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RESENHA EICHMANN EM JERUSALÉM E FILME “O LEITOR”

Por:   •  21/3/2021  •  Resenha  •  788 Palavras (4 Páginas)  •  270 Visualizações

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RESENHA EICHMANN EM JERUSALÉM E FILME “O LEITOR”[pic 1][pic 2]

Eduarda Ferreira dos Santos

Escola de Administração - Departamento de Ciências Administrativas

eduarda.santos@ufrgs.br

ARENDT, Hannah, Eichmann em Jerusalém, Um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 1999.

O livro Eichmann em Jerusalém traz a análise do julgamento de Adolf Eichmann em 1961. Eichamann era um funcionário de baixo escalão da SS que ajudava no planejamento, deportações e transportes dos judeus. Apesar do baixo escalão, Eichmann era um dos funcionários mais importantes do regime nazista por ser um dos responsáveis pelo planejamento da “solução final”, que seria a eliminação de toda a população judia da Alemanha.

Eichmann foi sequestrado na Argentina e levado a julgamento em Jerusalém. A forma com que realizam seu julgamento e mesmo sua sentença rápida e definitiva, negando quaisquer possibilidades de apelação, mostram que as ações de Jerusalém foram, de certa forma, muito mais pelo cunho vingativo e eleição de um mártir do que de justiça propriamente dita. A forma como a Alemanha encara esse processo também é interessante, realizando ações meramente protocolares e sem muito efeito, quase como se fosse conformada com a situação toda e entendendo que não tinha o direito de mostrar indignação, devido a todo estrago causado pelo país anteriormente, logo tomou ações que no final não tiveram efeito sobre o destino do personagem central.

Os relatos de Hannah Arendt, que acompanhou o caso de perto, nos mostram Eichmann como um sujeito comum, que explicitava não ter nenhum tipo de ódio pelas vítimas, tendo amigos judeus e até mesmo se envolvido em um caso com uma judia. Além disso, ele era conhecido como ótimo funcionário, responsável e que sempre executou suas tarefas com maestria. Isso de fato deixou muitas pessoas surpresas, pois deveriam esperar um ser humano monstruoso, repulsivo ou até ardiloso. O estado de “normalidade” de Eichmann chegou a ser atestado por psicólogos e psiquiatras que o examinaram.

Hanna Schmitz, do filme “O leitor”, e Eichamman nunca disparam sequer um tiro contra um judeu. Ambos eram muito bons em desempenhar suas funções sem questionar a moral dos atos. Provavelmente a maior indagação que surge em ambos os casos é: até que ponto uma pessoa que é responsável pela execução de um trabalho, que tem como objetivo o genocídio de várias pessoas, pode ser considerada inocente - ou culpada - da crueldade e da maldade intencional?

Talvez Hanna e Eichmamm fossem grandes vítimas da simploriedade que atinge grande parte da população. Talvez apenas vissem a oportunidade de crescer em uma profissão, sem ligar muito para o seu contexto ou causa final, assim como o pensamento comum de que o “mundo está assim”, “tenho que me virar como eu posso e buscar o sucesso”. Aquela história de ser indiferente com causas que não lhes competem ou atingem seu cotidiano. O mundo de ambos, naquele contexto, não os obrigava a lutar por algum direito “então por que eles se incomodariam com tal?” Essa simploriedade pode ser facilmente comparada, com o policial que entra na corporação e é treinado para matar negros, mesmo nunca tendo compactuado com o racismo. O menino que entra pro crime porque não vê horizonte melhor para sua vida ou o funcionário da indústria que fabrica produtos que afetam a saúde de milhares de pessoas, mas que nunca foi nenhum assassino sociopata, apenas era a possibilidade que o mesmo encontrou no meio social em que vivia.

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