dois principais transtornos alimentares são a anorexia e a bulimia nervosas (BORGES et al., 2006).

O perfil dos doentes é de mulheres caucasianas, jovens, e de alto nível socioeconômico, porém os estudos apontam a existência de casos em mulheres mais velhas e provenientes de níveis culturais mais baixos (BORGES et al., 2006).

Os transtornos alimentares (TA) têm uma etiologia multifatorial, ou seja, são determinados por uma diversidade de fatores que interagem entre si de modo complexo para produzir e muitas vezes perpetuar a doença (MORGANA, VECCHIATTIA, NEGRÃO, 2002).

Os aspectos nutricionais são centrais nos transtornos alimentares, e é crucial a compreensão destes para que se ofereça o tratamento adequado (ALVARENGA e SCAGLIUSI, 2010). Em estudo realizado por Souto e Ferro-Bucher (2006), os transtornos tiveram início com práticas de dietas indiscriminadas, orientadas pela mídia televisiva ou escrita, e até mesmo sustentada por profissionais de saúde que adotavam práticas inadequadas, proibindo determinados alimentos, o que as instigava ainda mais ao consumo; e impondo padrões de cardápios pré-determinados e padronizados, sem a preocupação com as peculiaridades de cada paciente.

Levando-se em consideração a importância da equipe multidisciplinar na abordagem dos pacientes com transtornos alimentares, em especial a prática do nutricionista integrada à dos profissionais psicólogos e psiquiatras, este estudo de revisão bibliográfica foi realizado selecionando-se artigos encontrados na base scielo e google acadêmico publicados a partir do ano 2000, com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) buscando a interface saúde mental e nutrição.

  1. ETIOLOGIA DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

As pressões das culturas ocidentais sobre as mulheres para a manutenção de um corpo magro podem ser causadoras dos transtornos, bem como a necessidade de baixo peso por exigência da profissão, por exemplo entre ginastas, bailarinas e modelos (APPOLINÁRIO e CLAUDINO, 2000).

Em estudos caso-controle HAY (2002) observou que o fator de risco mais evidente para a bulimia nervosa é a existência de obesidade anterior ou histórico de restrição alimentar. Entretanto, para a anorexia este fator não se mostrou significativo.

A dieta, isoladamente, não é suficiente para produzir os TA. Ela precisa interagir com os fatores de risco para levar a este desfecho. A baixa autoestima e auto avaliação negativa são fatores predisponentes para o desenvolvimento, bem como a ocorrência de trauma sexual, que pode desencadear além destes, outros transtornos psiquiátricos. Pessoas que possuem parentes de primeiro grau com a doença tem maior risco de desenvolve-la, provavelmente devido a um componente genético, também observado nos estudos com gêmeos univitelinos (MORGANA, VECCHIATTIA, NEGRÃO, 2002).

A família também exerce papel importante na gênese dos TA. Mães de pacientes tendem a ser mais críticas e preocupadas com relação ao peso de suas filhas, incentivando-as mais a fazer dieta do que as mães de filhas sem TA. Estudos apontam que a pressão para perder peso exercida pela mãe é o principal fator preditivo de insatisfação corporal e do engajamento em estratégias para modificar o corpo em adolescentes de ambos os sexos (MORGANA, VECCHIATTIA, NEGRÃO, 2002).

Outra possibilidade apontada por Morgana, Vecchiattia, Negrão (2002) é que a restrição alimentar favorece o aparecimento das compulsões alimentares, iniciando o ciclo compulsão/ purgação da BN. Algumas pessoas em restrição alimentar, no entanto, conseguem aumentar cada vez mais a restrição sem ter compulsão. Assim, instala-se a desnutrição, que aumenta a distorção da imagem corporal e, consequentemente, aumenta também o medo de engordar e o desejo de emagrecer, perpetuando a AN. Muitas características dos pacientes com transtorno alimentar são resultado – e não causa – do ciclo vicioso desencadeado pela desnutrição. Alterações fisiológicas e psicológicas produzidas pela desnutrição e pelos constantes episódios de compulsão alimentar e purgação, que tendem a perpetuar o transtorno.

O impacto que os eventos estressores podem ter sobre a patogênese dos TA depende dos recursos que cada indivíduo possui para responder aos mesmos. Assim, pacientes com anorexia nervosa tendem a ter uma atitude de evitação diante de uma crise, enquanto pacientes com bulimia nervosa apresentam mais ruminações cognitivas (MORGANA, VECCHIATTIA, NEGRÃO, 2002).

Após períodos de restrição alimentar, há aumento na secreção de cortisol e da atividade de CRH (Hormônio liberador de corticotropina). Quando estes hormônios são injetados em animais causam anorexia, aumento da atividade motora e diminuição da atividade sexual. Isso demonstra que a existência de sintomas como redução da libido, hiperatividade e anorexia em pacientes com AN pode decorrer da maior atividade de cortisol e CRH no cérebro, num ciclo vicioso (MORGANA, VECCHIATTIA, NEGRÃO, 2002).

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