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Resenha do filme “A Cidade é uma só?”

Por:   •  10/4/2016  •  Artigo  •  666 Palavras (3 Páginas)  •  2.729 Visualizações

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Resenha do filme “A Cidade é uma só?”.

Nome: Denise dos Santos Araújo  7ºB

Prof. Me.: Altimar Cypriano

O filme A Cidade é uma só, nos apresenta a criação da Ceilândia, mostrando o abismo entre as duas partes da cidade de Brasília. Em meados de 1970, os moradores de favelas surgidas nas cercanias do Plano Piloto do Distrito Federal, projetados por Lucio Costa, foram obrigados deixar suas casas. Operários da construção que estavam sem trabalho, famílias e pessoas que vieram nas grandes massas migratórias, em busca do eldorado tiveram seus barracos de madeira destruídos e foram expulsos de maneira abrupta. Receberam em troca moradias precárias quanto ao saneamento básico e infraestrutura. Surgiu então a Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que por sua vez expulsou cerca de oitenta mil pessoas e as colocou a mais de trinta quilômetros da Brasília projetada por Lúcio Costa. Esta área, que até então desabitada, ainda não tem uma infraestrutura adequada, e carrega no nome – Ceilândia, a terra da CEI – sua história.

As invasões representavam uma quebra nos padrões de habitabilidade, por isso a necessidade da transferência a fim de oferecer condições melhores para as pessoas das comunidades. Para a população carente que vivia em acampamentos e favelas no Plano Piloto, chamadas de ‘invasões,’ esta remoção significava a promessa de compra da casa própria, que mesmo localizadas em áreas distantes, teriam a mesma infraestrutura e princípios de planejamento moderno. Porém, o discurso democrático desapareceu quando se deparou à precariedade dos novos assentamentos e à violência na remoção das famílias faveladas em invasões no Plano Piloto.

Entre as personagens resgatadas por ele, esta Nancy é uma mulher que vivenciou o movimento migratório obrigatório na pele, vítima de uma ilusão de uma vida melhor. Ela foi também selecionada para ser um dos rostos dessa propaganda político-social do governo, cantando, juntos de outras crianças, o jingle que vendia uma nova vida pretensamente melhor. “Você que tem um bom lugar pra morar, nos dê a mão, ajude a construir nosso lar. Para que possamos dizer juntos ‘A cidade é uma só!’”. Por incontáveis vezes Nancy repete os versos da música durante seu percurso no filme, caminho que a leva de encontro a esse passado. Por incontáveis vezes Adirley ressalta a incoerência do ponto de exclamação em sua construção dramática. A cidade demarcada e segmentada, traçada com um “X” gigante nas portas de quem deveria obrigatoriamente seguir outro caminho, poderá ser uma só?

O filme se refere criticamente a um contexto no qual a ideologia do desenvolvimento e o discurso da que “oferece” às comunidades pobres uma vida mais “decente”, desde que bem longe dos que estão no poder, a retomada do passado permite confrontá-lo ao presente, explicando esse presente e mostrando como o poder estatal continua em vigor, agora em aliança com as forças do mercado e da especulação imobiliária.

O filme mostra o contraste entre os dois ambientes, de um lado o espontâneo e caótico e de outro o planejado e estéril, mas não consegue deixar de revelar o quanto um ambiente depende do outro, no sentido que são os dois lados de um mesmo acontecimento e que se juntam tanto na realidade quanto na ficção. O filme consegue mostrar que esta segregação não fez uma cidade acabada e sim no processo de fazer a segregação, se constrói a consciência que a destruirá.

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